DIA DO FUTEBOL

Religiosos se valem da prática do futebol para exercer a sadia convivência

Esporte contribui para o desenvolvimento de virtudes como fraternidade, coragem, justiça e lealdade, além de promover a convivência entre irmãos

Gabriel Fontana
Da Redação

Futebol contribui com promoção da sadia convivência / Foto: freepik

Nesta quarta-feira, 19, celebra-se uma das grandes paixões nacionais: o futebol. Presente em todo o país, milhões de brasileiros vibram ao assistir a seus times e jogam regularmente este esporte, o mais praticado no Brasil.

O dia 19 de julho foi escolhido para ser o Dia Nacional do Futebol por marcar o aniversário de fundação do clube mais antigo em atividade: o Sport Club Rio Grande, do Rio Grande do Sul, surgido em 1900. Há clubes mais antigos, mas que já não existem ou surgiram praticando outras modalidades (como o Flamengo, do Rio de Janeiro, criado em 1895, como uma associação de regatas, modalidade atualmente conhecida como remo).

Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2015, 15,3 milhões de brasileiros praticam futebol como sua principal modalidade esportiva. Além deles, ainda há muitas pessoas em todo o país que jogam bola, com as mais diversas regras e formatos, reafirmando o amor do brasileiro por este esporte.

Entre essas pessoas, estão padres, diáconos, seminaristas e religiosos. Eles também nutrem o gosto pelo futebol, apesar de nem sempre serem associados à prática esportiva. Na Comunidade Canção Nova, é comum que membros e amigos joguem juntos, colocando em prática um dos princípios deixados pelo seu pai fundador, o Monsenhor Jonas Abib, o da sadia convivência.

Esporte coletivo que favorece a partilha

Pe. Márcio Prado / Foto: Canção Nova

Na sede da comunidade, em Cachoeira Paulista (SP), padre Márcio Prado afirma que os padres, seminaristas e missionários costumam se reunir para jogar às segundas-feiras. Ele também diz que, quando jogam juntos, podem exercer a confraternização e a partilha por meio do esporte, além de outras virtudes.

“O futebol, além da confraternização, do espírito de equipe e partilha, exerce a virtude da bondade, a luta contra o egoísmo, o companheirismo, então ajuda muito no desenvolvimento do ser humano”, sublinha. Por se tratar de um esporte coletivo, a integração dos irmãos se faz necessária, e auxilia no desenvolvimento desses valores.

Outro religioso que costuma estar presente nas partidas é o padre Alex Freitas. Ele também frisa alguns benefícios que a prática esportiva traz, como a manutenção da saúde física e o desenvolvimento de outras virtudes. Entre elas, ele cita a justiça, a coragem e a humildade.

Pe. Alex Freitas / Foto: Arquivo pessoal

“São João Bosco gostava de ver as pessoas jogando futebol, porque ali ele as conhecia verdadeiramente. Você está ali, destravado, então se expõe, dá a sua cara a tapa. Para vencer, é preciso coragem, ousadia. Além disso, há a virtude da humildade, porque nem sempre você vai ganhar, nem sempre você será o melhor naquele jogo; às vezes, você erra, então é preciso humildade para reconhecer e também aprender”, declara.

Jogo limpo em campo e na vida

O sacerdote também toca em outro ponto pertinente ao esporte: o fair play, ou “jogo limpo”. O cumprimento das regras do jogo e o respeito ao adversário são fundamentais para o desenrolar adequado das partidas, e, segundo o padre Alex, isso deve prevalecer. “Você está ali pelo que vai viver junto com os outros, não para destruir o outro, trapacear. Esse não é o caminho”, relembra.

Tendo isto em mente, a fraternidade e outras virtudes conseguem se desenvolver, e ajudam na melhor vivência do futebol e com os irmãos. Neste sentido, o religioso também aborda o princípio de viver reconciliado. “Às vezes, esquenta o sangue, mas isso ainda não está acima do irmão, do próximo. É bonito ver que, quando termina o jogo, a pessoa vai e pede desculpas”, expressa o padre.

O futebol como arte

Ângelo Germano / Foto: Arquivo pessoal

Para o seminarista do 2º ano de Teologia, Ângelo Germano, todos esses aspectos configuram uma espécie de arte. “Eu considero o futebol uma arte: arte de jogar e arte de conviver”, ressalta, enquanto também destaca que a convivência passa diretamente pelo trabalho em equipe, essencial em todos os aspectos.

Dentro da Comunidade Canção Nova, costuma-se dizer que “ninguém é bom sozinho”. Ângelo lembra desta máxima, traçando um paralelo entre o jogo e a vida. “Ninguém ganha jogando sozinho. No futebol, a gente aprende a se entrosar, trabalhar e jogar em equipe. Ainda mais no contexto do cristianismo, porque ninguém é cristão sozinho, nós somos cristãos em corpo”, declara.

Da mesma forma, jogar bola, segundo o seminarista, o ajuda diretamente na sua formação enquanto futuro padre. “Jogar futebol revela o homem de Deus que está crescendo na formação e na conversão. Evito as entradas mais fortes, para evitar machucar meu irmão; aparto nos momentos de maior tensão, porque, no meu coração, já está sendo configurado um sacerdote”, manifesta.

Assim, todos experimentam juntos um mesmo sentimento: a alegria de serem irmãos e poderem estar juntos, unidos por um gosto comum. “No futebol, eu consigo estar com as pessoas, e isso me traz a alegria de conviver”, finaliza Ângelo.

Religiosos, missionários da Comunidade Canção Nova e amigos jogam futebol juntos / Foto: Arquivo pessoal

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