JORNADA APOSTÓLICA

"Uma grande felicidade", afirma cardeal húngaro sobre viagem do Papa

Em uma entrevista concedida ao Vatican News, o Cardeal Péter Erdő, arcebispo de Esztergom-Budapeste, fala sobre a felicidade a respeito da viagem do Santo Padre, em abril

Da redação, com Vatican News

Cardeal Peter Erdo / Foto: Reprodução Youtube

O cardeal Peter Erdo diz que a viagem apostólica do Papa Francisco à Hungria será uma grande alegria para a nação. Em entrevista ao Vatican News, o arcebispo de Esztergom-Budapeste, Primaz da Hungria, expressou sua alegria pela próxima viagem do Santo Padre ao país do Leste Europeu de 28 a 30 de abril, marcando a 41ª Viagem Apostólica do Papa ao exterior.

Nesta segunda-feira, 27, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, anunciou que o Santo Padre faria a visita após ter aceitado o convite das autoridades civis e eclesiais para visitar o país.

Na entrevista, o cardeal Erdo dá sua reação pessoal e suas expectativas em relação à viagem papal, também porque ela ocorre no contexto da guerra na Ucrânia.

Ele também expressa por que o retorno do Papa Francisco ao território húngaro é significativo e lança luz sobre o próprio programa, incluindo o planejado encontro do Santo Padre com as crianças.

Durante a sua viagem de três dias, Francisco visitará refugiados e os pobres, bem como as crianças do Instituto Beato László Batthyány-Strattmann.

Mais da metade dos húngaros são cristãos e pelo menos 37% da população se identifica como católica. Desde o início da guerra na Ucrânia, quase 1 milhão de cidadãos ucranianos viajaram pela Hungria como refugiados, segundo fontes locais.

O Santo Padre fez uma breve parada na capital do país, Budapeste, para celebrar a missa de encerramento do 52º Congresso Eucarístico Internacional, em 12 de setembro de 2021, a caminho da Eslováquia.

O Papa Francisco também mostrou sua proximidade com os fiéis húngaros durante sua visita à Romênia, quando celebrou a missa no popular local de peregrinação húngara de Csíksomlyó (Șumuleu Ciuc), na região da Transilvânia romena. A Transilvânia já fez parte da Hungria, mas tornou-se território romeno em 1920. Os húngaros étnicos na Romênia totalizam mais de um milhão de pessoas.

Vatican News — Cardeal, quais são suas expectativas para esta jornada do Papa Francisco à Hungria?
Cardeal Erdő — Com grande alegria recebemos a notícia da visita do Santo Padre à Hungria. Nós o convidamos como igreja húngara, como igreja de Budapeste, e queríamos recebê-lo para uma visita pastoral. Da última vez, quando visitou nossa cidade para participar da Missa de encerramento do Congresso Eucarístico Internacional (setembro de 2021, ed.), foi uma visita relâmpago. Ao contrário, uma visita pastoral, um encontro com a comunidade dos fiéis, era algo desejado há muitos anos. Então, é uma alegria imensa.

Vatican News — Como o senhor mencionou, não é a primeira vez que o Santo Padre vai à Hungria. Por que seu retorno ao país é importante agora?
Cardeal Erdő — Precisamente pelo próprio fato de um encontro com os fiéis húngaros. O evento de 2021 foi um evento internacional: estiveram presentes peregrinos, bispos, sacerdotes, fiéis de 83 países. Desta vez, porém, Francisco dirige-se aos húngaros, ao nosso povo, à nossa Igreja local. Isso nos dá grande honra e alegria.

Vatican News — No pano de fundo desta viagem, há a guerra na Ucrânia. Como essa realidade será importante durante a viagem? Sabemos que a Hungria ajudou tantos refugiados ucranianos durante esse período de invasão.
Cardeal Erdő — A notícia da guerra que estourou há um ano e durou todo este ano significa muita tristeza para nós. Tristeza pelo próprio fato da guerra, porque rezamos pela paz todos os dias durante um ano, mesmo em diferentes comunidades. Também realizamos regularmente procissões pela paz e consagramos a Ucrânia e a Rússia a Nossa Senhora, como o Santo Padre nos convidou a fazer. Fizemos este ato na Basílica de Santo Estêvão diante da sua relíquia, porque há mil anos, Santo Estêvão foi o primeiro que, segundo a história, ofereceu o país inteiro a Nossa Senhora. E assim, sentimos uma proximidade espiritual dos dois povos. E o que faremos? Em primeiro lugar, temos que enfrentar o grande desafio dos refugiados. Somos um país com menos de dez milhões de habitantes e, no ano passado, mais de um milhão e meio de refugiados chegaram da Ucrânia. Certamente nem todos queriam ficar na Hungria, mas 10-15% deles ficaram. Portanto, o primeiro desafio foi a ajuda humanitária. Recebemos os refugiados tanto na fronteira como em Budapeste, pela Caritas nacional, da Caritas diocesana e dos grupos de caridade de cada paróquia. Depois houve os Cavaleiros de Malta, que tanto fizeram por quem chegou.

Vatican News — E os fiés se envolveram nesta assistência?
Cardeal Erdő — Depois tivemos que organizar a ajuda espontânea oferecida pelos fiéis, a hospitalidade de algumas paróquias e instituições eclesiais, assim como de particulares. Vimos também que havia muitas mulheres e crianças que precisavam de escolas, de ensino. Percebemos que poderíamos organizar isso nas escolas católicas. Havia professores que sabiam russo, outros entre os refugiados que falavam ucraniano. E assim procuramos organizar o ensino de acordo com a idade dos grupos de crianças. Também havia refugiados de língua húngara da área fronteiriça com a Hungria, então a integração foi mais fácil para eles. Mas também procuramos integrar os outros, oferecendo-lhes um emprego, um apartamento que possam usar por mais tempo. Então, acho que é um desafio que continua muito grande, mas que nos ajuda a nos tornarmos conscientes da nossa vocação cristã.

Vatican News — Olhando para o programa divulgado pela Sala de Imprensa da Santa Sé, vê-se um encontro com crianças. O senhor pode nos contar mais?
Cardeal Erdő — Há várias décadas existe em Budapeste um instituto eclesiástico que acolhe crianças com deficiência visual e outras. Por isso, precisam de muito carinho e ajuda de toda a comunidade católica. Este instituto será visitado em abril pelo Papa, que sempre mostra solidariedade e ternura para com essas crianças.

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