Falando aos peregrinos à Praça São Pedro durante a Festa da Sagrada Família de Nazaré, o Santo Padre nos convida a recordar as raízes da família e que a cada dia aprendemos a ser uma
Da redação, com Vatican News
Antes de liderar a recitação do Angelus do meio-dia na Festa da Sagrada Família de Nazaré, o Papa Francisco refletiu sobre como Deus escolheu uma família humilde e simples para estar em nosso meio. Ele citou duas dimensões concretas dessa realidade que podem dizer respeito às nossas próprias famílias.
Nossas raízes em torno da família
O primeiro aspecto diz respeito a como a família é a história na qual nossa própria vida se origina e tem raízes, explicou o Papa, ilustrando como o Evangelho de hoje nos lembra que Jesus é também filho de uma história de família. O episódio recontado fala sobre quando Jesus, Maria e José viajaram a Jerusalém para a Páscoa, e o perderam ao voltar para casa, apenas para encontrá-lo após três dias de buscas ansiosas. O Papa descreveu este episódio como um exemplo comovente da realidade concreta em que Jesus viveu, rodeado pelo afeto familiar em que nasceu e cresceu sob o cuidado amoroso de seus pais.
Seria útil para nós também recordar o contexto em que nos originamos, acrescentou o Papa, lembrando que quem somos hoje provém primordialmente “do amor que recebemos”, não de quanto tivemos ou de nossas famílias tiveram problemas. ou não. Em qualquer caso, observou ele, precisamos reconhecer nossa história, nossas raízes, mas se as rejeitarmos, “a vida seca”. “Deus pensa em nós e nos quer juntos”, e devemos orar por nossas famílias para que possamos ser “gratos, unidos, capazes de preservar nossas raízes”.
Aprendendo a ser uma família, dia a dia
O segundo aspecto descrito pelo Papa diz respeito à necessidade de abertura, dia a dia, para aprender a ser família, pois a cada dia novos desafios e oportunidades exigem flexibilidade e criatividade. Ele ressaltou como até a Sagrada Família enfrentou problemas inesperados, ansiedade e sofrimento, e que “a Sagrada Família nas cartas sagradas não existe”. O episódio do Evangelho de hoje, quando Maria e José finalmente encontram Jesus com os professores no Templo, e Jesus responde que ele deve cuidar dos negócios de seu Pai, não foi algo claro para eles na época, explicou o Papa. E também conosco, observou, devemos aprender a ouvir, caminhar juntos e administrar os desafios que enfrentamos, disse o Papa, chamando-o de um “desafio diário” que exige uma boa atitude, ações simples e cuidado amoroso.
Antes do “eu” vem o “você”
Vendo como esse caminhar juntos pode ser feito em nossas próprias famílias, o Papa sugeriu que para proteger a harmonia na família precisamos tomar consciência da “ditadura do ‘eu'”, quando em vez de ouvirmos uns aos outros, apenas ouvimos. e passar a culpa pelos erros aos outros Ele alertou que podemos ter a tendência de nos fixarmos apenas em nossos próprios sentimentos e necessidades, mesmo nos isolando com o celular, quando o diálogo é necessário.
O Papa repetiu um conselho que deu no passado, dizendo que à noite, quando o dia acaba, devemos sempre “fazer as pazes”, nunca dormir sem ter feito as pazes. Os conflitos dentro da família podem agravar-se sem isso, alertou, acabando mesmo em violência física e moral que fere a harmonia e pode desagregar famílias. Ele recomendou que nos concentremos menos no “eu” e mais no “você”, não apenas em nós mesmos, e sempre “oremos um pouco juntos para pedir a Deus o dom da paz”. Ele exortou os pais, filhos, Igreja e sociedade a renovar seu compromisso “para sustentar, defender e salvaguardar a família”. pedindo à Mãe Santíssima, esposa de José e mãe de Jesus, que “proteja nossas famílias”.