Catequese

São José ensina a passar da paixão romântica ao amor maduro, diz Papa

Catequese desta quarta-feira, 1°, foi dedicada de modo especial aos casais cristãos

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante Catequese desta quarta-feira, 1°/Foto: REUTERS/Yara Nardi

“José, homem justo e esposo de Maria”. Este foi o tema da terceira catequese que o Papa dedicou ao pai de Jesus. Na Audiência Geral, realizada nesta quarta-feira, 1°, na Sala Paulo VI, a intenção de Francisco foi oferecer uma mensagem a todos os namorados e noivos.

Para compreender o comportamento de José em relação a Maria, explicou o Papa, é útil recordar os costumes matrimoniais da época em Israel. O matrimônio compreendia duas fases. Na primeira, a noiva continuava a viver na casa paterna, mas de fato era já considerada “a esposa” do noivo. Um ano depois, tinha lugar a segunda fase, em que ela deixava a casa paterna e ia coabitar com o marido. Foi durante a primeira fase que se notou que Maria estava grávida; a Lei do tempo dava ao noivo a possibilidade de a acusar publicamente de adultério.

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Segundo o Evangelho, José era “justo” precisamente porque se submetia à Lei, mas, dentro dele, o amor por Maria e a confiança que tinha nela sugerem-lhe uma forma de salvar as duas dimensões: entregar a ata de repúdio em segredo, sem expô-la à humilhação pública. “Quanta santidade em José!”, acrescentou o Papa. “Nós, quando ficamos sabendo de algo ruim sobre outra pessoa, logo vamos fofocar. José quieto. Quieto.” E enquanto decidia, interveio a voz de Deus para revelar um significado muito maior do que a própria justiça de José: “não temas receber Maria, pois o que Ela concebeu é obra do Espírito Santo”.

Da paixão ao verdadeiro amor

Por trás de acontecimentos que parecem dramáticos, disse ainda o Papa, esconde-se uma Providência que, com o tempo, toma forma e ilumina de significado inclusive a dor. “A tentação é nos fechar naquela dor. E isto não faz bem. Isto nos leva à tristeza e à amargura. O coração amargo é tão ruim”, disse ainda o Santo Padre.

Provavelmente, Maria e José tinham sonhos diferentes para suas vidas, mas tiveram que lidar com um fato inesperado. Por isso, afirmou Francisco, “com frequência a nossa vida não é como imaginamos”. Sobretudo nos relacionamentos de amor, de afeto, há dificuldade em passar da lógica da paixão àquela do amor maduro. “Vocês, recém-casados, pensem bem nisto”, advertiu.

O encanto pode não corresponder à realidade dos fatos. Mas justamente quando a paixão parece acabar, tem início o amor verdadeiro. Amar não é pretender que o outro corresponda à nossa imaginação, mas escolher em plena liberdade as responsabilidades que a vida apresentar. “Com todos os riscos”, acrescentou o Pontífice, revelando o que, para ele, é o trecho mais “demoníaco” do Evangelho. Ou seja, quando os doutores da Lei, em João, falam com desprezo da origem de Jesus.

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Portanto, os noivos cristãos são chamados a testemunhar um amor assim, que tenha a coragem de passar da lógica da paixão a um amor maduro. Segundo o Pontífice, esta é uma escolha exigente, que, ao invés de aprisionar a vida, pode fortificar o amor para que seja duradouro diante das provações do tempo.

A briga entre casais “existe desde os tempos de Adão e Eva”, recordou Francisco. E repetiu alguns conselhos, como jamais encerrar o dia brigado com o parceiro, “pois a guerra fria do dia seguinte é muito perigosa”. É suficiente um gesto para fazer as pazes, disse o Papa, tocando o seu próprio rosto.

Oração dedicada a São José

Como nas catequeses precedentes, o Papa então concluiu com mais uma oração:

“São José, Giuseppe,
tu que amastes Maria com liberdade,
e escolhestes renunciar ao teu imaginário para dar espaço à realidade,
ajuda cada um de nós a deixar-nos surpreender por Deus
e a acolher a vida não como um imprevisto do qual se defender,
mas como um mistério que esconde o segredo da verdadeira alegria.
Obtém a todos os noivos cristãos a alegria e a radicalidade,
mantendo, porém, sempre a consciência
de que somente a misericórdia e o perdão tornam possível o amor. Amém”.

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