Papa discursou hoje a participantes de uma conferência internacional que discute a erradicação do trabalho infantil
Da Redação, com Boletim da Santa Sé
Uma palavra de encorajamento na luta contra o trabalho infantil. Assim foi o discurso do Papa Francisco aos participantes da Conferência Internacional “Erradicar o trabalho infantil, construir um futuro melhor”. O evento on-line acontece na tarde desta sexta-feira, 19, e os participantes foram recebidos pelo Papa nesta manhã.
“A chaga do trabalho infantil, sobre o qual vocês hoje se encontram refletindo juntos, é de particular importância para o presente e o futuro da nossa humanidade. O modo como nos relacionamos com as crianças, a medida em que respeitamos sua dignidade humana inata e seus direitos fundamentais, expressa que tipo de adultos somos e queremos ser, e que tipo de sociedade queremos construir”, disse o Papa.
Francisco ponderou que o trabalho infantil coloca em risco a saúde das crianças e seu bem-estar psico-físico. Além disso, priva as crianças do seu direito à educação e a viver uma infância com alegria e serenidade. E a pandemia agravou essa situação.
Diferença de trabalho infantil e ajuda nas tarefas domésticas
Em um ponto do discurso, Francisco lembrou que o trabalho infantil não deve ser confundido com as pequenas tarefas domésticas. Trata-se, nesses casos, de tarefas que as crianças, em seu tempo livre e de acordo com sua idade, podem realizar no âmbito da vida familiar, para ajudar os pais, irmãos e avós ou outros membros da comunidade.
“Estas atividades são geralmente benéficas para o desenvolvimento delas, pois permitem que elas testem suas habilidades e cresçam em consciência e responsabilidade”, disse. E definiu que o trabalho infantil é totalmente diferente:
“É a exploração das crianças nos processos de produção da economia globalizada para o lucro e ganho de outros. É a negação do direito das crianças à saúde, à educação e ao crescimento harmonioso, incluindo a possibilidade de brincar e sonhar. Isso é trágico. Uma criança que não pode sonhar, que não pode brincar, não pode crescer. É roubar das crianças o seu futuro e, portanto, da própria humanidade. É uma violação da dignidade humana.”
Combater as causas
O Pontífice pontuou que a pobreza extrema, a falta de trabalho e o consequente desespero nas famílias são os fatores que acabam submetendo as crianças à exploração laboral. Para combater, então, essa prática, é preciso um trabalho conjunto para acabar com a pobreza e corrigir as distorções do sistema econômico atual, que concentra a riqueza nas mãos de poucos.
“Devemos encorajar os Estados e os atores do mundo empresarial a criar oportunidades de trabalho decente com salários justos que permitam às famílias satisfazer suas necessidades sem que seus filhos sejam forçados a trabalhar.”
Francisco também exortou a esforços conjuntos em prol da educação de qualidade e gratuita para todos, bem como um sistema de saúde acessível. “Todos os atores sociais são chamados a combater o trabalho infantil e as causas que o determinam.”
Para o Papa, essa conferência internacional já é um sinal de grande esperança. Ele exortou o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que promove o evento, a seguir com esse trabalho de estímulo. E aos participantes, expressou seu reconhecimento.
“Tenhamos sempre presentes as palavras de Jesus no Evangelho: “Tudo aquilo que fizestes a um só destes pequeninos, a mim o fizestes” (Mt 25,40)”.