O arcebispo Paul Coakley expressa a dedicação da Igreja Católica nos Estados Unidos em se opor à pena de morte
Da redação, com Vatican News
O governo federal dos Estados Unidos realizou cinco execuções até o momento neste ano. Duas delas foram levadas a cabo na semana passada, e outras duas serão postas em prática até o fim de setembro. Em resposta, a Conferência Católica dos Bispos dos Estados Unidos (USCCB) expressou a oposição da Igreja à pena de morte. O arcebispo Paul Coakley, da cidade de Oklahoma e responsável pela Comissão de Justiça Interna e Desenvolvimento Humano da USCCB, expressou a oposição da Igreja com relação à pena de morte.
“Obviamente, temos nos oposto a isso e temos trabalhado arduamente durante anos para combater não apenas o uso da pena de morte pelo governo federal, mas também pelo governo estadual”, disse o religioso.
O pensamento da Igreja acerca deste assunto se desenvolveu ao longo das últimas duas décadas, observou o arcebispo Coakley, “tornando cada vez mais claro que a pena de morte, como diz o Papa Francisco, é inadmissível nos dias de hoje”.
O religioso disse ainda que esta postura reside na “dignidade inviolável da pessoa humana, que [a pena capital] não protege ou preserva de forma alguma”.
Advocacia e educação estão entre as ferramentas que os bispos empregam para ajudar os católicos a entenderem os ensinamentos da Igreja sobre o uso da pena de morte.
Lenientes com o crime?
O arcebispo Coakley nega as acusações de que a postura da Igreja minimiza o clamor por justiça.
“Não é que sejamos ‘brandos com o crime’, mas somos muito firmes na dignidade da pessoa humana”, disse ele. “Mesmo uma pessoa que pecou terrivelmente ou cometeu crimes terríveis e hediondos não perde e não pode perder sua dignidade humana.”
Nossa dignidade inerente, ele acrescentou, vem em virtude do fato de que “todos nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus e todos nós fomos redimidos por Cristo”.
“Enquanto respiramos, existe a possibilidade de arrependimento e conversão”.
Direito das vítimas
O arcebispo Coakley destacou que a Igreja também defende os direitos das vítimas e procura consolá-las.
“Estamos muito comprometidos com os direitos das vítimas de crimes”, afirmou. “A Igreja não acredita que a execução de um criminoso seja uma forma de trazer a cura, a reconciliação e a paz que as vítimas sofreram e precisam”, reiterou.
Apelo à misericórdia de Deus
Uma passagem bíblica acerca do assunto a que o arcebispo Coakley frequentemente se refere é a resposta de Jesus aos fariseus quando trazem a Ele uma mulher surpreendida em adultério (Jo 7,53;8-11).
De acordo com a Lei de Moisés, a mulher deveria ter sido apedrejada até a morte, mas Jesus respondeu: “Aquele entre vocês que não tem pecado seja o primeiro a atirar uma pedra nela”. “Jesus não mitiga a gravidade da ofensa da mulher”, explica o arcebispo. “Mas Ele apela por misericórdia.”
Dom Coakley disse que oferece esta resposta àqueles que estão lutando para entender o ensinamento da Igreja sobre a pena de morte. “Não negamos o mal posto em prática”, disse ele, “mas apelamos à misericórdia de Deus. Esperamos receber a misericórdia de Deus”.