Declaração

Racismo é um perigo real no país, alertam bispos dos Estados Unidos

O racismo “é um perigo real e atual que deve ser enfrentado”, afirmam os bispos, que pedem por protestos pacíficos nos EUA; organização católica Pax Christi emitiu comunicado condenando o racismo no país

Da redação, com Vatican News e ANSA

Em Berlim, na Alemanha, manifestação é realizada perto da embaixada americana em Pariser Platz/ Foto: Omer Messinger – Reuters

“Dor, desgosto e indignação por mais um vídeo que mostra um afro-americano morto diante de nossos olhos.” Enquanto crescem os protestos nos Estados Unidos após o homicídio de George Floyd, em Minneapolis, pelas mãos de um policial, os bispos se somam à firme condenação por mais um caso de violência policial contra afro-americanos.

Em uma declaração assinada pelos presidentes de sete Comissões da Conferência Episcopal (USCCB), é expressa solidariedade com as comunidades negras do país “compreensivelmente indignadas” e pedida uma investigação que faça justiça à vítima, e que os protestos sejam pacíficos.

“Não podemos fechar os olhos diante dessa atrocidade, mas sim professar respeito por toda vida humana”, afirma a USCCB, enfatizando que o racismo no país “não é coisa do passado ou simplesmente uma questão política “usa e joga fora” quando convém. É um perigo real e atual que deve ser enfrentado”.

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Diante desse flagelo, “a indiferença não é uma opção”, acrescenta a declaração recordando a firme condenação do racismo e da xenofobia reiterada na Carta Pastoral de 2018 “Open wide our hearts: the enduring call to love. A letter against racism”. Os bispos, portanto, unem-se às orações do arcebispo de St. Paul e Minneapolis, Dom Bernard A. Hebda, por George Floyd e todos aqueles que perderam suas vidas em circunstâncias semelhantes e “pela paz em todos os Estados Unidos, em particular, em Minnesota”.

A USCCB pede então aos bispos que apoiem na fé aqueles fiéis que sofrem, porque são privados de seus direitos e de escutá-los para que sejam encontrados caminhos concretos para uma mudança sistêmica que permita a necessária transformação da sociedade estadunidense “contra o mal do racismo”. Por fim, em vista do Pentecostes, foi um realizado um convite a todos os católicos para rezarem ao Espírito Santo e trabalhar “para que o Espírito da Verdade toque todos os corações” no país e “para a cura” de uma sociedade despedaçada. 

Pax Christi EUA: desmantelar o racismo em todas as suas formas

A organização internacional de tradições católicas pela paz, a Pax Christi («A paz de Cristo», em latim) também posicionou-se contra o racismo. “Pax Christi EUA está indignada e com o coração partido pelos assassinatos de George Floyd, Ahmaud Arbery e tantos outros, o que demonstra total desprezo pela vida e pela dignidade do povo negro em nossa nação”, é o que afirma a declaração da organização. 

O comunicado deseja expressar “solidariedade com os irmãos Minneapolis que protestam contra a supremacia branca com suas vozes e corpos” e reafirma o compromisso da Pax Christi EUA “de trabalhar para desmantelar o racismo sistêmico em todas as suas formas”.

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“A morte de George Floyd e a morte de tantas pessoas de cor ano após ano nos mostrou que a vida dos negros não importa no país. A tarefa da Igreja, portanto, deve ser a de estar na linha de frente para mudar essa realidade e afirmar que a vida deles é importante. Como católicos, não é suficiente limitar-se a palavras, pensamentos e orações. A Igreja deve falar de forma corajosa e inequívoca em todos os níveis contra o pecado do racismo, presente todos os aspectos da vida nos Estados Unidos, e contra o flagelo da brutalidade policial.”

Como são necessárias medidas concretas para derrotar o racismo e construir uma sociedade antirracista, “incluindo combater a cultura policial, que apoia a supremacia branca e trabalhar para desmantelá-la”, a Pax Christi EUA encoraja seus membros a apoiar os movimentos das pessoas de cor, a serem seus aliados, pois aqueles que buscam manter seu poder dependem do silêncio dos brancos e de sua separação dos movimentos pela justiça. O comunicado também os convida a levar a vocação de Pax Christi EUA à paz e seu compromisso com a não-violência do Evangelho para enfrentar todas as formas de racismo.

“Somos chamados, conclui a declaração, a encontrar o Jesus que ainda está aqui, crucificado entre nós, a estar aos pés daquela Cruz e a chorar. Chorar por George Floyd e transformar aquele luto na ação necessária para curar nosso mundo e desmantelar o racismo que sustenta uma cultura de morte”. 

Protestos chegam à Europa

Diversas cidades do mundo estão registrando protestos neste fim de semana contra o racismo após a morte de George Floyd. Os grupos de manifestantes foram às ruas nas capitais da Alemanha e Reino Unido, além de Toronto, no Canadá. Em Berlim, milhares de pessoas protestaram em frente à embaixada americana, enquanto que, em Londres, os grupos gritavam “Justiça por George Floyd”. Já nos EUA, foi registrada a quinta noite seguida de atos desde o dia da ação policial na segunda-feira, 25.

Apesar do toque de recolher ser decretado em cerca de 25 cidades em 16 estados, os protestos antirracistas estão se espalhando para grandes municípios do país, como Nova York, Seattle, Los Angeles, Chicago, Cleveland, Dallas, Atlanta entre outras.

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