Homilia

Papa: rejeitar a gratuidade do Senhor é o pecado de todos nós

“O que eu prefiro? Aceitar sempre o convite do Senhor ou fechar-me em minhas pequenezas?”, questiona o Papa na homilia de hoje 

Da Redação, com Vatican News 

Papa Francisco em celebração eucarística na capela da Casa Santa Marta / Foto: Vatican Media

O Papa Francisco celebrou a missa na manhã desta terça-feira, 5, na capela da Casa Santa Marta. O Pontífice comentou o Evangelho de hoje, em que o evangelista Lucas narra o desejo de um homem de dar uma grande festa, mas os convidados, com várias desculpas, não aceitam o seu convite. Então, manda os servos convidar os pobres e os aleijados para encherem a casa e saborearem o banquete.

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Para Francisco, esta narração pode ser um resumo da história da salvação e também a descrição de inúmeros cristãos. Ele explica que “o jantar, a festa, é imagem do céu, da eternidade com o Senhor”. Em uma festa, afirmou, não se sabe quem estará lá, se conhecem pessoas novas, se encontram também pessoas que não gostaria de encontrar, mas o clima da festa é a alegria e a gratuidade. Porque uma verdadeira festa deve ser gratuita, disse o Papa. “E o nosso Deus nos convida sempre, não nos faz pagar o ingresso. Nas verdadeiras festas, não se paga a entrada: paga o dono, quem convida”.

Mas existem pessoas que, mesmo diante da gratuidade, colocam seus interesses em primeiro lugar. “Diante daquela gratuidade, daquela universalidade da festa, há aquela atitude que fecha o coração: ‘Eu não vou. Prefiro ficar sozinho, com as pessoas de quem eu gosto, fechado’. E isto é o pecado; o pecado do povo de Israel, o pecado de todos nós. O fechamento. ‘Não, para mim é mais importante isto do que aquilo. Não, o meu’. Sempre o meu”.

Esta rejeição, prosseguiu Francisco, é também desprezo por quem convida, é dizer ao Senhor: “Não me perturbe com a tua festa”. É fechar-se àquilo que o Senhor oferece: a alegria do encontro com Ele. 

“E no caminho da vida, muitas vezes estaremos diante desta escolha, desta opção: ou a gratuidade do Senhor, estar com Ele, se encontrar com o Senhor ou fechar-me nas minhas coisas, no meu interesse. Por isso, o Senhor, falando de um dos fechamentos, dizia que é muito difícil que um rico entre no reino dos céus. Mas existem ricos bons, santos, que não são apegados à riqueza. Mas a maioria é apegada à riqueza, fechados. E por isso não podem entender o que é a festa. Mas têm a certeza das coisas que podem tocar”.

O Santo Padre acrescentou que a reação do Senhor diante da recusa do homem é decisiva: Ele quer que todas as pessoas sejam chamadas à festa, conduzidas, mesmo forçadas, más e boas. “Todos estão convidados. Todos, ninguém pode dizer: ‘Eu sou mau, não posso…’. Não. O Senhor, porque você é mau, espera especialmente você”.

O Papa recordou a atitude do pai com o filho pródigo que retorna à casa: o filho tinha começado um discurso, mas ele não o deixa falar e o abraça. “O Senhor – disse – é assim. É a gratuidade”. Referindo-se então à Primeira Leitura, onde o apóstolo Paulo adverte contra a hipocrisia. O Papa Francisco afirma que, diante dos judeus que recusavam Jesus porque se acreditavam justos, o Senhor disse: “Mas eu vos digo que as prostitutas e os publicanos vos precederão no reino dos céus”. O Senhor, continua o Papa, ama os mais desprezados, mas chama todos e quando as pessoas se fecham, ele se afasta e se irrita, como mostra o Evangelho. 

“Pensemos nesta parábola que o Senhor nos dá hoje. Como vai a nossa vida? O que eu prefiro? Aceitar sempre o convite do Senhor ou fechar-me em minhas próprias coisas, em minhas pequenezas? Peçamos ao Senhor a graça de aceitar sempre ir à Sua festa, que é gratuita”.

 

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