“Às vezes, sabemos o que acontece na casa dos vizinhos, mas não sabemos o que acontece dentro de nós”, alertou Francisco em sua homilia
Da redação, com Vatican News
Peçamos ao Senhor a “luz” para “conhecer bem” o que acontece dentro de nós. Esta foi foi a invocação do Papa Francisco na missa desta sexta-feira, 25, na Casa Santa Marta. Refletindo sobre a Primeira Leitura, extraída da Carta de São Paulo aos Romanos, o Pontífice falou da luta interior e contínua do apóstolo Paulo “entre o desejo de fazer o bem e o de não ser capaz de realizá-lo”.
O Santo Padre afirmou que alguém poderia se perguntar: realizando o mal que não quer, São Paulo está no inferno e é um derrotado, ou é um santo, porque também os santos sentem esta guerra dentro de si mesmos? A situação é, para Francisco, “uma lei para todos”, “uma guerra de todos os dias”.
“É uma luta entre o bem e o mal; mas não um bem abstrato e um mal abstrato: entre o bem que o Espírito Santo nos inspira a fazer e o mal ao qual nos inspira a fazer o espírito maldoso. É uma luta. É uma luta de todos nós. Se alguém de nós dissesse: ‘Mas eu não sinto isso, eu sou um beato, vivo tranquilo, em paz, não sinto …’, eu diria: ‘Você não é beato: você é um anestesiado, que não entende o que acontece’”, frisou o Pontífice.
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Nesta luta cotidiana, acrescentou o Papa, é preciso vencer o espírito maldoso um dia de cada vez . O Santo Padre recordou também os mártires que tiveram que lutar até o fim para manter a fé, e os santos, como Teresinha do Menino Jesus, que teve a luta mais dura no momento final, no leito de sua morte, porque sentia que “o mau espírito” queria subtrai-la ao Senhor. “Existem momentos extraordinários de luta, mas também momentos ordinários, de todos os dias”, completou.
Francisco evocou o Evangelho de Lucas, em que Jesus diz às multidões e, ao mesmo tempo, a todos: “Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente?”. O Pontífice completou:
“Muitas vezes nós cristãos estamos atarefados em muitas coisas, inclusive boas; mas o que acontece dentro de você? Quem o inspira? Qual é a sua tendência espiritual? Quem o leva a fazer isso? A nossa vida habitualmente é como uma vida de rua: andamos pelas ruas da vida… quando caminhamos na rua, olhamos somente para aquilo que nos interessa; não vemos as outras coisas”.
Graça e pecado
A luta, explicou o Santo Padre, é sempre entre a graça e o pecado, entre o Senhor que quer salvar a humanidade e a tirar desta tentação e o espírito mau que sempre a derruba para vencer. O convite do Pontífice é para que os fiéis se perguntem: “[sou] uma pessoa de rua que vai e vem sem perceber o que acontece?”, “minhas decisões são do Senhor, ou são ditadas pelo egoísmo, pelo diabo?”.
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O Papa concluiu: “É importante conhecer o que acontece dentro de nós. É importante viver um pouco interiormente, e não deixar que a nossa alma seja uma rua onde todos passam. ‘E como se faz isso, Padre?’. Antes de terminar o dia, pegue dois ou três minutos: o que aconteceu hoje de importante dentro de mim? Sim, senti um pouco de ódio e falei mal; fiz aquela obra de caridade… Quem o ajudou a fazer essas coisas, sejam ruins ou boas? E nos fazer essas perguntas para conhecer o que acontece dentro de nós. Às vezes, com aquela alma faladora que todos temos, sabemos o que acontece no bairro, o que acontece na casa dos vizinhos, mas não sabemos o que acontece dentro de nós”.