Não há relação com Deus fora da gratuidade foi o afirmou o Papa Francisco durante homilia da missa desta terça-feira, 11, na Casa Santa Marta
Da redação, com Vatican News
Dê de graça o que você recebeu de Deus de graça, foi o que pediu o Papa Francisco durante a homilia da missa desta terça-feira, 11, na Casa Santa Marta, no Vaticano. O Santo Padre refletiu sobre a gratuidade de Deus e sobre a gratuidade com os outros por meio de testemunho ou serviço. O convite é: alargar o coração para que a graça venha. A graça, segundo o Pontífice, não se compra e deve servir o povo de Deus, não usá-lo.
A homilia do Papa parte da passagem do Evangelho (Mt 10,7-13) sobre a missão dos apóstolos, a missão de cada um dos cristãos. Um cristão não pode ficar parado, de acordo com Francisco, pois a vida cristã é abrir caminho. O Santo Padre recordou as palavras de Jesus no Evangelho: “No vosso caminho, proclamai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. Curai doentes, ressuscitai mortos, purificai leprosos, expulsai demônios. Esta é, portanto, a missão e se trata de uma vida de serviço”.
A vida cristã é para servir, afirmou o Pontífice. “É muito triste quando encontramos cristãos que, no início da sua conversão ou da sua consciência de serem cristãos, servem, estão abertos a servir, servem o povo de Deus, e depois acabam usando o povo de Deus. Isto faz tanto mal, tanto mal ao povo de Deus. A vocação é para ‘servir’, não para ‘usar’”, advertiu.
“Uma vida de gratuidade”, assim Francisco definiu a vida cristã. Ainda na passagem evangélica proposta pela Liturgia de hoje, o Papa ressalta que o Senhor vai ao coração da salvação: “De graça recebestes, de graça deveis dar”. A salvação não se compra, é dada gratuitamente, apontou o Santo Padre: “[Deus] nos salva gratuitamente, não nos faz pagar. E como Deus fez conosco, assim devemos fazer com os outros. (…) Precisamente esta gratuidade de Deus é uma das coisas mais belas”.
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“Saber que o Senhor é cheio de dons para nos dar. Somente, pede uma coisa: que o nosso coração se abra. Quando dizemos ‘Pai nosso’ e rezamos, abrimos o coração para que esta gratuidade venha. Não há relação com Deus fora da gratuidade. Às vezes, quando precisamos de algo espiritual ou de uma graça, dizemos: ‘Bem, agora vou jejuar, vou fazer uma penitência, vou fazer uma novena…’. Certo, mas tenham cuidado: isto não é para ‘pagar pela graça, para ‘adquirir’ graça; isto é para ampliar seu coração para que a graça possa vir. A graça é gratuita”, frisou o Pontífice.
Segundo o Papa, todos os bens de Deus são gratuitos o problema é que o coração humano, por vezes, se encolhe, se fecha e não é capaz de receber este amor gratuito. Não devemos negociar com Deus, alertou Francisco, que completou: “Com Deus não se negocia”.
O convite do Santo Padre para mais gestos gratuitos foi direcionado também aos sacerdotes e pastores da Igreja, O Pontífice pediu ao clero que não venda a graça. “Dói muito, quando há pastores que fazem negócios com a graça de Deus: ‘Eu faço isto, mas isto custa tanto, tanto…’. A graça do Senhor é gratuita e você deve dá-la gratuitamente”, reforçou.
“Na nossa vida espiritual temos sempre o perigo de escorregar no pagamento, sempre, mesmo falando com o Senhor, como se quiséssemos dar um suborno ao Senhor. Não! A coisa não vai por ali! Não vai por esse caminho. ‘Senhor, se me fizeres isto, eu dou-te isto,’ não. Eu faço essa promessa, mas isso alarga meu coração para receber o que está lá, gratuito para nós”, sublinhou Francisco,
O Pontífice concluiu: “Esta relação de gratuidade com Deus é a que nos ajudará depois a tê-la com os outros, seja no nosso testemunho cristão, seja no serviço cristão e na vida pastoral daqueles que são pastores do povo de Deus. No caminho. A vida cristã é caminhar. Pregar, servir, não ‘fazer uso de’. Sirvam e deem de graça o que receberam de graça. Que a nossa vida de santidade seja este ampliar o coração, para que a gratuidade de Deus, as graças de Deus que estão ali, gratuitas, que Ele quer nos dar, possam chegar ao nosso coração. Que assim seja”.