Francisco retomou as catequeses sobre a oração do “Pai-Nosso”, comentando a frase “assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”
Da redação, com Vatican News
Com a Praça São Pedro ainda enfeitada com as flores da Páscoa, o Papa Francisco se reuniu, nesta quarta-feira, 24, com milhares de fiéis e peregrinos para a Audiência Geral. O Pontífice retomou seu ciclo de catequeses sobre a oração do “Pai-Nosso”, comentando a frase “assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
O Santo Padre iniciou sua reflexão afirmando que quando alguém decide unir suas mãos e rezar, não deve existir espaço para a presunção. “Não existem na Igreja ‘self made man’, homens que se fizeram sozinhos. Somos devedores de Deus e de tantas pessoas que nos deram condições de vida favoráveis. A nossa identidade se constrói a partir do bem recebido, sendo, a vida, o primeiro deles”, observou.
“Quem reza, aprende a dizer ‘obrigado’, e nós esquecemos disso, somos egoístas”, continuou o Pontífice. Segundo Francisco, quem reza pede a Deus que seja benévolo com ele e, por mais que haja esforços, permanece sempre uma dívida diante de Deus que jamais pode ser restituída. “Ele nos ama infinitamente mais do que podemos amá-Lo. E, por mais que nos comprometamos a viver segundo os ensinamentos cristãos, sempre haverá algo para o qual pedir perdão”, frisou.
Todo cristão sabe que existe para ele o perdão dos pecados, nada no Evangelho faz pensar o contrário, sublinhou o Papa. Todavia, o Santo Padre alertou que a graça de Deus é abundante, mas também empenhativa: “Quem recebeu deve aprender a dar, e não prender para si o que recebeu. No Evangelho de Mateus, se dá destaque justamente a esta frase do perdão fraterno: ‘Se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; Se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai vos não perdoará as vossas ofensas’”.
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“Isso é forte. Ouvi algumas vezes pessoas dizerem que jamais perdoariam. Mas se você não perdoa, Deus não perdoará”, revelou o Pontífice. O Papa aproveitou a oportunidade e contou a experiência de um sacerdote que foi ministrar o último sacramento a uma idosa que não estava disposta a perdoar. Repetiu Francisco: “Se você não perdoar, Deus não perdoará”, além disso, incentivou os fiéis a refletirem: “Pensemos aqui se somos capazes de perdoar. Se não conseguir, peça ao Senhor que lhe dê a força”.
De acordo com o Pontífice, é neste trecho da oração do “Pai Nosso” que os fiéis reencontram a junção entre o amor por Deus e pelo próximo. “Amor chama amor, perdão chama perdão”, sublinhou. O Santo Padre seguiu citando a parábola da dívida do servo com o Rei: “Se você não se esforçar em perdoar, não será perdoado; se não se esforçar em amar, não será amado”. Francisco afirmou que Jesus insere nas relações humanas a força do perdão; e lembrou que, na vida, nem tudo se resolve com a justiça, sendo preciso amar além do devido, pois o mal conhece as suas vinganças e, se não for interrompido, corre o risco de se expandir, sufocando o mundo inteiro.
Jesus substitui a lei de talião pela lei do amor, revelou o Papa que completou: “Agora não é mais ‘o que fizer a mim, eu restituo a você’, mas ‘o que Deus fez a mim, eu faço a você’. Pensemos, nesta semana de Páscoa, tão bela, se eu estou disposto a perdoar e, se não me sinto capaz, pedir ao Senhor a graça de perdoar. Perdoar é uma graça”, convidou o Pontífice, que concluiu:
“Deus doa a cada cristão a graça de escrever uma história de bem na vida dos seus irmãos, especialmente daqueles que realizaram coisas ruins. Com uma palavra, um abraço e um sorriso podemos transmitir aos outros aquilo que recebemos de mais precioso: o perdão”.
Ao final da Audiência, o Papa saudou os jovens da Arquidiocese de Milão que, no dia anterior, haviam recebido terços da JMJ por parte do Pontífice, por ocasião do seu onomástico (23 de abril, festa de São Jorge). Na Praça também estava presente uma delegação do “Revezamento pela Esperança – Direção Papa Francisco”. Trata-se de uma maratona dedicada às crianças e jovens que sofrem de leucemia, tumores e doenças raras. O revezamento atravessou cinco regiões italianas, percorrendo 530 km de Pádua até a Praça São Pedro, no Vaticano. O último bastão foi entregue ao Papa por uma criança de quatro anos, que foi curada de uma grave forma de tumor.