Primeiro retiro musical de Carnaval foi idealizado pelo Monsenhor Jonas Abib e é parte da história dos 40 anos da Canção Nova
Julia Beck
Da redação
“Uma opção de evangelização para quem gosta de cantar, dançar e se animar”. Com essa frase o diácono da Canção Nova, Nelsinho Côrrea, definiu o surgimento, em 1980, do encontro de Carnaval chamado Rebanhão. Idealizado pelo fundador da Comunidade Canção Nova, Monsenhor Jonas Abib — na época ainda padre —, o evento teve sua primeira edição na cidade de Cruzeiro, interior de São Paulo, e foi, de acordo com o diácono, um escândalo devido à sua estrutura musical e grande público.
Segundo o diácono Nelsinho, o Rebanhão, além de uma novidade fantástica, é o pai e a mãe de todos os grandes eventos, já que inovou na forma estrutural dos retiros. “Hoje é comum os estádios lotados com shows católicos, mas nos anos 80 não havia nada disso. Então, o padre Jonas, quando começou o Rebanhão, atraiu duzentas pessoas, depois mil e foi enchendo, enchendo e enchendo”, contou.
A Canção Nova organizou cerca de dez Rebanhões na cidade de Cruzeiro, e após difundir o evento para o Estádio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, Monsenhor Jonas decidiu deixá-lo sob os cuidados da Renovação Carismática Católica (RCC). “Ele [Monsenhor Jonas] sentiu no coração que quando enchesse o estádio [do Maracanãzinho], estava na hora dele sair. Foram 10 anos. Ele [Monsenhor Jonas] inventou como se fazia e ensinou à RCC”, comentou o diácono.
Além de um evento que gerou grande acréscimo à RCC, o Rebanhão foi um evento que contribuiu para o crescimento e amadurecimento da Comunidade Canção Nova, que neste ano de 2018 completou 40 anos de história. “Um dos frutos maiores para a comunidade foi nos anos 80 a transmissão pela rádio do Rebanhão. Foi um sucesso, teve uma audiência fantástica na época. Então quando começou o Rebanhão, começaram as transmissões dos encontros e foi quando começamos a aprender a transmitir, a entrevistar as pessoas”, recordou o diácono Nelsinho.
Veja, na reportagem abaixo, mais detalhes sobre a história do carnaval na Canção Nova:
Mas não foi apenas na edificação estrutural e profissionalizante da Comunidade que o Rebanhão contribuiu. O evento foi também o ponto de partida para o despertar da vocação de muitos missionários da Canção Nova. “Estive pela primeira vez no Rebanhão em 1983, no ano da minha conversão. Nessa época o Rebanhão estava começando a ficar grande e era realizado ainda na cidade Cruzeiro. Todo mundo que se convertia na época, ouvia falar de Canção Nova”, lembrou o missionário da Comunidade Canção Nova, Dunga.
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“Esse encontro significou uma mudança radical na minha vida. Pelo Rebanhão em Cruzeiro, em 1983, que a minha vida deu uma virada completa, foi realmente a minha conversão, o meu grande momento de conversão, onde de maneira especial o diácono Nelsinho Côrrea e o padre Jonas realmente me evangelizaram. Foi um momento de conversão e de experiência com Deus muito profunda e que mudou completamente a minha vida”, enfatizou Dunga.
38 anos de história
Após a implantação e o apoio por dez anos ao Rebanhão na cidade de Cruzeiro, em 1994 a Canção Nova iniciou os acampamentos na Chácara Santa Cruz, na sede da Comunidade em Cachoeira Paulista, no interior de São Paulo. Assim como os acampamentos de Carnaval da Comunidade permanecem até os dias atuais, o Rebanhão da cidade de Cruzeiro também. “Fui lá várias vezes e é sempre um momento de muita saudade”, relembrou o diácono Nelsinho Côrrea.
Cruzeirense, Henrique Israel, músico de 32 anos, é um dos jovens que assim como o missionário da Canção Nova, Dunga, atribui ao Rebanhão a sua conversão. Segundo o jovem, foi em 2012, quando conectou-se com Deus, que tomou a decisão de dedicar seus dias de Carnaval para auxiliar na evangelização de outros jovens.
Segundo o diácono Nelsinho, após 38 anos de sua criação, o Rebanhão permanece com o mesmo formato. “Ele ainda é muito dinâmico com palestras, testemunho, música, oração, momentos de cura interior, de anúncio”, contou o diácono, que frisou a continuidade da participação de jovens da localidade neste encontro. “Nós vemos rapazes e moças lindas, que têm a opção de estar no mundão, mas que vêm para o Rebanhão por opção”, frisou.
Henrique faz parte da banda católica “Prevalescentes”, que auxilia há seis anos nas atividades do Rebanhão. “Sempre Deus vai abrindo as portas para que Ele use da gente como meio de evangelização. Primeira vida a ser transformada, primeira vida a ser tocada é a nossa e, a partir do meu dom e do meu sim, tenho certeza que muitas outras pessoas podem ser alcançadas pela graça de Deus”, afirmou o jovem músico.
A banda do cruzeirense tocou na abertura do encontro deste ano, 2018, que aconteceu no último sábado, 10, e também tocará na Missa de encerramento que acontecerá nesta terça-feira, 13.