João Paulo I teve suas virtudes heroicas reconhecidas pelo Papa Francisco, ato comemorado por familiares e fiéis
Júlia Beck
Da redação, com produção de Rodrigo Luiz
“Receber a notícia da proclamação de Dom Albino como venerável só foi a confirmação daquilo que eu sempre tive – ‘Dom Albino é um Santo’!”, foi o que afirmou a brasileira Iria Tancon, professora de 66 anos e prima do Papa João Paulo I, antes Dom Albino. O Papa eleito em 1978 teve suas virtudes heroicas reconhecidas pelo Papa Francisco, notícia divulgada nesta quinta-feira, 9.
Albino Luciani era o nome de batismo de João Paulo I e o modo com que Tancon se referia a ele. Seu pontificado foi um dos mais breves da história da Igreja Católica e ele ficou conhecido como um homem com muitas virtudes, admirado por familiares e fiéis.
“Dom Albino era uma pessoa humilde, certamente, mas um homem evangélico, um homem que vivia toda a integralidade, era muito justo, mas muito simples, uma pessoa assim de uma simplicidade extrema, mas, ao mesmo tempo, de convicções, de princípios, um homem que lutava pela verdade, pelos valores”, afirmou Tancon.
Iria participou do momento do anúncio do então Cardeal Albino Luciani como Papa da Igreja Católica e contou sobre a participação nas solenidades familiares do, na época, novo Pontífice. “Quando Dom Albino foi eleito, ele me levou, fez com que eu acompanhasse a família, que fosse realmente uma filha, então estive na audiência particular da família, estive na entronização no sagrado – também com a família —, então assim pude participar de perto”, contou.
Sobre a morte precoce do Papa, que esteve à frente da Igreja Católica por apenas 33 dias, Tancon afirmou não saber, na época, sobre a fragilidade da saúde de João Paulo I. Ela contou que recebeu a notícia da morte do Papa depois de retornar ao Brasil e contar aos familiares os momentos vividos no Vaticano.
“Eu não acreditei! Parecia uma coisa impossível, mas era a realidade. Nós realmente ficamos muito surpresos com uma morte precoce, com tão pouco tempo que ele tinha ficado lá. Mas não sei, no meu coração eu não via Dom Albino dentro do Vaticano, mas isso é algo muito particular, algo meu”, comentou.
Sobre o atual reconhecimento de Francisco pelas virtudes heroicas de seu primo, Tancon se mostra convicta sobre a santidade do antigo Papa. “Nunca tive dúvidas disso, de que ele era um santo”, disse, contando que, em 2012, foi erguido um monumento a Albino, uma igreja em Jaraguá do Sul (SC). “Claro que ela [igreja] não pode ser consagrada a ele porque ele ainda não foi canonizado, mas nós já temos essa veneração, (…) porque temos certeza que ele é santo!”, afirmou.
“Assim como ele ajudava todas as pessoas, lutava pelos irmãos e deu a vida pelos irmãos enquanto estava vivo, assim do céu ele continua a interceder por nós, então todos nós aqui estamos muito felizes pela comprovação, uma questão oficial, porque de coração nós sempre o consideramos santo!”, finalizou.