Especialista fala sobre a distância entre a formação universitária e o pragmatismo das empresas
André Prado*
Diversas empresas adotam que um candidato deve possuir pelo menos a graduação como requisito mínimo para participar de uma seleção de empregos. Outras vão além exigindo pós-graduação, conhecimento em línguas estrangeiras, novas tecnologias, certificações, cursos atuais, incluindo uma série de habilidades e competências a serem identificadas no processo seletivo.
Acontece que existe uma lacuna muito grande entre a maior parte das formações universitárias com o que é realmente praticado nas organizações. Desta forma, enquanto graduando, os alunos seguem os requisitos acadêmicos procurando tirar as médias que os conduzam até a formatura, e, somente depois de formados, após contratados farão esforços para se adequarem às práticas exigidas pelas empresas.
Várias empresas sabem disso, por isso, algumas alegam que as Instituições de Ensino Superior (IES) deveriam focar em um ensino mais pragmático. Em contrapartida, algumas destas IES procuram se adequar criando um currículo com disciplinas baseadas nas áreas das empresas conforme cada formação oferecida.
Leia mais
.: Todos os artigos sobre Empreendedorismo
Com isto, algumas instituições de ensino têm procurado criar mais laboratórios para ensino prático, obter estágios, ampliar as visitas técnicas que ocorrem durante a formação dos alunos. Embora isto contribua para a aprendizagem, nem sempre surte os resultados esperados.
Alunos que cursam a graduação trabalhando ou já trabalharam anteriormente, vão adquirindo ou já possuem certa vivência laboral. A experiência é algo desejado por muitas organizações no momento da contratação. Entretanto, realizar a graduação trabalhando consome o aluno fazendo com que não se dedique nem aos estudos e nem ao trabalho adequadamente.
Existem formações em tempo integral, mas poucos são os que tem recursos ou apoio para realizá-las, pois a maioria das pessoas têm de trabalhar para sobreviver e pagar as dívidas contraídas.
Raríssimos cursos possuem uma carga de aplicação prática mais duradoura. Os cursos de medicina, por exemplo, possuem uma fase de internato onde alunos passam a atuar em hospitais orientados por médicos formados. E caso os médicos ainda queiram se especializar, mais alguns anos serão acrescidos na formação. Está certo que isto não significa que todos os médicos serão bons profissionais, mas é inegável que o período de experiência prática pelo qual passam é maior do que em muitas profissões.
Qualidades esperadas
Existem uma série de atributos desejáveis quando uma organização realiza etapas para selecionar candidatos para atuarem em suas dependências. Estes podem variar de acordo com os perfis das vagas e os cargos a serem ocupados.
Em geral, iniciativa, espírito de liderança, capacidade para trabalho em equipe, engajamento, simplicidade, proatividade, agilidade para solucionar problemas, disposição para enfrentar riscos, boa comunicabilidade, entre outros, são qualidades desejáveis.
A iniciativa é um fator que nem todas a pessoas possuem. Existem empregados que ficam aguardando as ordens de seus superiores para a realização de tarefas. Lamentavelmente existem trabalhadores que só agem quando mandados.
Isto toma tempo do líder, pois ele perde tempo e vai se desgastando porque a toda hora tem de parar para pedir para o funcionário realizar tarefas simples que poderia resolver por iniciativa própria.
Com o tempo, o líder vai se desgastando por ter de ficar utilizando força de tarefa nas ações que colaboradores sem iniciativa têm de realizar. No entanto, também pode ocorrer o fato do empregado ter um chefe centralizador e não toma iniciativa por medo de represálias. Isto é lastimável.
O relacionamento interpessoal é muito importante para as organizações, pois o colaborador terá de se relacionar com seus pares, clientes, fornecedores e superiores. Embora o trabalho em equipe seja uma das palavras mais faladas nas organizações, não são todos os trabalhadores que sabem proceder de tal forma. Sempre existem alguns individualistas no meio, inclusive alguns que tentam roubar o mérito das ideias de outros para atribuírem a si mesmos.
Ser simples também é uma característica vista com bons olhos por muitas empresas, pois existem algumas pessoas que são extremamente vaidosas e egocêntricas. Indivíduos deste tipo colocam determinadas barreiras entre as pessoas por se acharem os seres supremos, onde ninguém mais pode ter razão além deles. A vaidade é um dos maiores males das organizações modernas. Por este motivo, é preciso que as empresas estejam atentas a tudo o que ocorre ao seu redor.