Para evitar danos à economia global, líderes europeus querem acelerar o Brexit votado na semana passada
Da redação, com Reuters
Líderes europeus pediram ao Reino Unido nesta terça-feira, 28, que aja rápido para resolver o caos político e econômico desencadeado pelo referendo de desfiliação da União Europeia, uma medida que o Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que pode pressionar o crescimento global.
Os mercados financeiros se recuperaram ligeiramente após o resultado da votação de quinta-feira, 23, que dilapidou as ações globais no valor recorde de 3 trilhões de dólares e fez a libra cair para seu nível mas baixo em 31 anos, mas os negócios ainda estão voláteis e os formuladores de políticas econômicas avisaram que adotarão todas as medidas necessárias para proteger suas economias.
O ministro britânico das Finanças, George Osborne, cuja tentativa de acalmar os mercados foi recebida com descrédito na segunda-feira, 27, disse que o país terá que cortar gastos e aumentar impostos para estabilizar a economia agora que uma terceira agência de classificação de risco rebaixou sua nota.
Algumas empresas anunciaram um congelamento nas contratações e possíveis cortes de vagas, abalando as esperanças do eleitorado de que a economia iria florescer fora da UE.
Os países europeus estão particularmente preocupados com o impacto da incerteza criada pela saída britânica sobre o restante do bloco, já que se tem pouca noção de quando, ou mesmo se, o Reino Unido irá declarar formalmente seu rompimento.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse ao Parlamento Europeu antes de se encontrar com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, em Bruxelas, que exortaria o premiê a esclarecer a posição de Londres o mais rápido possível.
Mas ele também disse não esperar que Cameron dê início ao processo de retirada de dois anos de duração “hoje ou amanhã de manhã”.
“Não podemos ficar envoltos em uma incerteza duradoura”, afirmou Juncker em um discurso, durante o qual indagou a parlamentares britânicos anti-UE o que ainda faziam no Parlamento Europeu.
Cameron, que prometeu renunciar assim que ficou claro que ele foi incapaz de persuadir sua nação a permanecer na UE no referendo que ele mesmo convocou, diz que deixará para seu sucessor anunciar a saída oficial do Reino Unido.
Atendo-se ao sonho de manter boas relações com outros países do continente, ele disse: “Tenho muita esperança de que iremos buscar o relacionamento mais próximo possível em termos de comércio e cooperação e defesa. Porque isso é bom para nós e é bom para eles”.
Os defensores da desfiliação do Reino Unido deixaram claro que esperam negociar um novo acordo com a Europa antes de desencadear o processo de saída formal. Líderes europeus, no entanto, disseram que essa não é uma opção.
“Sem notificação, sem negociação”, resumiu Juncker.