No Dia Mundial do Doador de Sangue, profissional da saúde incentiva doação. Mãe conta como seu bebê teve a vida salva por doador
Luciane Marins
Da Redação

Doação de sangue pode salvar vidas / Foto: Hemonúcleo de Taubaté (SP)
Nesta terça-feira, 14, é celebrado o Dia Mundial do Doador de Sangue. A data, instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS), quer chamar a atenção da população para esse gesto simples que pode salvar vidas. No Brasil, apenas 1,8% da população é doadora de sangue, número abaixo do recomendado pela OMS, que é de 3 a 5%.
“É um dia especial, com o objetivo de agradecer aos milhões de doadores voluntários pela generosidade em contribuir para salvar a vida de inúmeras pessoas”, afirma Sônia Maria Andrade, Assistente Social do Hemonúcleo de Taubaté (SP).
Ela explica que a Constituição Federal proíbe todo tipo de comercialização de sangue e que a doação deve ser “voluntária, anônima e altruísta”. O ideal é que as pessoas sejam conscientes do ato de doar como ajuda ao próximo.

Sônia Maria Andrade, Assistente Social do Hemonúcleo de Taubaté (SP) / Foto: Facebook do Hemonúcleo
Há 20 anos trabalhando nessa área, Sônia conta que já presenciou muitas histórias comoventes, principalmente quando se trata de pacientes com doenças crônicas, as quais, desde crianças, recebem transfusões e dependem constantemente da atitude de pessoas que doam seu sangue para o desenvolvimento do tratamento.
“Quando doador e paciente não desistem, são perseverantes, fazem belas histórias. É muito gratificante poder acompanhar esses casos.”
Condições para doar sangue
Antes da doação, a pessoa passa por uma triagem clínica para garantir a segurança do procedimento e o sangue coletado passa por testes.
Quem quer ser doador, mas não tem Hemonúcleo na sua cidade, deve se informar no serviço de saúde mais próximo. Em Taubaté, por exemplo, é possível doar em coletas externas, nos municípios do Vale Histórico e Litoral Norte. Um cronograma com as datas de coletas é divulgado aos municípios com um mês de antecedência.
De maneira geral, para doar sangue a pessoa precisa ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 50 Kg, não estar em jejum, apresentar documento oficial de identidade com foto e
estar bem de saúde.
Condições que impedem a doação
Alguns fatores impedem a doação por tempo determinado: 48 horas após receber vacina contra gripe; sete dias após terminarem os sintomas de gripe ou resfriado; duas semanas após o término do tratamento de infecções bacterianas; seis meses a um ano após cirurgia de médio ou grande porte.
Há outras situações em que a pessoa ficará definitivamente impossibilitada de doar sangue: hepatite após os 10 anos de idade; doenças transmissíveis pelo sangue, como hepatites B e C e Aids; doenças associadas aos vírus HTLV I e II; Doença de Chagas e uso de drogas ilícitas injetáveis.
“Infelizmente, quando não temos o problema, não vemos a importância desse ato”

Luana Gregol Zanon e José Henrique Zanon / Foto: Arquivo Pessoal
“Você, que é doador de sangue, é um herói. Sabe por quê? Porque pode salvar muitas vidas com esse gesto simples e sem grandes esforços.” Quem afirma é Luana Gregol Zanon, de 34 anos, mãe de José Henrique Zanon de 1 ano e 7 meses.
O pequeno José Henrique nasceu prematuro, com 28 semanas. Com apenas três dias de vida, precisou da primeira transfusão de sangue.
“Cheguei na UTI para visitar meu filho e ele estava respirando com ajuda de aparelhos. O médico me avisou que ele estava prestes a receber uma transfusão de sangue. Nesse momento, meu mundo desabou. Na minha cabeça, isso era para pacientes terminais, além do risco de contrair doenças. Porém, explicaram-me como era feito a escolha do doador e entendi que era um procedimento muito cuidadoso.”
Depois disso, foram necessárias mais três transfusões no período de três meses em que José Henrique ficou na UTI neonatal. Luana, que no início se assustou com o procedimento, passou a vê-lo de forma natural e teve a consciência despertada para a importância da doação de sangue.
“Infelizmente, quando não temos o problema, não vemos a importância desse ato. Meu modo de pensar mudou.”
A família, que mora em Campinas (SP), não teve dificuldades para conseguir o sangue. Luana recorda que foi preciso solicitar o material em outro hospital, mas que esse chegou rapidamente. Na época, eles pediram que amigos e parentes doassem sangue para repor o estoque do hospital.
Hoje, José Henrique está bem e saudável. Luana está prestes a se tornar uma doadora. Devido a um problema que adquiriu na gestação, ela tem feito exames para ter a certeza de que pode ser doadora.
“No meu caso, que tive um filho entre a vida e a morte, as transfusões foram importantíssimas. Só tenho a agradecer aos doadores de sangue, um ato simples e importante, que fez meu filho estar aqui. Tenho fé de que tudo dará certo e, em breve, terei minha carteira de doadora!”