Sergio Bergman disse que seu trabalho como ministro do meio ambiente da Argentina será orientado pela encíclica de Francisco, Laudato Si
Rádio Vaticano
A fraterna relação entre o Papa Francisco e alguns rabinos remonta principalmente aos seus anos como arcebispo de Buenos Aires. Um deles é Sergio Bergman, de 53 anos, futuro ministro do Meio Ambiente da Argentina.
Em declarações à Radio 10 argentina, o futuro ministro explicou que seu ministério vai “ser fundamentalmente orientado pela última encíclica papal, Laudato Si’, que tem a ver com a visão de dignidade humana, de qualidade de vida e de inclusão que São Francisco de Assis já tinha sobre a harmonia, o cuidado, o respeito e a preservação da nossa casa”.
Sua gestão, anunciou ele, em linha com a Encíclica do Papa Francisco, abrangerá também o desenvolvimento sustentável.
Bergman, que já atuou no legislativo da cidade de Buenos Aires, foi escolhido pelo presidente eleito Mauricio Macri por sua extensa trajetória à frente de empreendimentos sociais e culturais da comunidade judaica na capital argentina, iniciativas que o aproximaram de vários líderes católicos, entre eles o então cardeal Bergoglio.
“Eu encontrei em Bergoglio o meu rabino”, declarou Bergman quando da eleição do Papa Francisco. Eles construíram sua amizade em torno ao Diálogo Argentino, uma série de encontros de instituições de todo o país durante a crise de 2001. “Lá eu conheci Bergoglio como mestre, como um homem que não tinha medo de dizer o que tinha que dizer, de traduzir essas três dimensões que eu reconheço nele: de mestre que se fez líder e que agora é estadista”, declarou Bergman numa entrevista à rede LT8, da cidade de Rosário.
Na mesma entrevista, afirmou considerar-se um “discípulo dele” e, mais tarde, em um artigo, escreveu que encontrou em Bergoglio “um mestre que me escutou, me orientou e aconselhou para fazer decolar a minha vocação de servir tanto ao Criador quanto às suas criaturas no desafio do bem comum”.
O respeito e o apreço são mútuos e ficaram imortalizados no prólogo do livro “Argentina Ciudadana”, publicado por Bergman em 2008. O então arcebispo de Buenos Aires, autor do prólogo, descreveu o livro como o “trabalho de um mestre que nos ajuda a nos entender, a nos explicitar, a nos corrigir e a avançar em plenitude”.
Em seu próximo cargo, o rabino terá mais uma vez a oportunidade de deixar-se guiar por aquele a quem considera seu mestre, encarnando em sua gestão os valores de “espiritualidade cívica” que propôs em “Argentina Ciudadana”, uma obra que o hoje Papa Francisco declarou que “lhe fez bem à alma”.