Vindos do México e da África do Sul, dois casais falaram aos bispos sobre sua vida matrimonial, marcada por dificuldades, mas também por perseverança
Jéssica Marçal
Da Redação
Os bispos não são os únicos a discutirem e fazerem intervenções no Sínodo sobre as Famílias. Já que a reunião é dedicada a elas, mais que justo que as famílias também possam falar, testemunhando os desafios e alegrias da vida diária. Nesta semana, a assembleia pôde conhecer a realidade de duas situações familiares distintas: uma mexicana e uma sul-africana.
Clara e Andrés Galindo são do México e estão casados há 45 anos, uma união que tem como fruto dois filhos e quatro netos. O início foi difícil, principalmente por conta de questões econômicas, motivo pelo qual até alguns familiares chegaram a incentivar uma separação. “Apesar da insistência para que déssemos esse passo, Andrés e eu decidimos lutar contra o desequilíbrio e levar adiante nosso matrimônio e a família que começamos a formar”.
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O casal recebeu o convite para colaborar com a Pastoral Familiar e, mesmo com o desemprego de Andrés e a tentação de querer resolver primeiro os problemas pessoais, eles acabaram aceitando. Da experiência desse trabalho, eles contam que aprenderam que os grandes problemas das famílias são provocados por fatores sociais, culturais, políticos, educativos econômicos e religiosos.
“O matrimônio e a família se veem debilitados e frágeis e sua própria força necessita ser resgatada através da formação e ensinamento de sua identidade e missão. (…) A pastoral da família é hoje a pastoral do 3º milênio, pelos pequenos e grandes ataques de algumas instituições tanto governamentais como civis contra o matrimônio, a família e a vida”.
África do Sul
Do outro lado do Atlântico, o testemunho do casal Buysile e Meshack Nkosi, casados há 35 anos e que são pais de cinco filhos e avós de 8 netos. Três dos filhos são casados na Igreja, mas com pessoas não-católicas, partilhando, assim, “duas fés, mas um só amor”, como relatou Meshack. “Um dos nossos genros e uma nora querem se tornar católicos e nós estamos olhando para a Páscoa de 2016 quando nós vamos acolhê-los na família católica como plenos membros”.
Eles contaram que têm e tiveram muitos desafios, mas sempre procuraram ter a humildade de viver de acordo com as três palavras-chave que o Papa Francisco tem indicado aos casais: por favor, obrigada e desculpa. “É importante lembrar de dizer ‘eu te amo’ um para o outro e para as crianças”, pontuou.
Meshack frisou em seu testemunho a importância do matrimônio, embora na sociedade moderna – marcada pela cultura do descartável – esse compromisso de amar para sempre possa parecer ridículo.
“A escolha que fizemos há 35 anos é a escolha que continuamos a fazer todos os dias para cuidarmos um do outro na família e para sermos fiéis um ao outro como nos empenhamos em amar para sempre”, finalizou.