Ashiq Masih, marido de Asia Bibi, condenada à morte por blasfêmia, pede em carta para o presidente do Paquistão, Mammoon Hussain, que lhe conceda o perdão
Da redação, com ACI Digital
“Ninguém deveria ser morto por beber um copo d’água”, essas foram as palavras do marido de Asia Bibi, Ashiq Masih, na carta aberta que pede ao presidente do Paquistão, Mammoon Hussain, o perdão para sua esposa, evitando que lhe seja aplicada a pena de morte pela lei de blasfêmia, podendo assim, emigrar à França junto dos cinco filhos.
Asia Bibi foi condenada a morte em 2010 sob a lei de blasfêmia, enquanto recolhia frutas com outras mulheres muçulmanas. Bibi foi ao poço local para tomar água e imediatamente a acusaram de tornar impura a água para o resto de trabalhadores por sua condição de cristã.
A carta foi escrita por Ashiq logo depois de visitar sua esposa na prisão de Multam, Paquistão, onde ela se encontra há oito meses. “Vivemos com medo; nossa família se vê ameaçada. Vivo escondido com meus cinco filhos o mais perto possível de Asia. Ela nos necessita muito para manter-se com vida, para levar seus remédios e comida em bom estado quando fica doente”, narrou.
Leia mais
.: Tribunal confirma condenação à morte para cristã Asia Bibi
O marido recordou que após quatro longos anos, ele e seus advogados esperaram que o tribunal de Lahore, Paquistão, absolvesse sua esposa, pois ela “nunca blasfemou”. Entretanto, os juízes confirmaram a pena de morte no dia 16 de outubro. “Não entendemos por que nosso país faz isso, nós pertencemos ao Paquistão, e ele está contra nós”, acrescentou o esposo na carta.
“Somos cristãos mas respeitamos o Islã”, expressou Ashiq, e assegurou que muitos de seus amigos muçulmanos não entendem por que a justiça faz a sua família sofrer tanto.
Nesse sentido, assinalou que estão se esforçando “para apresentar o último recurso à Corte Suprema antes do 4 de dezembro”, mas estão convencidos de que Asia só se salvará do enforcamento se o venerável presidente, Mammon Hussain, lhe conceder um indulto.
“Meus cinco filhos e eu sozinho sobrevivemos graças ao amparo de uns poucos amigos fiéis que arriscam suas vidas todos os dias (…), muitas pessoas nos querem mortos”, alertou.
Por isso, agradeceu a jornalista francesa, Anne-Isabelle Tollet, que publicou o livro “a Asia Bibi: tirem-me daqui!”. Ela “se converteu em nossa irmã e nos ajuda há quatro anos, falamos frequentemente sobre o que está acontecendo em Paris e no mundo para ajudar a salvar Asia. Escutar que existem pessoas apoiando Asia de tão longe é muito importante para nós. Ajuda-nos a levar adiante. Cada vez que visito Asia na prisão conto a ela as notícias. Às vezes isto lhe dá ânimos para seguir adiante”, afirmou.
Nesse sentido, disse que pouco antes de fazer a viagem de dez horas para ver sua esposa, soube da oferta vinda de Paris para que eles emigrem à França se Asia for liberada.
“Eu gostaria de oferecer meu mais sincero agradecimento à prefeita de Paris, Anne Fidalgo, e dizer que estamos imensamente agradecidos por sua preocupação. Espero que um dia a visitemos vivos e não mortos”, expressou.
A carta de Ashiq termina com uma mensagem de sua esposa Asia: “Minha cela não tem janelas e o dia e a noite são o mesmo para mim, mas se ainda me mantenho é graças a cada um dos que tentam me ajudar. Quando meu marido me mostrou as fotografias de gente que nunca conheci bebendo um copo de água por mim, meu coração se transbordou. Ashiq me disse que a cidade de Paris está se oferecendo para receber a nossa família. Envio meu mais profundo agradecimento à senhora prefeita e a todas as pessoas de boa vontade de Paris e ao redor do mundo. Vocês são minha única esperança de permanecer viva neste calabouço, por favor, não me abandonem. Não cometi blasfêmia”.