Nesta sexta-feira, 2, último dia da 59ª Assembleia Geral da CNBB, bispos fizeram um balanço dos dias de trabalhos realizados
Huanna Cruz
Enviada a Aparecida (SP)
A última coletiva da 59ª Assembleia Geral da CNBB foi realizada nesta sexta-feira, 2, às 15h, na sala de imprensa do Centro de Eventos Pe. Vítor Coelho de Almeida. Desta vez participaram os membros da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil: o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo; O arcebispo de Porto Alegre (RS) e primeiro vice-presidente, dom Jaime Spengler; e o bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ) e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado.
O arcebispo de Cuiabá (MT) e segundo vice-presidente, Dom Mário Antônio da Silva, participaria da coletiva, mas teve que ir a Roma para um encontro com o Santo Padre.
Segundo dom Walmor, esta 59ª edição ganhou uma importância ainda maior após a pandemia e seus desdobramentos não permitirem que o episcopado se reunisse em Aparecida em três anos e meio.
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“Nesta experiência de retornarmos aqui essa semana, grandes riquezas de comunhão, de confraternização, de entendimentos de debate e de decisões foram tomadas. E quero ressaltar de modo especial essa expectativa de decisões importantíssima que tomamos tratando temas de grande relevância”, observou o prelado.
Sete décadas de CNBB
Dom Walmor ainda ressaltou os 70 anos da CNBB, uma data importante, uma história de grande relevância à Igreja Católica no Brasil e para toda a sociedade brasileira.
“Esse é um tempo festivo e ao mesmo tempo celebrativo. É um tempo importante para olhar as figuras que construíram essa história na qual nós nos inserimos comprometendo-nos ainda mais com a presença forte no coração do mundo, ajudando-os a abrir-se a Deus, ajudando-os a compreender a luz do Evangelho de Cristo”.
Nessa etapa presencial, dom Walmor ressaltou a importância do que é a exigência do Estatuto que só pode ser feito e deliberado presencialmente — como foi feito. “Depois de um caminho de mais de cinco anos de reflexões e amadurecimentos, aprovamos e modificamos atualizações e reflexões importantes dos Estatutos da CNBB. Um trabalho relevante para além das letras legislativas, mas uma perspectiva de nós nos colocarmos em condições de sermos uma instituição que congrega todos os bispos do Brasil em comunhão, a serviço, de maneira moderna, ágil e competente. Por isso, foi um grande ganho”, disse.
O arcebispo de Belo Horizonte falou também sobre o novo Missal, que levou quase duas décadas para ficar pronto. “O Missal se refere à liturgia. Sua celebração é um coração importante, um sustento determinante no caminho missionário e no caminho de todos nós que cremos e aí a ressalva: foram quase 20 anos de trabalho e a conclusão foi uma grande vitória e terá um impacto muito grande na vida de nossas famílias”, ponderou. “Lembrando que aquilo que celebramos, é aquilo que nós cremos”, acrescentou.
Vida e vida plena para todos
Segundo dom Jaime Spengler, “a Assembleia dos Bispos é uma experiência muito bonita de comunhão e colegialidade”. Dom Jaime participa há 11 anos deste evento.
“Durante a Assembleia, essa etapa em que optamos por divulgar uma nota, uma mensagem melhor ao nosso povo, a nossa gente. Uma nota sobre esse momento desafiador que estamos vivendo, o que nos move é a fé, o que nos move é o evangelho crucificado, ressuscitado, as alegrias, tristezas, esperanças e angústias da nossa gente, do nosso povo, são as nossas”.
Esta união com diferentes bispos do Brasil, explicou dom Jaime, é importante e enriquece a fé de todos. “A fé comporta exigências éticas, a fé não se resume a uma prática religiosa, a fé é muito mais ampla. A prática religiosa é um dos aspectos talvez de uma experiência de fé, mas a fé traz para nós exigências éticas que se traduzem em compaixão e solidariedade com a nossa gente”.
A relevância do papel social desempenhado pela Igreja foi outro tema ressaltado pelo vice-presidente da CNBB e arcebispo metropolitano de Porto Alegre. “A Igreja como advogada da fé não pode deixar de ser advogada da justiça e do direito dos pobres. A Igreja não se identifica com nenhum partido político, mas não se retira diante da exigência da atividade política, todos nós somos essencialmente seres políticos, vivemos em sociedade e o bem maior o bem comum é aquilo que deve ocupar a todos, todos os cidadãos”, ponderou.
Organização da Conferência
Dom Joel explicou que esta Assembleia serviu para reunir, conviver e rezar com seus pares. “A mensagem que todos os bispos querem dizer a todas as realidades, a toda sociedade brasileira, a quem tem fé e a quem não tem, essa mensagem é resultado desse longo processo. Interessante perceber que nessas 10 votações, ainda que diferenciadas, a maioria passou por unanimidade, isso é muito significativo”, avaliou.
A primeira data da 59ª Assembleia Geral foi realizada em abril. Na ocasião, temas que não exigiram votação do episcopado foram discutidos em caráter virtual. Nesta segunda etapa, porém, a presença dos bispos foi requerida para que novos tópicos pudessem ser postos sobre a mesa.