Domingo, 11 de setembro de 2011
A colina sobre a qual foi construída esta Catedral nos deu uma belíssimo olhar da cidade e do mar; mas ao atravessar o majestoso portal, a alma fica fascinada pela harmonia do estilo românico, enriquecido por um laço de influxos bizantinos e de elementos góticos. Também na vossa presença, sacerdotes e casais provenientes das diversas dioceses italianas, se colhe a beleza da harmonia e da complementariedade das vossas diferentes vocações. O mútuo conhecimento e a estima recíproca, na partilha da mesma fé, leva a valorizar o carisma do outro e a reconhecer-se dentro de um único "edifício espiritual" que tendo como pedra angular o próprio Cristo Jesus, cresce bem ordenado para ser templo santo do Senhor. Obrigado, portanto, por este encontro: Ao caro arcebispo, Dom Eduardo Menichelli, também pelas expressões com as quais fez a introdução e a cada um de vocês.
Gostaria de fixar-me brevemente sobre a necessidade de reconduzir a Ordem sacra e o Matrimonio à única fonte eucarística. Ambos os estados de vida, de fato, no amor de Cristo, que doa a si mesmo pela salvação da humanidade, na mesma raiz são chamados a uma missão comum: aquela de testemunhar e fazer presente este amor a serviço da comunidade, para a edificação do Povo de Deus.
Esta perspectiva consiste, antes de mais nada, de superar uma visão reduzida da família, que a considera como a mera destinatária da ação pastoral. É verdade que, neste momento difícil, essa necessita de particulares atenções. Não por isto, ela deve ser diminuída a identidade e mortificada a responsabilidade específica. A família é riqueza para o casal, insubstituível bem para os filhos, fundamento indispensável da sociedade, comunidade vital para o caminho da Igreja.
Em nível eclesial, valorizar a família significa reconhecer a relevância pastoral. O ministério que nasce do Sacramento do Matrimonio é importante para a vida da Igreja: a família é lugar privilegiado de educação humana e cristã e permanece para esta finalidade, a melhor aliada do ministério sacerdotal; ela é um dom precioso para a edificação da comunidade. A proximidade do sacerdote à família é importante, que por sua vez, o ajuda a tomar consciência da própria realidade profunda e da própria missão, favorecendo o desenvolvimento de uma forte sensibilidade eclesial.
Nenhuma vocação é questão privada, nem mesmo a do matrimonio, porque o seu horizonte é a Igreja inteira. Se trata, portanto, de saber integrar e harmonizar, na ação pastoral, o ministério sacerdotal com o “autentico Evangelho do matrimonio e da família” (Familiairis Consortio) para uma comunhão concreta e fraterna. E a Eucaristia é o centro e a fonte desta unidade que anima toda a ação da Igreja.
Caros sacerdotes, diante do dom que vocês receberam na ordenação, vocês são chamados a servir como Pastores a comunidade eclesial, que é a família das famílias, e portanto a amar cada um com coração paterno, com autentico desapego de vós mesmos, com dedicação plena, continua e fiel. Vocês são sinal vivo de Cristo Jesus, o único Bom Pastor. Conformai-vos a ele, ao seu estilo de vida, com aquele serviço total e exclusivo do qual o celibato é uma expressão. Também o sacerdote tem uma dimensão esponsal; tornar-se um com o coração de Cristo Esposo, que dá a vida para a Igreja sua esposa.
Cultivem uma profunda familiaridade com a Palavra de Deus, luz no vosso caminho. A celebração cotidiana e fiel da Eucaristia seja o lugar onde conseguir a força para doar a vós mesmos todos os dias no ministério e viver constantemente na presença de Deus: é Ele a vossa morada e a vossa herança. Disto, deveis ser testemunhas para a família e para cada pessoa que o Senhor colocar no vosso caminho, também nas circunstâncias mais difíceis. Encorajais os cônjuges, partilhem com eles as responsabilidades educativas, ajudai-os a renovar continuamente a graça do matrimônio deles. Tornais a família protagonista da ação pastoral. Sejais acolhedores e misericordiosos, também com aqueles que lutam para cumprir os compromissos assumidos no vínculo matrimonial e com aqueles que, infelizmente, não o levam em consideração.
Caros casais, o vosso matrimônio se enraiza na fé que Deus é amor e que seguir Cristo significa permanecer no amor. A vossa união, como ensina o Apóstolo Paulo, é sinal sacramental do amor de Cristo à Igreja, amor que culmina na cruz e que é decifrada e se torna realidade na Eucaristia. O Mistério Eucarístico esteja sempre mais profundamente na vossa vida cotidiana: tragais inspiração e força deste Sacramento para o vosso relacionamento conjugal e para a missão educativa a qual vocês foram chamados; construais as vossas famílias na unidade, dom que vem do alto e que alimenta o vosso empenho na Igreja e na promoção de um mundo justo e fraterno. Amais os vossos sacerdotes, exprimais a eles o apreço pelo generoso serviço que eles desenvolvem. Saibais suportar também os limites deles, sem nunca renunciar a pedir-lhes que sejam entre vós ministros exemplares que vos falam de Deus e que vos conduzem à Ele. A vossa fraternidade é para eles uma preciosa ajuda espiritual e um sustento nas provas da vida.
Caros sacerdotes e caros esposos, saibais encontrar sempre na Santa Missa a força para viver a pertença a Cristo e à a sua Igreja, no perdão, no dom de si e na gratidão. O vosso agir cotidiano tenha na comunhão sacramental a sua origem e o seu centro, a fim que tudo seja feito para a Glória de Deus. Desde modo, o sacrifício de amor de Cristo vos transformará, ao ponto de fazer-vos nele um só "corpo e um só espírito".
A educação à fé das novas gerações passa também através da vossa coerência. Testemunhais-lhes a beleza exigente da vida cristã, com a confiança e a paciência de quem conhece a potencia da semente jogada na terra. Como no episódio evangélico que escutamos, sejais, para aqueles que foram confiados à vossa responsabilidade, sinal de benevolência e da ternura de Jesus: nEle se torna visível como Deus, que ama a vida não está fora ou distante das situações humanas, mas é o amigo que jamais abandona. E nos momentos nos quais se insinue a tentação que todo empenho educativo seja vão, buscais na Eucaristia a luz para reforçar a fé, seguros que a graça e a potência de Jesus Cristo podem alcançar o homem em toda situação, também nas mais difíceis.
Queridos amigos, vos confio à proteção de Maria, venerada nesta Catedral com, o título de "Rainha de todos os Santos". A tradição a relaciona ao ex voto de um marinheiro em agradecimento pela salvação do filho, que saiu ileso de uma tempestade em alto mar. O olhar materno da Mãe, acompanhe também os vossos passos na santidade em direção a um porto de paz.