Três pastorinhos

Morte de Irmã Lúcia, vidente de Fátima, completa 10 anos

Vice-postuladora relata seriedade da primeira fase do processo de beatificação, já que há uma vasta documentação sobre a vida da religiosa para ser estudada

Da Redação, com Agência Ecclesia

Irmã Lúcia, uma das videntes das aparições de Nossa Senhora em Fátima / Foto: Santuário de Fátima

Irmã Lúcia, uma das videntes das aparições de Nossa Senhora em Fátima / Foto: Santuário de Fátima

Nesta sexta-feira, 13, recordam-se os 10 anos do falecimento da Irmã Lúcia, principal mensageira das aparições de Nossa Senhora em Fátima, Portugal. A religiosa é uma candidata aos altares: seu processo de beatificação está aberto desde 2008 e esta fase inicial inclui o recolhimento de documentação, entrevistas a testemunhas que conviveram com a religiosa e a análise dos seus escritos por teólogos.

A vice-postuladora da causa de canonização da Irmã Lúcia, irmã Ângela Coelho, disse que a vasta documentação sobre a vida da religiosa tem prolongado a fase diocesana, primeira etapa do processo, e constitui um desafio.

“Obviamente estamos todos muito ansiosos pela sua beatificação, mas eu penso que a Irmã Lúcia merece um estudo muito aprofundado e rigoroso, não só para a questão histórica, que é muito importante, mas concomitantemente, para a sua dimensão espiritual”, declarou a vice-postuladora, nomeada para a causa em setembro de 2014 pelo postulador geral dos Carmelitas, padre Romano Gambalunga.

A irmã Ângela Coelho é também postuladora da causa de canonização dos outros dois pastorinhos,  Beatos Jacinta e Francisco Marto, os irmãos que, juntamente com Lúcia, segundo o testemunho reconhecido pela Igreja Católica, presenciaram as aparições da Virgem Maria na Cova da Iria, entre maio e outubro de 1917.

Segundo irmã Ângela, o processo para a beatificação da Irmã Lúcia tem que considerar o fato desta mulher ter vivido quase 98 anos, ter se correspondido com Papas, desde Pio XII até João Paulo II, com cardeais, bispos e com pessoas que agora são beatos, como Teresa de Calcutá, José Maria Escrivá, Álvaro del Portillo.

joão paulo ii e irmã lúcia

Irmã Lúcia em encontro com o Papa João Paulo II, agora santo da Igreja / Foto: L’Osservatore Romano

“Lúcia escreveu a irmãos de outras confissões religiosas e a milhares e milhares de pessoas, que agora nos começam a devolver as respostas que a Lúcia deu – conseguimos recolher mais de 11 mil cartas -, o que torna o processo complexo”, admite.

No centro da documentação, está o trabalho de difusão da mensagem de Fátima. Segundo irmã Ângela, é preciso realizar um estudo para garantir que nada do que Lúcia escreveu está contra a fé da Igreja, contra a doutrina, costumes e moral.

O processo de beatificação, porém, não está centrado nas aparições nem no fato de Lúcia ser uma vidente. Segundo, irmã Ângela, o essencial para a causa de canonização é que Lúcia obedeceu. “Quando o bispo lhe pede algo, Lúcia consulta Nosso Senhor e escreve. É mais o sentido de perceber como é que ela foi vivenciando esses momentos”, relata.

Os anos de clausura da religiosa portuguesa levaram até ao Carmelo de Coimbra mais de 70 mil cartas, às quais Irmã Lúcia respondeu.

“Ela lidou com pessoas humildes, estrelas de cinema, Papas e reis. É incrível como todo o sofrimento do século XX passa por aquele coração”, conclui a irmã Ângela Coelho.

A vice-postuladora da causa vai intervir hoje na evocação do 10º aniversário da morte da irmã Lúcia, no Convento de Santa Teresa, em Coimbra.

O programa, com conferências e momentos de oração, conta com a participação do também vice-postulador da causa, padre Aníbal Castelhano; do diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima, Marco Daniel Duarte; do provincial dos Carmelitas Descalços, padre Joaquim Teixeira; e do reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas.

Sobre irmã Lúcia

A Irmã Lúcia faleceu em Coimbra, Portugal, no dia 13 de fevereiro de 2005, aos 97 anos. Depois das aparições de 1917, das quais foi a principal mensageira, a Irmã Maria Lúcia de Jesus e do Coração Imaculado entrou para a vida de consagração religiosa em 1925 e professou como Doroteia na cidade de Tuy, na Espanha, no ano de 1928. Fez votos perpétuos no dia 13 de outubro de 1934.

Tornou-se Carmelita em Coimbra, no Carmelo de Santa Teresa, no dia 25 de março de 1948, onde permaneceu até a sua morte. A vidente foi sepultada no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, como era seu desejo, durante um ano, antes de ir para a basílica do Santuário de Fátima.

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