Diálogo vivo

Na visita a Milão, Papa se encontra com padres e consagrados

No diálogo com religiosos, Francisco respondeu a três perguntas de um sacerdote, um diácono permanente e uma freira

Da Redação, com Rádio Vaticano

Papa fala aos religiosos de Milão / Foto: Reprodução CTV

Em sua visita a Milão neste sábado, 25, o Papa Francisco teve um encontro com os sacerdotes e consagrados na Catedral de Milão. Foi um diálogo intenso e vivo, baseado em respostas do Santo Padre a três perguntas apresentadas pelos religiosos.

Na primeira pergunta, um padre questionou Francisco sobre quais são as escolhas prioritárias que os padres de hoje são chamados a fazer para não perder a alegria da evangelização. O Papa disse que a evangelização é uma alegria e, portanto, se deve pedir a graça de não ser um evangelizador triste, não convencido de que Jesus é alegria.

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Ele elencou, ainda nessa resposta, alguns desafios de hoje, destacando que não se deve temer tais desafios. “Não ter medo! Os desafios devem ser pegos como um boi: pelo chifre. Que hajam os desafios, é bom, porque nos fazem crescer. São sinais de uma fé viva, de uma comunidade viva que procura o seu Senhor e tem os olhos e o coração abertos. Devemos, pelo contrário, temer uma fé sem desafios, uma fé que se tem por completa”.

Religiosos lotaram catedral de Milão para ouvir o Papa Francisco / Foto: Reprodução CTV

Francisco mencionou ainda a sociedade multicultural, multireligiosa e multiétnica dos dias atuais. Ele disse que a Igreja, ao longo de toda a história, tem muito a ensinar para uma cultura da diversidade e é preciso aprender. “O Espírito Santo é o Mestre da diversidade. Olhemos para as nossas dioceses, para os nossos presbíteros, nossas comunidades. Olhemos para as congregações religiosas. Tantos carismas, tantos modos de realizar a experiência crente. A Igreja é Una em uma experiência multiforme. É una, sim, mas em uma experiência multiforme. É esta a riqueza da Igreja. Mesmo sendo una, é multiforme”.

O Santo Padre pontuou ainda que não se deve confundir unidade com deformidade; é preciso, com a graça do Espírito Santo, fazer discernimento de tudo aquilo que conduz à ressurreição e à vida, não a uma cultura de morte.

Delinear o rosto da Igreja

A segunda pergunta foi de um diácono permanente. Ele perguntou ao Papa qual contribuição um diácono pode dar para delinear o rosto de uma Igreja feliz, desapegada e humilde. O Santo Padre disse que os diáconos têm sempre muito para dar. E aqui, voltou a esclarecer o valor do discernimento. O diácono não deve ser confundido como “meio padre” e como “meio leigo” e nem como intermediário entre os fiéis e os pastores.

“O diaconato é uma vocação específica, uma vocação familiar que evoca o serviço, como um dos dons característicos do Povo de Deus. O diácono é o defensor do serviço no âmbito da Igreja: servir ao Altar, servir à Palavra, servir aos Pobres. A sua contribuição e missão consiste em recordar a todos a dimensão do serviço à fé, em âmbito laical, clerical e familiar”.

O diácono, explicou ainda o Papa, é sacramento do serviço a Deus e aos irmãos na família e entre o Povo de Deus. O diaconato é uma vocação eclesial e um dom do Espírito Santo a serviço de Deus, dos irmãos, dos pobres e de uma comunidade solidária.

Sinal de uma vida humilde

Por fim, dirigindo-se à religiosa, Madre Paola Paganini, que lhe perguntou como ser sinal, hoje, de profecia e testemunhas de uma vida pobre, virgem, obediente e fraterna, sendo uma minoria no mundo, Francisco respondeu-lhe partindo precisamente da palavra “minoria” que, muitas vezes, é acompanhada pela “resignação”, por causa da fragilidade, da velhice.

“A maioria dos nossos padres e madres fundadores jamais pensaram em ser uma multidão ou uma grande maioria. Os nossos fundadores foram movidos pela ação do Espírito Santo e em certo momento da história para ser presença alegre do Evangelho entre os irmãos; renovar e edificar a Igreja como fermento na massa e como sal e luz do mundo”.

A realidade de hoje, explicou o Santo Padre, precisa de unidade, de fermento e de sabor religioso, sobretudo nas periferias, onde as pessoas são excluídas, abandonadas, pobres. Apesar de serem poucos, numericamente, os religiosos devem, segundo seus carismas, irem às periferias para dar esperança e alegria, que brotam da mensagem evangélica. Colocar Cristo ao centro de tudo.

“A evangelização nem sempre é sinônimo de pescar peixes, mas é tomar o largo, ser testemunhas de Jesus Cristo. Mas, depois, é o Senhor que pesca peixes como, quando e onde não sabemos. Isso é muito importante!”, concluiu o Papa.

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