Neste terceiro domingo do mês de agosto, a Igreja celebra a vocação à vida consagrada
Denise Claro
Da redação
O mês de agosto é marcado pela celebração das vocações. No terceiro domingo, em especial, a Igreja se volta para a vocação dos religiosos. Homens e mulheres que consagram suas vidas a Deus e ao serviço do próximo, assumindo os ideais evangélicos da pobreza, castidade e obediência.
Para a presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), Irmã Maria Inês Ribeiro, o diferencial entre a vida consagrada e a vida dos demais batizados é a radicalidade, a escolha total no seguimento de Jesus a serviço do povo. “O consagrado é uma reserva de Deus a serviço do Reino, é uma entrega total. Entregamos toda a nossa vida, nossos bens e fazemos os votos, nos reservando totalmente a serviço de Deus.”
A religiosa ressalta a beleza da variedade dos dons e carismas que existem na Igreja:
“A vida consagrada começou no século IV da Igreja. Ao longo da história, Deus suscita a cada tempo carismas específicos de acordo com as necessidades da humanidade. Essa variedade de carismas é um dom do Espírito. É a riqueza do próprio Espírito que suscita na Igreja pessoas que sentem no coração um ardor para responder ao que está acontecendo, aos problemas, às realidades, e surgem vocações que atuam no cuidado com o povo de Deus, com as crianças, idosos, pobres, por exemplo.”
Vida doada em um mosteiro
Também a vida contemplativa nasce de uma necessidade: o desejo que toda pessoa humana traz, que é a necessidade do próprio Deus.
“A vida contemplativa é a que abraça o mundo na comunhão com Deus em oração e entrega, numa vida doada dentro de um Mosteiro, por exemplo, intercedendo pelas situações do mundo. É interessante ver que os religiosos que vivem em clausuras estão sempre por dentro da realidade do mundo, da política, do que acontece do lado de fora. Eles assumem o mundo em oração e o carregam ‘nas costas’, no coração, na mente”, diz Irmã Maria Inês.
Irmã Mectildes de Jesus é monja beneditina há quase 25 anos, e mora atualmente no Mosteiro da Virgem, em Petrópolis (RJ). Para ela, a vida monástica é como ser um sentinela.
“Monge é aquele que recebe como missão primeira a vocação de rezar pela Igreja que está em missão e pelo mundo, como sentinela. Mas há também um trabalho missionário nos mosteiros. Damos direção espiritual, acolhemos os hóspedes que vêm até nós. O grande lema que me arrastou para esta vocação foi: ‘O monge é aquele que vê no irmão o Cristo. Não importa de que forma Ele venha ao seu encontro'”.
Desafios e respostas
Em relação aos desafios dos religiosos no Brasil hoje, Irmã Maria Inês apresenta os principais:
“Um grande desafio que experimentamos atualmente é a carência de vocações. Principalmente nas congregações de uma história mais longa, observamos um envelhecimento dos membros da comunidade. E claro, tem também a questão da fidelidade, da coerência no compromisso em viver a vocação”.
Ao ser questionada sobre como os religiosos têm recebido atualmente os estímulos do Papa Francisco em relação à vida consagrada, Irmã Maria Inês afirma que foi com muita alegria.
“O Ano da Vida Consagrada foi recebido por nós por um grande dom, e a palavra de ordem do Papa neste tempo para nós têm sido a proximidade. O Papa pede insistentemente a nós que saiamos ao encontro do povo, das urgências e dos clamores. Justamente porque cada um de nós, religiosos, um dia fomos encontrados, alcançados e chamados por Ele. Então nossa resposta deve ser justamente sair, ir ao encontro. Porque a vida consagrada toda surgiu para o serviço do irmão.”
Irmã Mectildes afirma que toda vocação é um chamado de Deus, mas que a resposta brota do coração. “O chamado profético é antes de qualquer coisa, intimidade com Deus e sensibilidade diante da dor do povo.”
A presidente da CRB ressalta que os jovens que se sentem chamados a responder a uma vocação, devem fazê-lo sem receio:
“Não tenham medo. Não tenham medo de entregar as suas vidas. A grande experiência que nós vivemos é a alegria plena do Evangelho e da Consagração a Deus. A nossa vida é capaz de preencher o coração humano. Se você, jovem, sente dentro de si esse apelo, não deve ter medo. Busque conhecer as comunidades, as congregações, peça a Deus que o oriente e lhe dê a coragem de dar o passo.”
Conheça o dia a dia de religiosas que vivem em clausura