Vôlei Sentado

Atleta paralímpica fala da superação por meio do esporte

Janaína Petit é jogadora da Seleção Feminina de Vôlei Sentado; esporte é disputado por atletas com dificuldades locomotoras

Luciane Marins
Da Redação

Os Jogos Paralímpicos começam nesta quarta-feira, 7, no Rio de Janeiro e revelam inúmeras histórias de garra e superação. A de Janaína Petit, jogadora da seleção brasileira feminina de vôlei sentado, é uma delas.

Filha de atletas, o gosto pelo esporte surgiu muito cedo e logo Janaína se tornou uma promessa para o vôlei brasileiro. O sonho foi aparentemente interrompido por um atropelamento. A atleta, que chegou a abandonar o esporte, conta ao noticias.cancaonova.com como o vôlei sentado surgiu em sua vida e a modificou completamente.

Às vésperas da sua estreia nesta Paralimpíada, na sexta-feira, 9, a jogadora fala ainda sobre a expectativa de medalhas, revela qual foi sua maior dificuldade para chegar à seleção e encoraja as pessoas que têm algum tipo de deficiência a descobrir a força transformadora do esporte.

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Janaína na Vila Olímpica (Primeira da direita para esquerda) / Foto: facebook pessoal

noticias.cancaonova.comEssa é a segunda vez que a seleção feminina de vôlei sentado disputa uma Paralímpiada e o Brasil tem chance de medalha. Como a equipe vem se preparando para essa conquista?

Janaína Petit – Londres foi a nossa primeira vez, e agora no Rio é a segunda. A gente tem chance de medalha e a gente está se preparando desde que começou esse ciclo do Rio 2016. A expectativa é grande, tomara que essa medalha venha.

noticias.cancaonova.com – E você participou em Londres, e participa no Rio. A história da Janaína Petit e da seleção brasileira de vôlei sentado se misturam. Como está a expectativa para esse evento, que ainda tem um gosto especial por ser aqui no Brasil?

Janaína Petit – A expectativa é grande porque vai ser aqui no nosso país, consequentemente a responsabilidade se torna maior, o bom é que vai ser perto da torcida, dos nossos familiares, isso acho que conta muito pra gente tentar conquistar essa medalha.

noticias.cancaonova.com – Gostaria que falasse um pouco sobre sua história. Quando o vôlei entrou na sua vida, desde quando você pratica o esporte? Quando e como esse sonho foi aparentemente interrompido?

Janaína Petit – Comecei a praticar esporte desde muito pequena, porque meu pai era atleta, minha mãe também, então eu pratiquei quase todos os esportes, natação, basquete, até tênis de mesa eu fiz, e tomei um gosto especial pelo vôlei. E desde muito cedo comecei a me destacar: pré mirim, mirim, infantil, com 14 anos saí de Varginha e fui jogar em Lavras que era um time de expressão na época, depois fui para Barbacena, peguei a seleção mineira, brasileira infanto-juvenil, e fui para o Pinheiros que nessa época era uma promessa do vôlei. E o sonho foi interrompido num atropelamento. Eu estava indo treinar de manhã no clube Pinheiros e fui atropelada por um ônibus. Foi difícil, porque na minha vida inteira sempre sonhei com aquilo, mas hoje está tudo resolvido na minha cabeça, está tudo tranquilo.

Janaina (Primeira da direita para esquerda) Foto: Facebook pessoal

Janaína (Primeira da direita para esquerda) Foto: Facebook pessoal

noticias.cancaonova.com – E o vôlei sentado, como conheceu?

Janaína Petit – Eu não conhecia o vôlei sentado. O Ronaldo Oliveira, que hoje é meu técnico no SESI SP lá de Suzano, ele sempre foi em busca de meninas que jogaram vôlei normal um dia e tem algum tipo de deficiência. E eu tinha voltado para Minas, estava estudando e começaram a me chamar para participar da seleção brasileira que foi um campeonato na Holanda. No começo eu tive bastante resistência, não queria. De 2006, pra eu aceitar esse convite, demorou uns três anos até que eu fui conhecer o vôlei em 2009 lá no SESI em Suzano, desde então não saí mais da seleção.

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Como foi o caminho percorrido até chegar à seleção brasileira de vôlei sentado? Que tipo de dificuldade você precisou vencer? Onde encontrou forças para superar?

Janaína Petit – A dificuldade que eu enfrentei foi um preconceito que vinha de mim mesma, na verdade eu tenho a mínima deficiência, que é essa classificação que a gente tem no voleibol, e eu tinha bastante preconceito, mas depois que eu conheci eu fui gostando cada vez mais e estou até hoje.

noticias.cancaonova.com – O que o esporte significa pra você?

Janaína Petit – O esporte sempre foi tudo na minha vida. E depois do acidente, dos sonhos interrompidos, veio o Ronaldo, junto com o apoio do SESI de SP e me ajudou a superar isso tudo. Eu apoio o vôlei feminino sentado, se não fosse o SESI também, de repente eu nem estaria mais jogando, então eu agradeço muito a eles.

noticias.cancaonova.comPodemos dizer que a Janaína é uma outra pessoa depois que passou a praticar o vôlei sentado?

Janaína Petit – Com certeza, depois que eu conheci o vôlei sentado minha vida mudou completamente, tudo que tenho hoje eu devo ao vôlei, ao SESI de SP, ao Ronaldo, devo tudo a eles, a minha família, meu marido, meu filho, devo muito a eles.

noticias.cancaonova.com – Que conselho você daria para alguém que tem algum tipo de dificuldade de locomoção, algum tipo de deficiência física e ainda não conseguiu superar?

Janaína Petit – O conselho que eu dou é que a pessoa que tem algum tipo de deficiência física, alguma dificuldade de locomoção que venha, conheça o esporte paralímpico e se encaixe em algum deles, porque para mim que tive um sonho interrompido e continuar realizando esse sonho através do esporte paralímpico é maravilhoso.

Seleção brasileira feminina de vôlei sentado / Foto: Facebook pessoal

Seleção brasileira feminina de vôlei sentado / Foto: Facebook pessoal

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