Semana de Oração

Troca de dons fortalece povo cristão no caminho da unidade, diz Papa

Papa celebrou as Vésperas no início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos

Da redação, com Santa Sé

Papa Francisco, durante celebração das Vésperas no início da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos./ Foto: REUTERS/Tony Gentile.

O Papa Francisco presidiu, na tarde desta sexta-feira, 18, a celebração das Vésperas da primeira semana do tempo comum, por ocasião do início da 52ª Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que tem o tema “Deves procurar a justiça, e só a justiça.” (Dt 16, 18-20).

Na celebração, que aconteceu na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, estavam presentes representantes de outras Igrejas cristãs e Comunidades eclesiais de Roma.

Francisco iniciou sua homilia cumprimentando os representantes das outras Igrejas e grupos ecumênicos, e disse que todos são convidados a implorar a Deus o dom da unidade:

“A unidade dos cristãos é fruto da graça de Deus, pelo que nos devemos predispor a recebê-la com coração pronto e generoso.”

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O Papa falou sobre a imagem do povo de Israel no livro do Deuteronômio, que, acampado em Moab, estava prestes a entrar na Terra prometida. Lembrou que Moisés, como pai solícito e chefe designado pelo Senhor, repete a Lei ao Povo, instruindo-o e lembrando que deverá viver com fidelidade e justiça, quando se estabelecer na terra prometida:

“A passagem indica como celebrar as três festas principais do ano: Pesach (Páscoa), Shavuot (Pentecostes), Sukkot (Tabernáculos). Cada uma destas festas convida Israel à gratidão pelos bens recebidos de Deus. A celebração duma festa requer a participação de todos; ninguém pode ficar excluído. ‘Alegrar-te-ás na presença do Senhor, teu Deus, com os teus filhos, as tuas filhas, os teus servos e as tuas servas, o levita que viver dentro das portas da tua cidade, o estrangeiro, o órfão e a viúva, que estiverem junto de ti’(Dt 16, 11).”

O Papa lembrou que, a cada festa, é preciso realizar uma peregrinação ao santuário escolhido, e apresentar seus dons. Falou também que não deve surpreender o fato do texto bíblico passar da celebração das festas para a nomeação dos juízes:

“As próprias festas exortam o povo à justiça, lembrando a igualdade fundamental entre todos os membros, todos igualmente dependentes da misericórdia divina, e convidando cada um a partilhar com os outros os bens recebidos. O dar honra e glória ao Senhor nas festas do ano caminha de mãos dadas com o prestar honra e justiça ao seu vizinho, sobretudo se é vulnerável e necessitado.”

Francisco refletiu sobre o tema da Semana de Oração deste ano, e lembrou que os cristãos da Indonésia vivem a preocupação do crescimento econômico do seu país, da concorrência, da pobreza, que põe em perigo a harmonia de uma sociedade em que vivem lado a lado pessoas de diferentes etnias, línguas e religiões.

“Esta situação não se aplica somente à Indonésia; deparamo-nos com a mesma situação no resto do mundo. Quando a sociedade deixa de ter como fundamento o princípio da solidariedade e do bem comum, assistimos ao escândalo de pessoas que vivem em extrema pobreza ao lado de arranha-céus, hotéis imponentes e centros comerciais luxuosos, símbolos de incrível riqueza. Esquecemo-nos da sabedoria da lei mosaica, segundo a qual, se a riqueza não for partilhada, a sociedade divide-se.”

O Papa frisou a lógica da comunidade cristã, onde os fortes devem ocupar-se dos fracos: “A solidariedade e a responsabilidade comum devem ser as leis que regem a família cristã.”

Atualizando a mensagem cristã, Francisco reforçou que também hoje o povo cristão se encontra prestes a entrar no Reino prometido por Deus, mas por estar dividido, precisa recordar o apelo à justiça de Deus.

Francisco terminou seu discurso afirmando que o culto condizente com o Reino, como exige a justiça, é uma festa que engloba a todos, na qual se partilham os dons recebidos.

“Devemos, em primeiro lugar, reconhecer humildemente que as bênçãos recebidas não são nossas por direito, mas por dádiva, tendo-nos sido concedidas para as partilharmos com os outros. Em segundo lugar, devemos reconhecer o valor da graça concedida às outras comunidades cristãs. (…) Um povo cristão, renovado e enriquecido por esta troca de dons, será um povo capaz de caminhar, com passo firme e confiante, pelo caminho que leva à unidade.”

Ao final das Vésperas, o Cardeal Kurt Koch, Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, dirigiu sua saudação ao Santo Padre, agradecendo seu empenho.

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