SCHOLAS OCCURRENTES

Scholas Occurrentes: valorizem a dimensão lúdica da vida, pede o Papa

O Santo Padre presidiu a sessão de encerramento do I “Encontro Internacional do Sentido”, organizado pela Scholas Occurrentes em colaboração com CAF

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco durante encontro organizado pelas organizado pela Scholas Occurrentes / Foto: Reprodução Youtube Vatican Media

“Qual é a sua lembrança mais antiga?”, foi a pergunta do Santo Padre durante o diálogo com os participantes do primeiro “Encontro Internacional”, promovido pela Scholas Occurrentes, de 21 a 23 de maio, no Vaticano. No encerramento do evento, os participantes apresentaram os resultados de seus trabalhos ao Papa Francisco durante o encontro na Aula Nova do Sínodo.

Respondendo à primeira pergunta, o Bispo de Roma recordou, como já fez em outras ocasiões durante seu Pontificado, quando sua avó o levava para sua casa e passava o dia com ela até almoçar. “Lá se falava piemontês. Minha primeira língua foi o piemontês. Depois aprendi o castelhano”, disse.

Em seguida, ao falar sobre o que uma pessoa que sofreu muito deveria fazer, o Pontífice convidou a manter o coração sempre aberto e alertou: “O pior que pode acontecer na vida é que a dor nos faz ficar fechados, é um pouco o gesto dos dentes, a dor te torna arisco”. Nesta linha, Francisco incentivou a “dar lugar ao carinho, a dor pede ser acariciada. A dor pede isso. Dar lugar à esperança”.

“Quando a dor se fecha em si mesma é venenosa, sempre. Quando a dor se deixa ajudar, se deixa acompanhar, quando a dor se abre à ajuda do outro, é fecunda. Abrir-se, sempre abrir-se”.

Em seguida, ao abordar o papel da arte na construção do sentido, o Pontífice enfatizou que “a arte abre horizontes” e exemplificou a contribuição de outras disciplinas: “A matemática te ajuda com conceitos firmes, te ajuda a progredir, a filosofia te abre diversas formas de pensamento”. “A arte te projeta para frente, te liberta e expande o coração”, assegurou, e depois recitou os primeiros versos do poema Everness de Jorge Luis Borges. “Isso me foi introduzindo na literatura”. A arte nos deixa abertos, nos torna compreensivos e alivia o coração”, acrescentou o Papa.

Francisco também ouviu o testemunho de uma pessoa portadora de necessidades especiais, ativista em favor da inclusão, que sofreu bullying escolar aos doze anos e ficou seis meses fora do sistema educacional até chegar à Instituição Teresiana e mudar de escola. A jovem testemunhou que se sentia sem esperança, pois ninguém estava trabalhando pela inclusão e agora, ao contrário, está contente já que, segundo afirmou, “todos aqui acreditam que a educação é uma ferramenta poderosa”. Francisco recebeu uma cópia de uma declaração de princípios realizada por ela junto com seus colegas da universidade, que a ajudam na fundação que criou.

Na última parte do diálogo, foi perguntado ao Papa qual é “a motivação da Universidade do Sentido”, uma instituição pública que deseja responder à crise global do sentido, instituída pelo Pontífice mediante um quirógrafo de 15 de agosto de 2023. Francisco definiu esta questão como “uma pergunta redundante” e alertou sobre o perigo de confundir educação com “instrução”. Também acrescentou que a “Universidade do Sentido” deseja trabalhar com as três linguagens: as mãos, o coração e a mente.

“Se alguém na educação — não digo instrução — não se movimenta nestas três linguagens, fica a meio caminho, fica sem a totalidade de uma educação, que é o drama, por exemplo, de conceber a educação como pura instrução”.

Prosseguindo sua reflexão, o Santo Padre reivindicou “a capacidade de brincar” e observou que “quando alguém perde a capacidade de brincar e se torna muito sério, perde o sentido da vida”. Nesta linha, relatou que, quando criança, brincava com uma bola de trapo, já que as bolas de couro eram muito caras, e recomendou o filme argentino “Pelota de trapo”, no qual se pode aprofundar sobre a mística que pode haver nesse curioso objeto.

“As crianças, quando brincam, inventam coisas, bastam-lhes duas, três madeirinhas para fazer um jogo porque a verdadeira dimensão lúdica é criativa”, enfatizou, insistindo neste elemento como um símbolo da criatividade que se obtém por meio do jogo. “Obrigado por este encontro que me alegra tanto”, concluiu o Pontífice, despedindo-se dos presentes.

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