Ao Embaixador da Grã-Bretanha

Relativismo gera desespero e não produz sociedade livre, diz Papa

Bento XVI recebeu as cartas credenciais do novo Embaixador da Grã-Bretanha junto à Santa Sé, Nigel Marcus Baker, às 11h (em Roma – 6h no horário de Brasília) desta sexta-feira, 9.

"Quando as políticas não presumem ou promovem valores objetivos, resultam em um relativismo moral que, ao invés de conduzir a uma sociedade que seja livre, justa e compassiva, tende a produzir frustração, desespero, egoísmo e um desrespeito pela vida e pela liberdade dos outros", ressaltou.

Os agentes políticos devem buscar urgentemente maneiras de manter a excelência na educação, promover oportunidades sociais e mobilidade econômica, analisar as formas de favorecer emprego a longo prazo e espalhar a riqueza de forma justa e muito mais amplamente a toda a sociedade, defendeu o Papa.

"Além disso, a promoção ativa dos valores essenciais de uma sociedade saudável, através da defesa da vida e da família, a educação moral dos jovens, e uma relação fraternal com  os pobres e os fracos, certamente ajudarão a reconstruir um positivo sentido de dever, na caridade, entre amigos e estranhos na mesma comunidade. Tenha a certeza de que a Igreja Católica em seu país está ansiosa para continuar a oferecer sua contribuição substancial para o bem comum através de seus departamentos e agências, de acordo com seus princípios próprios e à luz da visão cristã dos direitos e da dignidade da pessoa humana".

O Papa destacou os bons laços entre os dois países, especialmente desde o estabelecimento das plenas relações diplomáticas, há trinta anos. O Bispo de Roma indicou a partilha de posições comuns no que diz respeito à paz entre as nações, ao desenvolvimento integral dos povos e a defesa dos autênticos direitos humanos.

A recente visita da Rainha Elisabeth II à República da Irlanda foi considerada um importante marco no processo de reconciliação na Irlanda do Norte. "Aproveito esta oportunidade mais uma vez para encorajar todos os que recorrem à violência para pôr de lado as suas acusações e, ao invés disso, buscar um diálogo com seus vizinhos para a paz e a prosperidade de toda a comunidade".

Colaboração

A Santa Sé e o Reino Unido já se comprometeram e trabalharam juntos em iniciativas de alívio da dívida e financiamento do desenvolvimento, indicou o Santo Padre.

"O desenvolvimento sustentável dos povos mais pobres do mundo através de bem orientada assistência continua sendo um objetivo digno, uma vez que os povos dos países em desenvolvimento são nossos irmãos e irmãs, de igual dignidade e valor e merecedores de nosso respeito em todos os sentidos, e essa ajuda deve sempre visar o  melhoramento de suas vidas e perspectivas econômicas", declarou.

O desenvolvimento é também benéfico para os países doadores, não somente devido à criação de mercados econômicos, mas também através da promoção do respeito mútuo, solidariedade e, acima de tudo, a paz através da prosperidade para todos os povos do mundo. Assim, promover modelos de desenvolvimento que utilizam o conhecimento moderno no trato dos recursos naturais também ajudará a proteger melhor o ambiente para os países emergentes e desenvolvidos.

"É por isso que eu comentei, no Westminster Hall, no ano passado, que o desenvolvimento humano integral, e tudo o que isso implica, é um empreendimento verdadeiramente digno de atenção do mundo e que é demasiado grande para que se possa falhar. Gostaria de convidar o primeiro-ministro Cameron a, durante o seu mandato, explorar formas de aprofundar a cooperação entre o Governo e as agências de caridade e desenvolvimento da Igreja, especialmente aquelas baseados aqui em Roma e em seu país".

Visita ao Reino Unido

A visita que o Pontífice fez ao território, em setembro do ano passado, serviu para fortalecer ainda mais as relações diplomáticas. "Foi um marco ao longo da história partilhada entre a Santa Sé e os países que hoje compõem o Reino Unido. Gostaria de reafirmar minha gratidão ao povo britânico pela calorosa acolhida que recebi durante minha estadia", disse.

Bento XVI recordou também a hospitalidade da Rainha Elisabeth II e do Duque de Edimburgo, o encontro com os líderes políticos e, de modo particular, a Beatificação do Cardeal John Henry Newman. "Estou convencido da relevância que as inspirações de Newman possuem para a sociedade, Reino Unido, Europa e o Ocidente em geral, face aos desafios que ele identificou com particular clareza profética. É minha esperança de que uma renovada consciência sobre seus escritos trará novos frutos no contexto da busca de soluções para as questões políticas, econômicas e sociais de nossa época".

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