Saudação

Papa: a fome não consiste apenas na falta de pão, mas na falta de Deus

Saudação do Papa Francisco à Associação Agrária “Jovens Agricultores” da Espanha, recebida na manhã deste sábado no Vaticano

Da Redação, com Vatican News

Foto: Alessia Giuliani /Catholic Press Photo/Vatican Media/IPA/ABACAPRESS.COM

O Santo Padre recebeu, na manhã deste sábado, 13, no Vaticano, os membros da Associação Agrária “Jovens Agricultores”, provenientes da Espanha, ansiosos de poder demonstrar seu trabalho no campo e com o gado, e o serviço que prestam à sociedade.

Em sua saudação aos presentes, o Papa disse: “Como em tantos outros âmbitos da vida, a ecologia não consiste apenas em relatos sagazes de especialistas, tampouco de notícias e projetos populares, que chegam às pessoas por meio das comunicações sociais. Tudo isso pode ser necessário e benéfico, se for feito com consciência, mas não ocupa o primeiro lugar”.

Aqui, Francisco recordou que seu país, a Argentina, é um país que se dedica, sobretudo, à agricultura. Embora ele tivesse vivido na cidade, teve a oportunidade de conhecer esta realidade e a perceber que os primeiros ecologistas são os agricultores, os que trabalham com animais e plantas, apesar de seus problemas e sucessos. Viver na natureza que nos circunda é uma honra e, claro, uma grande responsabilidade.

Neste sentido, Francisco afirmou que “a vocação divina dos que trabalham no campo os tornam testemunhas da ecologia integral, da qual o mundo precisa: uma vocação primordial, que faz parte da tarefa antiga de colaborar com a criação de Deus”. Trata-se de uma vocação multidisciplinar, pois conjuga a relação direta com a terra, seu cuidado e cultivo, com o serviço à sociedade.

Então, o Papa perguntou aos agricultores presentes: o que Deus quer que vocês façam com seu trabalho? E respondeu:

“Deus pede-lhes para ver o campo como um dom, como algo que lhes foi dado e que vocês deixarão como herança aos seus filhos; pede-lhes para ver a produção como um dom do Senhor, que, através de vocês, concede ao seu povo para saciar a sua fome e sede. A fome não consiste apenas na falta de pão, mas também na falta de Deus, que, para saciar a humanidade, não hesitou em se tornar alimento, carne, para chegar ao coração do homem.”

Deste valor fundamental, acrescentou o Papa, surge a responsabilidade que lhes foi confiada, como também a todos os que, de certa forma, participam da produção, transformação e distribuição de alimentos. Temos que trabalhar para que este imenso dom que Deus nos dá não se transforme em arma, por exemplo, impedindo a chegada de alimentos às populações em conflito, ou não se transforme em mecanismo de especulação, com a manipulação de preços e o comércio de produtos, com o único objetivo de obter maior ganho.

“Devemos denunciar tudo isso. Ninguém merece tais especulações, nem os animais que vocês cuidam, com tanta dedicação, nem as pessoas, para as quais vocês trabalham com entusiasmo. Enfim, nem Deus merece, pois é uma ofensa para todos.”

O Santo Padre concluiu sua saudação aos membros da Associação Agrária “Jovens Agricultores” da Espanha, exortando-os:

“Não desanimem, pois toda vocação comporta uma cruz: vocês aceitam o esforço de trabalhar duramente, porque, com os animais, não há feriados e greves. É bem mais difícil aceitar a incompreensão dos que não dão o devido valor a um trabalho tão essencial para a vida, como a produção de alimentos.”

Por fim, o Papa confiou à Virgem Santíssima o trabalho dos agricultores, para que se sintam sempre perto de Jesus, que, na Cruz, ofereceu sua carne como alimento e deu a sua vida, para que também nós tenhamos vida em abundância!

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