Domingo

'Não há uma cultura pura que purifique os outros', diz Papa no Ângelus

No Ângelus deste domingo, 7, Francisco lembrou que o que há é o Evangelho puro, capaz de se inculturar

Da redação, com Vatican News

Após a missa de encerramento do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-amazônica, o Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus, deste domingo, 27.

“A missa celebrada, esta manhã, na Basílica de São Pedro concluiu a Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-amazônica. A Primeira Leitura, do Livro do Eclesiástico, nos recordou o ponto de partida desse caminho: a oração do pobre que ‘atravessa as nuvens’, pois ‘Deus escuta a oração do oprimido’. O grito dos pobres, junto ao grito da terra, veio da Amazônia. Depois dessas três semanas não podemos fazer de conta de não tê-lo ouvido. As vozes dos pobres e a de tantos outros dentro e fora da Assembleia sinodal, pastores, jovens e cientistas nos impelem a não permanecer indiferentes. Ouvimos muitas vezes a frase “depois é tarde demais”: esta frase não pode permanecer um slogan.”

“O que foi o Sínodo?” Perguntou o Papa. “Foi, como diz a palavra, um caminhar juntos, revigorados pela coragem e pelo consolo que vem do Senhor. Caminhamos, olhando-nos nos olhos e ouvindo-nos, com sinceridade, sem esconder as dificuldades, experimentando a beleza de caminhar unidos, para servir.”

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Francisco sublinhou que “na segunda leitura deste domingo, o apóstolo Paulo nos incentiva a isso: num momento dramático para ele, pois sabe que está para ser oferecido em sacrifício, ou seja, que chegou o momento de deixar esta vida, e escreve naquele momento: ‘O Senhor esteve a meu lado e me deu forças. Ele fez com que o Evangelho fosse anunciado por mim integralmente e ouvido por todas as nações’. Eis o último desejo de Paulo: não algo para si ou para alguns dos seus, mas para o Evangelho, para que seja anunciado a todos os povos. Isso vem antes de tudo e conta acima de tudo. Cada um de nós já se perguntou muitas vezes o que fazer de bom para a própria vida. Hoje é o momento. Perguntemo-nos: “O que eu posso fazer de bom pelo Evangelho?”

“No Sínodo, nos fizemos essa pergunta com o desejo de abrir novas estradas ao anúncio do Evangelho. Anuncia-se somente o que se vive. Para viver de Jesus, para viver do Evangelho, é preciso sair de si mesmo.”

“Sentimo-nos, então, impelidos a decolar”, frisou o Papa, “a deixar as costas confortáveis de nossos portos seguros para penetrar nas águas profundas: não nas águas pantanosas das ideologias, mas no mar aberto, onde o Espírito nos convida a lançar as redes”.

Francisco convidou a invocar a Virgem Maria, para o caminho que virá, “venerada e amada como Rainha da Amazônia”. Maria adquiriu esse título não como conquistadora, “mas inculturando-se. Com a coragem humilde de mãe, tornou-se a protetora de seus filhos, a defesa dos oprimidos. Sempre indo à cultura dos povos: não há uma cultura padrão, não há uma cultura pura que purifique os outros. Existe o Evangelho, puro, que se incultura. A ela, que cuidou de Jesus na casa pobre de Nazaré, confiamos os filhos mais pobres e de nossa Casa comum”.

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