TERRA SANTA

Carta do Papa aos patriarcas do Oriente Médio: guardiães da fé

Em uma Carta para o Dia da Paz para o Oriente, Francisco exorta a Igreja do Oriente Médio a inspirar-se na Sagrada Família

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco, em maio, encontra-se com o Ministro das Relações Exteriores do Iraque, Fuad Hussein / Foto: IPA/ABACA via Reuters

“A consagração à Sagrada Família convoca cada um de vocês a redescobrir como indivíduos e como comunidade sua vocação de ser cristãos no Oriente Médio, não apenas pedindo o justo reconhecimento de seus direitos como cidadãos originários dessas amadas terras, mas vivendo sua missão como guardiães e testemunhas das primeiras origens apostólicas”: foi o que escreveu o Papa em sua Carta enviada aos Patriarcas Católicos do Oriente Médio que, neste domingo, 27, Dia da Paz para o Oriente Médio, celebram uma Divina Liturgia para consagrar sua terra à Sagrada Família.

Guardiões do mistério feito carne

“Jesus, José e Maria, de fato, representam bem a sua identidade e sua missão”, explica o Papa, a partir da custódia do “mistério do Filho de Deus que se encarnou”, de constituir-se “ao redor de Jesus e por causa dele”. Maria O deu a nós, José O acolheu pronto para cumprir toda vontade do Pai. “Um mistério de humildade e espoliação”, o do nascimento em Belém, ao qual se une “a indigência das pessoas forçadas a emigrar” quando Maria e José partiram para o Egito para poder proteger o Filho de Deus.

Desta forma, porém, eles permanecem fiéis à sua vocação e, inconscientemente, antecipam o destino de Jesus que será de exclusão e perseguição, quando ele se tornar adulto e que, no entanto, revelará a resposta do Pai na manhã da Páscoa.

Peregrino e em oração pelo Oriente Médio

Aos Patriarcas “guardiães e testemunhas das primeiras origens apostólicas” Francisco também reitera sua proximidade, hoje, como desde o início de seu pontificado, seja como peregrino, com viagens à Terra Santa, ao Egito, aos Emirados Árabes e ao Iraque, seja convidando toda a Igreja à oração e à solidariedade, como aconteceu em prol da Síria e em 1º de julho acontecerá pelo Líbano, com a participação de “todos os Chefes das Igrejas do País dos Cedros”.

As civilizações caem, a Palavra de Deus permanece

Em um lugar onde “civilizações e dominações surgiram, floresceram e depois caíram”, destaca o Pontífice, a Palavra de Deus, a partir do “nosso pai Abraão”, “continuou a ser uma lâmpada que iluminou e ilumina nossos passos”. O Oriente Médio – repete Francisco, usando uma imagem já conhecida desde a sua viagem ao Iraque – é como um “tapete”, fruto do entrelaçamento de “numerosos fios que somente estando juntos lado a lado se tornam uma obra-prima”:

Se a violência, a inveja, a divisão, podem vir a arrancar até mesmo um só desses fios, todo o conjunto é ferido e desfigurado. Nesse momento, os projetos e acordos humanos podem fazer pouco se não confiarmos no poder curador de Deus. Não procurem saciar sua sede nas fontes envenenadas do ódio, mas deixem o campo de seus corações ser regado pelo orvalho do Espírito, como fizeram os grandes santos de suas respectivas tradições: copta, maronita, melquita, siríaca, armênia, caldeia, latina.

Sejam sal de suas terras para o bem comum

O convite final, portanto, aos Patriarcas católicos do Oriente Médio é a serem “sal de suas terras”, de acordo com os princípios da Doutrina Social da Igreja — o Dia da Oração de fato coincide com o 130º aniversário da Encíclica Rerum Novarum — e a “viverem a profecia da fraternidade humana”, que esteve no coração dos encontros do Papa em Abu Dhabi e Najaf e da Encíclica Fratelli tutti.

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