Reconciliação e transparência na gestão pública: são esses os principais pedidos que o Papa Bento XVI fez aos responsáveis pela administração pública da Costa do Marfim. Nesta sexta-feira, 4, o Pontífice recebeu o embaixador da Costa do Marfim, Joseph Tebah-Klah, que apresentou suas cartas credenciais.
“É com grande preocupação que sigo o drama da crise pós-eleitoral vivida em vosso país”, uma crise que “minou a coesão social e levou à divisão”, destacou o Papa sobre o principal fator que gere desequilíbrio nesta nação africana.
Para o Santo Padre, esta pátria de diversas etnias deve encontrar bases para uma nova convivência e que este esforço possa ser modelo para toda África.
Violação os direitos humanos
“A grave crise que a Costa do Marfim viveu gerou graves violações aos direitos humanos e vitimou muitas pessoas. Encorajo agora vosso país a promover todas as iniciativas diretas para a paz e justiça. Não tenham medo de encontrar a verdade sobre os crimes e as violações cometidas contra os direitos humanos. Viver juntos será possível somente por meio da busca harmoniosa da verdade e da justiça”, ressaltou o Pontífice.
Bento XVI disse ver de forma favorável a instituição da “Comissão verdade-diálogo-reconciliação” e pediu por um trabalho diligente e principalmente imparcial. Segundo ele, é preciso equilíbrio para considerar o passado em função de um futuro mais estável e é preciso ainda acabar com a corrupção.
“Gostaria de encorajar os responsáveis do vosso país para se empenharem a caminho em direção a um governo transparente e equitativo. Acolho de forma favorável o código de boa conduta para os membros do governo, adotado na primeira quinzena de agosto. Para alcançar o bem comum é preciso disciplina, justiça e transparência na governabilidade. Espera-se que os políticos façam todo esforço para garantir que as riquezas do país beneficiem igualmente todos os cidadãos”, reforçou o Papa.
O Santo Padre pediu respeito aos direitos humanos e à sacralidade da vida humana, bem como à liberdade religiosa. Ele também reafirmou o empenho da Igreja Católica na Costa do Marfim na colaboração com o Estado para a reconstrução do país.
A Igreja e o Estado
A Igreja, observou o Pontífice, “não quer substituir o Estado”, mas por meio de tantas instituições educativas e sanitárias pode oferecer uma grande ajuda ao país que precisa “sanar tantas feridas do corpo e da alma”.
O Papa acrescentou que a nação precisa de instituições educativas fortes que se empenham em promover valores morais, intelectuais, humanos e espirituais. Assim, "o projeto educativo deve ser uma prioridade para a construção da Consta do Marfim de manhã, uma não dinâmica e próspera, pacífica e responsável".
A Santa Sé e a Costa do Marfim mantêm relações diplomáticas há 40 anos.