Aos religiosos, Papa fala de "guerra mundial contra o matrimônio"

O Papa Francisco encontrou os  sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas na Catedral de Santa Maria da Assunção, em Tbilisi

Da redação, com Rádio Vaticano

O primeiro compromisso do Papa Francisco na tarde deste sábado, 1º, foi o encontro com os sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas na Catedral de Santa Maria da Assunção, em Tbilisi.

O evento foi introduzido pelo Administrador Apostólico, Dom Pasotto, que falou da experiência desta pequena minoria católica: é um desafio e uma oportunidade ser minoria, mas às vezes é duro. Após seguiram-se quatro testemunhos: um jovem, uma mãe de família, um seminarista e um sacerdote.

Guerra mundial contra o matrimônio

O Papa falou de improviso. “Hoje, ‘um grande inimigo’ do matrimônio é a teoria de gênero. Existe uma guerra mundial para destruir o matrimônio, mas não é destruído com as armas, é destruído com as ideias. São as colonizações ideológicas que destroem. Por isto é necessário defender-se das colonizações ideológicas”, disse.

O divórcio mancha a imagem de Deus

O Papa Francisco disse que o matrimônio é a coisa mais bonita que Deus criou e que a Bíblia diz que Deus criou “homem e mulher, os criou à Sua imagem”.

“Ou seja, o homem e a mulher que tornam-se uma só carne, são a imagem de Deus. No matrimônio existem as dificuldades, incompreensões, tentações. Seguidamente se quer resolver estas dificuldades com o divórcio. Mas quem paga as despesas do divórcio? Duas pessoas pagam”, afirmou o Santo Padre.

Ele observa que apesar disso, quem mais paga é Deus, “pois quando se divorcia uma só carne, se mancha a imagem de Deus. E pagam as crianças, os filhos. Vocês não sabem, queridos irmãos e irmãs, vocês não sabem o quanto sofrem as crianças, os filhos pequenos, quando veem as brigas e a separação dos pais. Deve-se fazer de tudo para salvar o matrimônio”.

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O Pontífice afirma que é normal que haja brigas no matrimônio e brinca dizendo que “às vezes voam os pratos”, mas se é amor verdadeiro, então ali se faz a paz logo.

“Eu aconselho aos casais: briguem o quanto quiserem, mas não acabem o dia sem fazer as pazes. Sabem por que? Porque a guerra fria do dia seguinte é muito perigosa”.

“Quantos matrimônios são salvos caso se tenha a coragem. No fim do dia, não fazer um discurso, mas um carinho, e é feita a paz. Mas é verdade, existem situações mais complexas, quando o diabo se mistura e coloca uma mulher diante de um homem que parece a ele bem mais bonita do que a sua ou quando coloca um homem diante de uma mulher, que parece a ela bem mais bonito do que o seu. Peçam ajuda logo. Quando surge esta tentação, peçam ajuda logo”, prosseguiu.

Como ajudar os casais

O Papa Francisco questiona: “como se ajuda os casais?” E ele mesmo responde dizendo que se ajuda com a acolhida, a proximidade, o acompanhamento, o discernimento e a integração no corpo da Igreja. Acolher, acompanhar, discernir e integrar. Acolher. Acompanhar. Discernir. Integrar. Na comunidade católica se deve ajudar e salvar os matrimônios.

As três palavras de ouro: dá licença, perdão, obrigado

Assim, reitera Francisco, as “três palavras de ouro na vida do matrimônio”: dá licença, perdão, obrigado.

“Quando existe algo que alguém faz pelo outro, vocês sabem dizer obrigado? E se um dos dois faz uma diabrura, sabem pedir perdão? E se vocês levam em frente um plano, ir pro campo, sabem pedir a opinião do outro? Três palavras: Posso? Obrigado! Perdão! Se nos matrimônios estas palavras são usadas. Mas, perdoa-me, eu fui ruim”. “Mas, posso fazer isto?” ou “Obrigado pela boa comida que preparaste” – “Posso?”, “obrigado”, “perdão”. Se se utilizam estas três palavras o matrimônio irá bem, em frente”.

A fé de uma senhora idosa

Ao falar de fé, o Papa cita o exemplo de uma senhora muito idosa, um episódio ocorrido no final da Missa em Gyumru, na Armênia, em junho passado. “Ela estava atrás de obstáculos. Era uma mulher humilde, muito humilde. Me saudou com amor e me disse isto: Eu sou armênia, mas moro na Geórgia. E vim da Geórgia”. Tinha viajado 6 à 8 horas de ônibus, para encontrar o Papa”.

E no dia seguinte, esta mesma senhora havia partido para Yerevan para encontrar novamente o Papa. “Ser firmes na fé é o testemunho que deu esta mulher. Acreditava que Jesus Cristo, Filho de Deus, tinha deixado Pedro sobre a terra e ela queria ver Pedro. Firmes na fé significa capacidade de receber dos outros a fé, conservá-la e transmiti-la”.

Que os avós transmitam a fé

O Papa Francisco citou novamente o exemplo dos avós e exemplificou que ser firmes na fé é também manter viva a memória do passado, a história nacional e ter a coragem de sonhar e de construir um futuro luminoso.

“Firmes na fé significa não esquecer aquilo que nós aprendemos. Antes pelo contrário. Fazê-lo crescer e dá-lo aos nossos filhos. É por isto que em Cracóvia dei aos jovens como missão especial falar com os avós. São os avós que nos transmitiram a fé”, afirma.

Momentos escuros da vida

Sobre os momentos escuros da vida, o Papa disse que todos “temos momentos escuros.” Nestes momentos o que se deve fazer é parar. Fazer memória. Memória do momento em que eu foi tocado ou tocada pelo Espírito Santo.

“A perseverança na vocação está radicada na memória daquele carinho que o Senhor nos fez e nos disse: Vem, vem comigo!”. E isto é o que eu aconselho a todos vocês consagrados: não retroceder, quando existem as dificuldades.

A Igreja é mulher

O Papa Francisco falou também de uma Igreja aberta, que não se fecha em si mesma, que seja uma Igreja para todos, uma Mãe madura – a mãe é assim.

“Existem duas mulheres que Jesus quis para todos nós: sua mãe e a sua esposa. As duas se assemelham. A mãe é a mãe de Jesus e Ele a deixou como nossa mãe. A Igreja é a esposa de Jesus e é também a nossa mãe. Com a Mãe Igreja e a Mãe Maria se pode seguir em frente seguros. E lá encontramos a mulher novamente”, afirma.

Nunca fazer proselitismo com os ortodoxos

Por fim, o Santo Padre falou da questão do ecumenismo. “Não brigar nunca! Deixemos que os teólogos estudem as coisas abstratas da teologia. O que eu devo fazer a um amigo, um vizinho, uma pessoa ortodoxa? Ser aberto, ser amigo. Mas devo fazer um esforço para convertê-lo? Existe um grande pecado contra o ecumenismo: o proselitismo.”

O Santo Padre acrescenta dizendo que nunca se deve fazer proselitismo com os ortodoxos! São irmãos e irmãs, discípulos de Jesus Cristo.

Defender-se da mundanidade

E concluiu: “A todos vocês católicos georgianos, vos peço: defendam-se da mundanidade. Jesus nos falou tão forte contra a mundanidade. E no discurso da Última Ceia pediu ao Pai: defenda-os da mundanidade. Defenda-os do mundo”.

Peçamos esta graça, todos juntos: que o Senhor nos liberte da mundanidade; nos faça homens e mulheres de Igreja; firmes na fé que recebemos da avó e da mãe; firmes na fé que é segura sob a proteção do manto da Santa Mãe de Deus.


adailton

Adailton Batista é missionário da Comunidade Canção Nova desde 2009. Nasceu na cidade de Janaúba, MG. Atua como Gerente de mídias sociais e produtor de conteúdo do portal cancaonova.com. Estudante de jornalismo na Faculdade Canção Nova, é também autor do blog.cancaonova.com/metanoia.

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