Especial de Natal

Especial de Natal é dedicado aos refugiados a exemplo da Sagrada Família, que se refugiou no Egito

Por Letícia Barbosa e Wesley Almeida

No dia 25 de dezembro, comemora-se o nascimento de Jesus, em Belém, mas para que isso acontecesse foi preciso que José e sua esposa, Maria – que estava grávida –, refugiassem-se no Egito devido à perseguição de Herodes.

A Sagrada Família passou pela “condição dramática dos refugiados, marcada por medo, pelas incertezas e necessidades”, como afirmou Papa Francisco, em 2013, durante a reflexão do Ângelus no dia da Sagrada Família.

“A fuga para o Egito, por causa das ameaças de Herodes, mostra-nos que Deus está onde o homem está em perigo, lá onde sofre, onde é fugitivo, onde experimenta a rejeição e o abandono; mas Deus está também lá onde o homem sonha, espera voltar à pátria na liberdade, projeta e escolhe pela vida, pela sua dignidade e a de seus familiares”, disse o Papa.

Essa mesma situação ocorrida, há mais de dois mil anos, com a Sagrada Família, é vivida também por milhares de pessoas nos dias de hoje. Elas são obrigadas a deixar seus países por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, tornando-se refugiadas.

Esse é o caso de Abdulbaset Jarour, que atualmente vive em São Paulo (SP). 

Abdulbaset

Abdul tem 26 anos e é formado em Administração de Empresas. Vivia com sua família na cidade de Aleppo, norte da Síria. Está no Brasil há dois anos e meio.

Ingressou no serviço militar obrigatório em 2010. Segundo os critérios sírios, como Abdul era graduado, deveria ser dispensado do exército no ano de 2011; entretanto, com o início da guerra síria, no fim de 2010, ele permaneceu no exército.

A Síria passa por um momento delicado com conflitos que provocaram a morte de quase cinco milhões de refugiados. É considerada a pior crise humanitária em sete décadas. Diante do grande número de pessoas refugiadas no Brasil, o Governo facilitou a entrada dessas pessoas.

Abdul deixou a Síria legalmente, uma vez que o Governo brasileiro lhe concedeu visto.

Em setembro de 2013, o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), um órgão interministerial presidido pelo Ministério da Justiça, para amparo com políticas específicas para refugiados no país, publicou a Resolução nº. 17, que autoriza as missões diplomáticas brasileiras a emitir visto especial a pessoas afetadas pelo conflito na Síria.

Em setembro de 2015, a Resolução foi prorrogada por mais dois anos. Assista ao vídeo e conheça a história do sírio:

Essa mesma realidade é vivida pelo congolês Jean Katumba, que vive em São Paulo (SP).

Jean Katumba

O africano da República Democrática do Congo está no Brasil há quatro anos. Por motivos políticos, ele foi obrigado a deixar seu país.

Uma das maiores dificuldades relatadas por ele é a língua. Jean fala fluentemente francês e inglês, mas teve de aprender português.

O africano contou com a ajuda da Caritas e também da Missão Paz, na qual padre Paolo Parise atua diretamente com trabalhos pastorais. O sacerdote contou, em entrevista, sua experiência com migrantes e refugiados. 

Devido às dificuldades enfrentadas, Jean decidiu fundar a ONG “África do Coração”, para auxiliar outros refugiados. 

Na ONG, Jean conta com a ajuda de outros profissionais brasileiros, como a assistente social Iris Santos, que relatou no vídeo como os refugiados chegam no país, tanto psicológica quanto fisicamente.   

Assista ao vídeo e conheça essa história:

Missão Paz

Fundada, em novembro de 1887, pelo Bem-aventurado João Batista Scalabrini, a congregação possui cerca de 700 religiosos Missionários de São Carlos – Scalabrinianos.

É uma comunidade internacional, que está presente em 34 países dos cinco continentes, auxiliando migrantes das mais diversas culturas, crenças e etnias. 

O refúgio no Brasil

Os refugiados que adentram em solo brasileiro contam com o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), um órgão interministerial presidido pelo Ministério da Justiça, para amparo com políticas específicas para refugiados no país.

A lei garante a emissão de documentos básicos aos refugiados, como o documento de identificação e de trabalho, além da liberdade de movimento no território nacional e de outros direitos civis.

Segundo o CONARE, o número total de solicitações de refúgio aumentou mais de 2.868% entre 2010 e 2015 (de 966 solicitações em 2010 para 28.670 em 2015).

Informações mais recentes (abril de 2016) indicam que o Brasil possui 8.863 refugiados reconhecidos, de 79 nacionalidades distintas.

 

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Solicitação de Refúgio

Segundo dados do Comitê Nacional para os Refugiados, em 2015, havia 28 mil 670 solicitações de refúgio no Brasil. Dentre esses pedidos, os três países em que houve mais solicitantes foram Haiti, Senegal e Síria.

Perfil dos solicitantes

Esses dados captados são de de 2010 a 2015, fornecidos pelo Departamento da Polícia Federal, os quais indicam que 48,7% dos solicitantes são pessoas de 18 a 29 anos sendo 80,8% homens.

No Brasil, o país que mais teve reconhecimento da situação de refúgio foi a Síria. Houve um aumento de 127% do número total de refugiados reconhecidos no Brasil entre 2010 e 2016.

As cinco maiores nacionalidades de refugiados reconhecidos são sírios, angolanos, colombianos, congoleses e libaneses.

Mensagem aos cristãos

Papa Francisco encerra a reflexão do Ângelus, no dia da Sagrada Família, exortando os cristãos sobre essa realidade.

“Nem sempre os refugiados e os imigrantes encontram acolhimento verdadeiro, respeito, apreço pelos valores de que são portadores. As suas legítimas expectativas se confrontam com situações complexas e dificuldades que parecem, às vezes, insuperáveis”, encerra o Santo Padre.

Fonte: Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR)

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