Papa na Sicília

Visita à Sicília: Papa Francisco celebra Missa em Palermo

Papa Francisco visitou a região italiana por ocasião dos 25 anos de morte de Padre Pino Puglisi, assassinado pela máfia

Da redação, com Vatican News

Papa Francisco, durante a Santa Missa celebrada em Palermo./ Foto: Reprodução Youtube VaticanMedia

O Papa Francisco celebrou, na manhã deste sábado, 15, a Santa Missa em memória do Beato Giuseppe Puglisi, no Foro Itálico, em Palermo, na Sicília – Itália. Pino Puglisi, como era mais conhecido, era sacerdote e foi assassinado pela máfia italiana em 15 de setembro de 1993.

Francisco lembrou a alegria de Pino Puglisi, recordou as palavras do assassino que afirmou que “havia uma espécie de luz” no sorriso do sacerdote.

Em sua homilia, o Santo Padre exortou aos mafiosos que se convertessem, pois caso contrário, sua vida estaria perdida, e seria “a pior das derrotas”:

“Não se pode acreditar em Deus e ser mafioso. Quem é mafioso não vive como cristão. Parem de pensar em si mesmos e no seu dinheiro. Vocês sabem que o sudário não tem bolsos. Vocês não poderão levar nada com vocês. Convertam-se ao verdadeiro Deus de Jesus Cristo, queridos irmãos e irmãs.”

As palavras do Pontífice foram claras em relação ao egoísmo, e ao estilo mafioso de ser e agir:

“Hoje Deus nos fala da vitória e da derrota”, disse o Papa referindo-se ao Evangelho do dia, “e somos chamados a escolher de que parte estamos: viver para si – com a mão fechada – ou doar a vida – a mão aberta. Somente doando a vida se derrota o mal. Um preço alto, mas somente assim”.

Liberdade

O Papa lembrou que quem vive para si, e multiplica sua fortuna, tem sucesso e parece vencedor aos olhos do mundo, mas quem vive para si não perde somente alguma coisa, mas toda a vida. Francisco afirmou que quem se doa encontra o sentido da vida e vence, e reforçou que há uma escolha entre o amor e o egoísmo:

“O egoísta pensa em cuidar da própria vida e se apega às coisas, ao dinheiro, ao poder, ao prazer. Então o diabo tem as portas abertas. O diabo entra pelos bolsos. Se você é apegado ao dinheiro, isto é, ao diabo. O diabo faz acreditar que tudo está bem, mas na verdade o coração se anestesia com o egoísmo. O egoísmo é uma anestesia muito poderosa. Este caminho sempre acaba mal: no final se fica sozinho, com um vazio por dentro. O fim dos egoístas é triste: vazios, sozinhos, circundados somente por aqueles que querer herdar”. – e falou da liberdade do serviço:

“Dinheiro e poder não libertam o homem, fazem dele um escravo. Vejam: Deus não exerce poder para resolver nossos males e os males do mundo. Seu caminho é sempre o do amor humilde: somente o amor liberta internamente, dá paz e alegria. Por isso que o verdadeiro poder, o poder segundo Deus, é serviço. Jesus o diz. E a voz mais forte não é a aquela de quem grita mais. A voz mais forte é a oração. E o maior sucesso não é a própria fama, como o pavão, não! A glória maior é, o sucesso maior é, o próprio testemunho”.

Por fim, Papa Francisco lembrou o testemunho do sacerdote Pino:

“Não vivia para se mostrar, não vivia de apelos antimáfia, e tampouco se contentava em não fazer nada, mas semeava o bem. Sua lógica, parecia uma lógica perdedora, enquanto a lógica da carteira parecia vencedora, mas a lógica do deus-dinheiro é sempre perdedora.

O Pontífice recordou que o padre sabia que arriscava, “mas sabia sobretudo que o perigo verdadeiro na vida é não arriscar, é ir levando a vida entre comodidades, futilidades e atalhos”. E pediu que Deus liberte os cristãos desse mal:

“Deus nos liberte de vivermos no lado negativo, nos contentando com meias-verdades. As meias-verdades não saciam o coração, não fazem bem. Deus nos liberte de uma vida pequena, que gira em torno das “mesquinharias”. Liberte-nos de pensar que tudo está bem se estiver tudo bem comigo, o outro que se arranje. Liberte-nos de acreditarmos que somos justos se não fizermos nada para combater a injustiça. Quem não faz nada para combater a injustiça não é um homem ou uma mulher justo. Liberte-nos de acreditarmos que somos bons, somente porque não fazemos nada de mal (…). Senhor, dá-nos o desejo de fazer o bem; buscar a verdade detestando a falsidade; de escolher o sacrifício, não a preguiça; o amor, não o ódio; o perdão, não a vingança”.

Populismo Cristão

O Papa lembrou que não se pode seguir a Jesus somente com ideias, mas de forma concreta:

“Não espere que a Igreja faça algo por você, comece você. Não espere que a sociedade o faça, comece você! Não pense em si mesmo, não fuja da sua responsabilidade, escolha o amor! (…) Este é o único populismo possível: escutar o seu povo, o único populismo cristão: ouvir e servir o povo, sem gritar, acusar e provocar contendas”.

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