"La Última Cima"

Vida sacerdotal autêntica faz sucesso em documentário

Um novo recorde: mais de 100 mil espanhóis já assistiram ao filme La Última Cima [O Último Cume], que se torna a sexta maior bilheteria no país.

O documentário já é um dos mais vistos da história da Espanha e se tornou conhecido como "o filme que fala bem dos padres", pois narra a vida do sacerdote Pablo Domínguez, falecido há pouco mais de um ano devido a um acidente enquanto escalava uma montanha.

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"Pablo era conhecido e querido por um número incalculável de pessoas. La Última Cima mostra a marca profunda que pode deixar um bom sacerdote nas pessoas com as quais cruza, ao mesmo tempo em que provoca no espectador a pergunta comprometedora: 'Também eu poderia viver assim?'", assinala a sinopse disponível no site oficial do filme, que já começou a despertar vocações sacerdotais entre os espectadores.

A produção é de Infinito+1 e a direção de Juan Manuel Cotelo. Em entrevista à ACI Prensa, Cotelo reflete sobre as razões do grande sucesso do filme e confirma que há negociações para que a produção chegue à América Latina e Estados Unidos.

Para o diretor, a esmagadora resposta dos espectadores – tanto em número quanto em histórias de conversão – "deve-se ao magnetismo que tem Deus sobre qualquer pessoa".

"Se o padre Pablo atrai, é  porque o amor de sua vida também atrai. O protagonista da vida de Pablo é Deus e, na película, também. Não há, entre todos os atores e atrizes mais famosos do mundo, um protagonista mais atrativo e atraente que Deus", indica.

Assista ao trailler 1

A seguir, confira a entrevista na íntegra:

ACI Prensa: Como nasceu a idéia de filmar “La Última Cima”?

Juan Manuel Cotelo: Surgiu contra a minha vontade, inicialmente. Primeiro, resisti em conhecer a Pablo, mas o conheci pela insistência de um amigo. Encontrei nele um sacerdote simpático, brincalhão, profundo, carinhoso e próximo, que imediatamente pôs-se em meu auxílio. Duas semanas depois, soube que havia falecido e descobri vaias coincidências entre sua vida e a minha: nasceu três dias antes que eu, no mesmo bairro, e compartilhamos do amor pelas montanhas. Penso que também nos unia o desejo de apresentar o amor de Deus aos homens de modo amável, atrativo, simples, simpático, otimista, para todos os públicos, rompendo barreiras. Porque não há outro modo de apresentar o Evangelho. E, pouco a pouco, segundo averiguei mais coisas sobre ele, me dei conta de que sua vida merecia ser conhecida, porque era estimulante para qualquer um.

ACI Prensa: O que há na vida de Pablo Domínguez que chamou tanto a atenção do público?

Cotelo: A eficácia maravilhosa que pode ter um cristçao coerente. Sobretudo, destaca sua alegria contagiante, e seu enamoramento contagiante por Deus e pelas pessoas. Pablo é um modelo próximo, imitável, de carne e osso. É alguém que demonstra com ações que a santidade, hoje, é possível para todos. Que não é preciso realizar grandes gestos para que a tua vida seja plena para ti e para os que te rodeiam. Tudo isso chega ao espectador, que sai do cinema muito comovido, não somente pelo que conheceu acerca da vida de Pablo, mas pelo que descobre que pode ser também sua própria vida a partir daquele momento. Somente assim se explica que haja tantos espectadores que experimentam um processo de conversão pessoal, após ver o filme.

ACI Prensa: O filme é um sucesso de bilheteria. A que se deve isto?

Cotelo: Isto se deve a vários fatores. Em primeiro lugar, à personalidade de Pablo, que é tão atrativa. Todos gostam de conhecer e de se aproximar de boas pessoas, e Pablo é uma delas. Por isso, o filme sobre sua vida atrai tanta gente, do mesmo modo que suas Missas estavam repletas de pessoas que queriam escutá-lo e vê-lo celebrar. Em segundo lugar, deve-se a que os espectadores, quando saem da sala, recomendam o filme a outras pessoas com entusiasmo. Não existe melhor publicidade que uma pessoa viva e próxima que recomende algo. O sucesso não se deveu à publicidade "inerte", nem a um plano estratégico, mas à promoção viva que fizeram os próprios espectadores, em pessoa ou através da Internet, com seus contatos, conhecidos, amigos e familiares. E em terceiro lugar diria que, sobretudo, deve-se ao magnetismo que Deus tem sobre qualquer pessoa. Se o padre Pablo atrai, é  porque o amor de sua vida também atrai. O protagonista da vida de Pablo é Deus e, na película, também. Não há, entre todos os atores e atrizes mais famosos do mundo, um protagonista mais atrativo e atraente que Deus.

Confira como foi a pré-estreia na Espanha

ACI Prensa: Qual é a importância de difundir uma autêntica vida sacerdotal, especialmente na conjuntura que a Igreja vive hoje?

Cotelo: A situação que vive hoje a Igreja é idêntica à que viveram os primeiros cristãos. Há um desejo insaciável de Deus, em todas as pessoas, e muitos buscam satisfazê-lo com sucedâneos que, antes ou depois, nos deixam de novo com apetite. Está cheio de vendedores que atuam sem complexos prometendo a felicidade com produtos falsos: a saúde, o dinheiro, o êxito profissional, as viagens, a diversão ou um tamanho maior de sutiã. Os sacerdotes, hoje e sempre, podem facilitar às pessoas o acesso ao único que pode encher o coração humano: o amor incondicional de Deus a cada pessoa, seja como for, viva como viva. A autêntica vida sacerdotal é a missão mais transcendente que uma pessoa pode ter encomendada na vida: levar até o coração das pessoas o amor e a paz de Deus, a única garantia de felicidade completa que existe. Essa missão não caducará jamais, nem deverá ser reinventada cada vez que as circunstâncias sociais variem. Por isso, não acredito que deverei perder muito tempo analisando a "conjuntura social", mas será necessário por mãos à obra, dando amor a quem tenhamos junto de nós, como fez Pablo, sem maiores argumentos.

Veja o que disse o prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Antonio Cañizares, após assistir ao filme

ACI Prensa: Quais foram os principais problemas que encontraram para filmar o filme?

Cotelo: Mentiria se falasse de problemas externos, porque não houve. Nenhum. O único problema real foi minha própria reticência a pôr-me a trabalhar neste filme. A partir de então, tudo fluiu com facilidade. Não existe dia em que não aprendamos, desfrutemos e nos emocionemos com tantas coisas preciosas que nos acontecem, sem buscá-las. Este filme é um grande presente para nós e para muitas pessoas.

ACI Prensa: O Bispo de San Sebastián (na Espanha), Dom José Ignacio Munilla, manifestou em uma entrevista que o filme teve o atrevimento de quebrar mitos e moldes. Você acredita que é assim?

Cotelo: Quebramos mitos e moldes criados por mentalidades estreitas, mas sem nenhum atrevimento de nossa parte. Simplesmente o fizemos, sem que houvesse nisso um ato de valentia. Quebramos o mito que um documentário tem que ser necessariamente tedioso, ou dirigido a um público especial. Quebrado o molde que pretende enquadrar todos os sacerdotes como pessoas retrógradas, antipáticas, pederastas… Mas, na realidade, quem quebra o molde é quem pretende reduzir a realidade a tópicos. Nós não inventamos nada novo, mas contamos a verdade: o mundo está cheio de gente boa, maravilhosa, exemplar, em quem os meios de comunicação não se fixam. Entre eles, muitos são sacerdotes. Basta sair à rua com os olhos abertos, livres de preconceitos, para encontrar tantas histórias bonitas que ninguém conta. Um mero exemplo: uma pessoa beija a outra. Isso deveria ser notícia. E, ao invés, a notícia que costumamos ver é que alguém agrediu o outro.

ACI Prensa: Vocês receberam notícias de espectadores jovens que graças ao filme decidiram optar por uma vocação sacerdotal. Você poderia nos dar alguns detalhes?

Cotelo: Pertence ao âmbito da intimidade dessas pessoas e, portanto, não devo torná-lo público, embora elas tenham tido a generosidade de compartilhá-lo conosco. Simplesmente direi que, diariamente, chegam-nos muitas mensagens, cartas escritas à mão, chamadas telefônicas, de pessoas que compartilham conosco de modo íntimo que o filme os motivou a viver uma vida mais generosa com Deus e com as pessoas que têm perto. É muito emocionante, precioso. Passamos o dia dando graças a Deus por se servir do nosso trabalho para despertar tantas pessoas adormecidas.

ACI Prensa: Muitas pessoas perguntam se será possível que o filme seja visto na América Latina. Vocês pensam nisso?

Cotelo: É claro que sim. Agora começaremos a fechar acordos de distribuição com países de todo o mundo, de onde nos chegam as solicitações. Tudo vai muito rápido, temos que organizá-lo, contando com a ajuda de pessoas em cada país, que colaborem para divulgar este filme. Começaremos na Colômbia, México, Chile, Argentina, República Dominicana, Estados Unidos. Em todos esses países, já começamos a trabalhar.

ACI Prensa: Logo depois deste êxito, vocês têm algum outro filme em projeto?

Cotelo: Sim, temos vários projetos preciosos, que foram freados quando Pablo cruzou por nossas vidas. Agora os retomaremos todos, um por um. O objetivo não é produzir muitos filmes, mas sim que cada um deles possa tocar o coração das pessoas, convidando-as à reflexão, ao descobrimento da beleza de Deus, das pessoas e do mundo. Isso exige trabalhar com cuidado, sem pressa, dando prioridade mais à criatividade que à quantidade.

Assista ao trailler 2

Assista ao início do filme



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