Catequese

Vida é encontrar-se com Deus, ensinou hoje Bento XVI

Caros irmãos e irmãs.
No percurso dos retratos dos grandes padres e doutores da Igreja que procuro oferecer nesta catequese, na última vez falei de São Gregório Nanzianzeno, bispo do século IV e, desejo hoje completar este retrato de um grande mestre. Procuraremos hoje recolher alguns de seus ensinamentos.

Refletindo sobre a missão que Deus lhe havia confiado, São Gregório Nanzianzeno concluía: "Fui criado para ascender até Deus com minhas ações". De fato, ele colocou a serviço de Deus, várias homilias e discursos, muitas letras e óperas poéticas: Uma atividade verdadeiramente prodigiosa. Havia compreendido que esta era a missão que Deus lhe havia confiado: "Servo da palavra, eu aderi ao mistério da Palavra; que eu não me permitia  mais de negligenciar este bem. Esta vocação eu prezo e agradeço, e trago muitas alegrias de todas as outras coisas que colhi juntas.

O Nazianzeno era um mito, e na sua vida procurou sempre realizar obras de paz na Igreja do seu tempo, dilacerada pela discórdia e pela heresia. Com audácia evangélica se esforçou de superar a própria timidez para proclamar a verdade da fé. Profundamente sensível era o desejo de aproximar-se de Deus, de unir-se a ele. É quando exprime ele mesmo em uma de suas poesias, onde escreve: ente os "grandes frutos do mar da vida, de cá e de lá do impetuoso vento agitado… uma coisa só me é preciosa, só minha riqueza, conforto e obras de fadiga, a Luz da Santa Trindade".

Gregório faz resplandecer a luz da Trindade, defendendo a fé proclamada no Concílio de Nicéia: um só Deus em três pessoas iguais e distintas – Pai, Filho e Espírito Santo – "Tripla luz em um único esplendor reunidos", assim afirma sempre Gregório sobre a escolta de São Paulo. "Para nós é um Deus, o Pai do qual é tudo; um Senhor, Jesus Cristo, por meio dele é tudo; e um Espírito Santo, que é tudo.

Gregório em meio a uma grande evidência a plena humanidade de Cristo: para redimir o homem na sua totalidade de corpo, alma e espírito, Cristo assume todos os componentes da natureza humana, de outra forma o homem não seria salvo. Contra a heresia de Apollinare, o qual sustentava que Jesus Cristo não havia assumido a alma racional, Gregório afronta o problema a luz do mistério da salvação: "Aquilo que não é afirmação, não é curado" e se Cristo não fosse dotado de intelecto racional, como haveria podido ser homem?

É próprio do nosso intelecto, da nossa razão que precisa de relacionamento, de encontro com Deus e com Cristo. Tornando-se homem, Cristo que nos deu a possibilidade de tornarmos a nossa volta com ele. O Nazianzeno exorta: "Procuremos de ser como Cristo, porque antes Cristo é retornado a nós: de tornarmos deuses por meio d'Ele, a partir do momento que Ele mesmo, por meio de nós, se tornou homem. Tomou o pior de nós sobre si, para presentear-nos com o melhor.

Maria, que deu a natureza humana a Cristo, é Verdadeiramente a Mãe de Deus (Theotókos: cfr Ep. 101,16: SC 208,42), e em vista da sua altíssima missão foi "pré-purificada" (Oratio 38,13: SC 358,132, quase um distante prelúdio do dogma da Imaculada Conceição). Maria foi colocada como modelo aos cristãos, sobretudo às virgens, e como aquela que socorre ao ser invocada nas necessidades (cfr Oratio 24,11: SC 282,60-64).

Gregório recorda que, como pessoas humanas, devemos ser solidários uns aos outros. Escreve: "nós somos todos uma só coisa no Senhor" (cf. Rm 12,5), ricos e pobres, escravos e livres, sãos e enfermos; e única é a base da qual tudo deriva: Jesus Cristo. E como trabalham os membros de um só corpo, cada um se ocupe de cada um, e todos de todos".

Pois, referindo-se aos enfermos e às pessoas com dificuldades, conclui: "esta é a única salvação para a nossa carne a para a nossa alma: a caridade para com o outro" (Oratio 14,8 de pauperum amore: PG 35,868ab). Gregório destaca que o homem deve imitar a bondade e o amor de Deus, e ainda recomenda: "Se estás são e és rico, alivie as necessidades dos enfermos e pobres; se estás em pé, socorre aqueles que caíram e vivem no sofrimento; se estás alegre, console os tristes; se estás feliz, ajuda quem vive na desgraça. Dá a Deus uma prova de reconhecimento, porque és um daqueles que podem beneficiar, e não daqueles que desejam ser beneficiados… Sejas rico não somente de bens, mas também de piedade; não somente de ouro, mas de virtudes, ou melhor, desta somente. Supera a fama do teu próximo, mostrando-te o melhor de todos; rende-te a
Deus nas desventuras, imitando a misericórdia de Deus" (Oratio 14,26 de pauperum amore: PG 35,892bc).

Gregório ensina, antes de tudo, a importância e a necessidade da oração. Ele afirma que "é necessário recordar-se de Deus intensamente quanto se respira" (Oratio 27,4: PG 250,78), porque a oração é o encontro da sede de Deus com a nossa sede. Deus tem sede de que tenhamos sede Dele (cfr Oratio 40, 27: SC 358,260). Na oração nós devemos voltar o nosso coração a Deus, para obter Dele a oferta de purificação e transformação. Na oração nós vemos tudo à luz de Cristo, deixamos cair as nossas máscaras e se emergem na verdade e na escuta de Deus, alimentando o foco do amor.

Em uma poesia, que é ao mesmo tempo, uma meditação sobre o fim da vida e requer a invocação a Deus, Gregório escreve: "Há uma tarefa, alma minha, uma grande tarefa, se requer. Perscruta seriamente a si mesma, o teu ser, o teu destino; de onde vem e de onde dever estar; busca conhecer se é vida aquilo que se vive ou se é qualquer coisa de mais. Há uma tarefa, alma minha, purifica, então, a tua vida: considera, por favor, Deus e seus mistérios, indaga então o que era antes deste universo e o que isso é para ti, de onde veio, e qual será seu destino. Eis aí tua tarefa, alma minha, purifica, então, a tua vida" (Carmina [historica] 2,1,78: PG 37,1425-1426).

Continuamente o santo Bispo pede ajuda a Cristo, para se levantar e retomar o caminho: "Fui iludido, ó meu Cristo, por ser muitas vezes presunçoso: das alturas caí muito para baixo. Mas me levantaste novamente, uma vez que vejo que por mim mesmo fui enganado; se ainda confio muito em mim mesmo, ainda cairei, e a queda será fatal" (Carmina [historica] 2,1,67: PG 37,1408).

Além disso, Gregório sentiu o desejo de aproximar-se de Deus para superar o cansaço do próprio eu. Experimentou o desabrochar da alma, a vivacidade de um espírito sensível e a instabilidade da felicidade passageira. Para ele, no drama de uma vida sobre a qual pesava a consciência da própria fraqueza e da própria miséria, a experiência do amor de Deus sempre teve uma vantagem.

"Há um dever da alma, – diz são Gregório também para nós -, o dever de encontrar a verdadeira luz, a verdadeira grandeza da tua vida. E a tua vida é encontrar-te com Deus, que tem sede da nossa sede".

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