Cerca de 150 relíquias com ossos do “Doutor dos Pobres” serão distribuídas por todo o território nacional
Da redação, com Vatican News
Cento e sessenta relíquias com pequenos fragmentos de ossos do Beato Dr. José Gregorio Hernández foram confeccionadas com devoção e delicadeza pelas Irmãs Servas de Jesus, Congregação fundada pela Beata, também venezuelana, Madre Carmen Rendiles. Eles já estão prontos para serem distribuídos dentro e fora da Venezuela, pois a fama de santidade do futuro beato ultrapassou as fronteiras, sobretudo, para pedir sua intervenção milagrosa nos problemas de saúde, nas atribulações da doença e quando a morte está próxima.
Na sexta-feira, 30 de abril, finalizada a cerimônia de beatificação, muitas dessas relíquias serão colocadas em santuários e paróquias já existentes e naqueles que serão dedicados ao Beato “Doutor dos Pobres.” O pedido para a confecção dos reliquiários partiu do cardeal Baltazar Porras, arcebispo de Mérida e administrador apostólico de Caracas, “para que haja uma relíquia do esqueleto do beato em todas as dioceses e paróquias”. A informação é Dom Tulio Ramírez, bispo de Guarenas e vice-postulador da Causa de Beatificação e Canonização do Dr. José Gregorio Hernández, em um vídeo apresentando as relíquias com as Irmãs Servas de Jesus.
Leia também:
.: Papa autoriza beatificação de irmã Mainetti e do médico dos pobres da Venezuela
40 dioceses e arquidioceses já têm seu relicário
Os relicários também estão prontos para serem enviados a 40 dioceses e arquidioceses do país, informou em sua conta no Twitter a Arquidiocese de Caracas. O relicário é obra das venezuelanas Matilde Sánchez e María Teresa Aristiguieta.
Na base, um microscópio feito de ferro venezuelano que simboliza a paixão e dedicação científica do Dr. Hernández. Como corpo, seu característico chapéu que recorda sua presença e generosidade de espírito. Por fim, no ápice, a relíquia rodeada por uma auréola de pérolas da Ilha de Margarita que evoca a sua devoção ao Santo Rosário.
As relíquias foram extraídas da exumação dos restos mortais do Dr. José Gregorio Hernández, ocorrida na segunda-feira, 26 de outubro de 2020.
Cerimônia austera mas com um fervor transbordante
Somente 150 pessoas poderão assistir à cerimônia de beatificação do médico venezuelano e não será na grandiosidade do Estádio Olímpico da Universidade Central da Venezuela, sua Alma Mater, mas na igreja do colégio La Salle, em Caracas, local que, segundo comentou a coordenadora da Comissão Nacional para a Beatificação, Albe Pérez, se encontra na zona da cidade onde José Gregorio Hernández desenvolveu grande parte do seu trabalho como médico, com especial atenção aos mais desfavorecidos
Em uma coletiva de imprensa virtual, acompanhada pelo cardeal Porras Cardozo, a coordenadora comentou que o número estimado de assistentes diminuiu significativamente com a mudança de local. “Devemos reduzir o alcance físico da cerimônia, devemos ser os primeiros a garantir a saúde dos paroquianos”, afirmou Pérez, alegando a decisão de celebrar a cerimônia de uma forma “muito austera” para evitar que se torne um foco de contágios da Covid-19, especialmente neste momento, quando a segunda onda da pandemia atinge o país com força.
Não obstante, estarão presentes os arcebispos e bispos da Venezuela, que estarão juntos pessoalmente pela primeira vez desde antes do início da pandemia, bem como pequenos grupos de sacerdotes e algumas Congregações religiosas da Província de Caracas.
A cerimônia contará com a presença de Yaxury Solórzano, a menina que recebeu o milagre por intercessão de José Gregorio Hernández, na companhia de sua mãe e irmã. Também estarão presentes alguns familiares do Dr. José Gregorio Hernández, bem como um pequeno grupo de médicos e três pessoas com mobilidade reduzida, representando todos aqueles que em tempos de doença ofereceram a sua saúde a José Gregorio Hernández.
Confirmada a presença do cardeal Parolin
Durante o encontro, foi confirmada a presença do cardeal Pietro Parolín, secretário de Estado do Vaticano, que presidirá a cerimônia juntamente com os cardeais venezuelanos Baltazar Porras e o emérito de Caracas Jorge Urosa Savino, bem como o atual núncio apostólico, Aldo Giordano. O cardeal Parolin foi núncio apostólico na Venezuela pouco antes de assumir seu atual ministério na Santa Sé. O purpurado chegará ao país em 29 de abril, “em visita estritamente religiosa”.
Durante a cerimônia, além da relíquia do Dr. José Gregorio Hernández, será revelada a imagem oficial em comunhão com a Diocese de Trujillo, onde fica Isnotú, local de nascimento do venerável. Em todo o caso, a Igreja esclarece que não tem a intenção de “impor” uma imagem única, já que José Gregorio Hernández está presente na mente e no coração das pessoas há mais de 70 anos, com diferentes representações gráficas.
CELAM em oração com a Venezuela
“O testemunho de proximidade, de ternura, de misericórdia, de Jesus ressuscitado, faz-se realidade no mundo de hoje com o samaritano do nosso tempo, o agora beato José Gregorio”, diz Dom Miguel Cabrejos, presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM) e arcebispo de Trujillo (Peru), em uma vídeo mensagem em que se une à alegria de todo o povo de Deus que peregrina na Venezuela para a beatificação do “Doutor dos Pobres”.
Na mensagem, o presidente do CELAM destacou o admirável ensinamento de vida do Dr. Hernández que “optou pelo cuidado e compaixão pelos enfermos como único sentido de sua vida, misturando-se com os enfermos, rejeitados, oprimidos e necessitados”. “Sua prática profissional e sua caridade cristã – acrescentou – fundada no amor à Eucaristia e na sua comunhão diária, mostram-nos a riqueza do diálogo entre a ciência e a fé, quando esta se coloca à serviço da pessoa humana, de maneira especial dos mais necessitados”.
Por fim, seu desejo de que o novo beato interceda diante de Deus e da Virgem de Coromoto, padroeira da Venezuela, pelos fiéis da América Latina e do Caribe, para que “sejam testemunhas de uma Igreja samaritana, em saída, missionária e sinodal”.