Em coletiva de imprensa, foi reiterado o compromisso da Rede Eclesial Pan-Amazônica com a região, buscando promover o desenvolvimento sustentável e a dignidade humana
Jéssica Marçal
Da Redação
A Rede Eclesial Pan-Amazônica, criada em Brasília em setembro de 2014, esteve em pauta em uma coletiva de imprensa realizada no Vaticano nesta segunda-feira, 2. Participou da coletiva, por audiomensagem, o cardeal brasileiro Cláudio Hummes, que é presidente da Comissão da CNBB para a Amazônia.
Nos nove países latino-americanos que incluem o território amazônico, o objetivo da Repam é unir os esforços da Igreja em favor da proteção responsável e sustentável da região, disse Dom Cláudio. Trata-se de um incentivo para a obra da Igreja na Amazônia fortemente desejada pelo Papa Francisco, que manifestou esse desejo, em julho de 2013, em sua estadia no Brasil para a Jornada Mundial da Juventude.
“Ali (na Amazônia), a Igreja quer ser, com coragem e determinação, missionária, misericordiosa, profética, próxima ao povo, especialmente aos mais pobres, excluídos, descartados, esquecidos e feridos”, declarou Dom Cláudio.
O cardeal recordou a realidade do território amazônico, tão diverso, mas ameaçado por fenômenos como o desmatamento, grandes projetos de agricultura e hidrelétricas. Tudo isso, conforme recordou Dom Cláudio, coloca em risco o ambiente natural e a dignidade da população local, em especial dos indígenas e dos pobres.
“Por isso, a Igreja na Amazônia quer ‘fazer redes’, para conjugar os esforços (…) Peço a vocês, profissionais da comunicação mundial e local, que não se esqueçam da Amazônia. Essa é determinante para o futuro da humanidade”.
Características da Repam
Também presente na coletiva estava o presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Peter Turkson. Ele elencou como características principais da Repam a transnacionalidade (número de países envolvidos), a eclesialidade (colaboração harmoniosa de vários componentes da Igreja) e o empenho para a proteção da vida.
O cardeal comentou ainda sobre o acompanhamento que o Pontifício Conselho dá para a Repam. Entre as áreas citadas, estão temas que interessam à Amazônia, como o uso de recursos energéticos, manejo do solo, economia inclusiva e investimentos responsáveis.
“É preciso encontrar modalidades respeitosas de dignidade humana para gerir os recursos naturais amazônicos, favorecer o desenvolvimento econômico da região e promover uma governança inclusiva e democrática, tendo como objetivo o autêntico bem comum da família humana”.
Dados sobre a Amazônia
O território amazônico é a floresta tropical mais extensa do mundo, com seis milhões de quilômetros quadrados, 20 vezes mais que o território da Itália.
A Amazônia é compartilhada por Guiana, Suriname e Guiana Francesa (juntas, detêm 0,15% do território), Venezuela (1%), Equador (2%), Colômbia (6%), Bolívia (11%), Peru (13%) e Brasil, que tem a maior parte, 67%.
Na região, moram 2.779.478 indígenas que correspondem a 390 povos indígenas e 137 tribos com o valor de suas culturas ancestrais, suas 240 línguas faladas pertencentes a 49 famílias linguísticas.
Na coletiva, os dados foram apresentados pelo arcebispo de Huancayo, no Peru, Dom Pedro Ricardo Barreto Jimeno. Ele abordou ainda problemas sócio-ambientais da região, bem como consequências e ameaças. Diante dessas realidades, o arcebispo reiterou o compromisso da Repam.
“A Rede Eclesial Pan-Amazônica é chamada a ser uma verdadeira experiência de fraternidade, uma caravana solidária e uma peregrinação sagrada, para responder de maneira eficaz e orgânica aos clamores do povo amazônico do presente e do futuro”.