O cardeal Pietro Parolin comentou o resultado do referendo que aprovou a união gay na Irlanda
Da redação, com Rádio Vaticano
O Secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, definiu o resultado do referendo sobre união gay realizado na Irlanda, no último dia 22, como sendo “não somente uma derrota dos princípios cristãos, mas também uma derrota da humanidade”.
A declaração foi feita durante uma Conferência Internacional sobre a crise econômica europeia, realizada no Vaticano, nesta terça-feira, 26. Na ocasião, o cardeal explicou como a Igreja deve considerar o resultado do referendo na Irlanda:
“Estes resultados me deixaram muito triste. Certo, como disse o arcebispo de Dublin [dom Diarmuid Martin], a Igreja deve levar em consideração esta realidade, mas deve fazer isto no sentido de que, a meu ver, precisa reforçar justamente todo o seu empenho e fazer um esforço para evangelizar também a nossa cultura. E eu acredito que não seja somente uma derrota dos princípios cristãos, mas um pouco uma derrota da humanidade”.
A República da Irlanda, de forte tradição católica, tornou-se o primeiro país a autorizar, por meio de um referendo, a união homossexual. O resultado apontou que 62,07% do eleitorado quis a igualdade.
O cardeal alemão, Walter Kasper, autor do livro “O Evangelho para a Família” – um dos textos de contribuição para Sínodo sobre a Família – disse ao jornal Corriere della Sera que um Estado democrático deve respeitar a vontade popular. “Se a maioria da população quer estas uniões civis, é um dever do Estado reconhecer tais direitos”, disse.
Todavia, ele destaca: “não podemos esquecer que mesmo uma legislação similar, mesmo distinguindo entre o matrimônio e as uniões homossexuais, chega a reconhecer a tais uniões, mais ou menos, os mesmos direitos das famílias formadas por um homem e uma mulher. Isto tem um impacto enorme na consciência moral das pessoas. Cria uma certa normatividade. E para a Igreja, torna-se ainda mais difícil explicar a diferença”.
“Eu penso que o referendo irlandês seja emblemático da situação na qual nos encontramos, não somente na Europa, mas em todo o Ocidente. Olhar frente a frente a realidade significa reconhecer que a concepção pós-moderna, para a qual tudo é igual, está em contraste com a Doutrina da Igreja. Não podemos aceitar a equiparação com o matrimônio. Mas é uma realidade também o fato de que na Igreja irlandesa, muito fieis tenham votado a favor, e tenho a impressão que nos outros países europeus o clima seja parecido”, considerou.