A Pontifícia Academia para a Vida é chamada a enfrentar argumentos complexos que requerem competências científicas, tecnológicas, éticas e morais. “É preciso por isso adequar-se. Frequentemente, nos são pedidas explicações apropriadas também por outros dicastérios vaticanos, sobretudo quando está em jogo a dignidade da pessoa humana”, afirmou o presidente deste dicastério, monsenhor Carrasco De Paula.
Por isso, este orgão vaticano reúne estudos internacionais realizados por especialistas competentes de diversas áreas. Os primeiros dois grupos, que debatem questões sobre os bancos de cordões umbilicais e trauma pós-aborto, iniciaram seus trabalhos em setembro e nesta quinta-feira, 24, apresentaram os resultados de seus estudos na XVII Assembleia Geral, que será concluída neste sábado, 26, no Vaticano.
Os trabalhos do terceiro grupo, de acordo com o presidente do dicastério, já foram iniciados e abordam as questões sobre a infertilidade e as terapias para superar tal problema. “Não se ocupa certamente da questão que envolve a reprodução assistida, nem mesmo se ocuparão com os limites e danos causados por similares procedimentos. Aquilo que interessa é mostrar caminhos alternativos”, explicou.
Os casais com problemas de infertilidade hoje buscam quase sempre instrumentos e técnicas artificiais, diante disso, o bispo salienta que “ninguém se preocupa em levar estes casais para centros que tratam a infertilidade humana com meios alternativos, um campo que registrou enormes progressos”.
Na maioria das vezes o conselho é não “perder tempo com tentativas inúteis”. Para o bispo, uma “mentalidade de derrota” que leva o casal a pensar que a única forma de ter filhos é através das técnicas artificiais.
Para dar uma resposta concreta para esse problema, a Pontifícia Academia para a Vida constituiu este grupo de estudo para o qual foram chamados a fazer parte alguns dos melhores especialistas italianos da área. “A intenção é publicar um livro sobre o problema da esterilidade com todas as soluções alternativas possíveis”, afirmou o presidente do dicastério.
O objetivo desta XVII Assembleia, segundo monsenhor Carrasco, antes de tudo, é esclarecer questões como o armazenamento do cordão umbilical, “superando a tentação de congelá-lo como resíduo ou de conservá-lo, sabendo que talvez existam poucas possibilidades de usá-lo”.
“O desafio é muito grande. Estamos diante de um mundo que se mostra sempre mais agressivo diante da vida humana. A nossa missão portanto assume uma relevância sempre mais evidente e requer um empenho renovado”, destaca o presidente da Pontifícia Academia para a Vida.
Carrasco De Paula, nomeado presidente em 30 de junho de 2010, está pela primeira vez dirigindo uma assembleia geral de um dicastério. Em seu pronunciamento, que confirmou a linha de seus antecessores, ele rebateu que “ao centro do nosso agir não há um conceito abstrato, nem tão pouco uma ideologia. Há uma pessoa real. Assim, a Pontifícia Academia para a Vida poderia se chamar 'Pontifícia Academia para a Pessoa'”, elucidou.
Diante de um mundo que age sempre contra a vida, a missão deste dicastério, segundo seu presidente, é a de reafirmar fortemente a necessidade de defender o homem em sua integridade. “Adquirimos a maturidade e portanto devemos olhar para o futuro com olhos novos. A primeira coisa a fazer é potencializar nossa atividade de estudo”, enfatizou.