Artigo- Saúde e Bem Estar

Transtorno do Pânico: como lidar?

1% da população é afetada pelo transtorno do Pânico, diz especialista

Élison Santos*

Lidando com o Transtorno do Pânico

Transtorno do Pânico atinge 1 % da população./ Foto: Canção Nova.

O Transtorno do Pânico é um transtorno de ansiedade que afeta cerca de 1% da população. Trata-se de um medo intenso da morte que ocorre de forma recorrente com sintomas cognitivos e físicos. A pessoa experimenta aumento da frequência cardíaca e respiratória, ressecamento da boca e sensação de falta de ar, além de dores no peito e outras dores musculares características do estresse provocado pela ansiedade.

O início de um ataque de pânico é caracterizado por uma falha no sistema de alerta do organismo, um conjunto de mecanismos físicos e mentais normalmente desencadeados para que a pessoa possa reagir a algum tipo de ameaça. No Transtorno do Pânico o sistema de alerta é desencadeado sem nenhum tipo de ameaça real. Uma simples possibilidade de exposição a um grupo de pessoas desconhecidas, que poderia causar uma ansiedade natural em qualquer pessoa, é experimentada de forma intensa para quem sofre o transtorno do pânico.

Há uma transmissão desequilibrada dos neurotransmissores Serotonina e GABA, informando incorretamente que o organismo está sob ameaça e em risco de morte. Muitos creem que a química cerebral é a causa do transtorno do pânico e de outras tantas enfermidades psíquicas, contudo, é o estado psíquico que altera a química cerebral, tanto é que quanto mais se luta contra os ataques de pânico, mais propenso a se repetirem eles são.

Assim como toda enfermidade, o Transtorno do Pânico é um sinal de que algo não está bem na psique da pessoa. Se há uma necessidade de informar o organismo de que precisa se preparar para o risco eminente é porque há uma “ideia” central e inconsciente de que não há segurança diante da vida, especialmente nas circunstâncias em que os ataques são desencadeados. Traumas vividos na infância ou adolescência, podem ter sido gravados pelo inconsciente como momentos de insegurança e de risco.

Especialmente na infância a criança não tem capacidade cognitiva para assimilar os problemas e responder positivamente a uma vivência de bulling, por exemplo, e desta forma ela sofre e sente-se totalmente desprotegida diante da vida. No futuro, diante de uma situação onde se verá novamente exposta poderá ter seu sistema de alerta desencadeado novamente por lembranças inconscientes negativas. Contudo, vale salientar que não é apenas a memória inconsciente a única “culpada” pelo desencadeamento dos ataques, paralelamente há um estado de estresse, ansiedade e também depressão que tornam a pessoa mais suscetível a reações inconscientes.

Durante um ataque de pânico as pessoas próximas podem se assustar tendo reações histéricas ou até mesmo tentarem minimizar os sintomas que a pessoa diz experimentar com frases do tipo: “isto não é nada”, “seja mais forte”, “logo vai passar”, e outras, estas atitudes não ajudam em nada e só fazem com que a pessoa piore ainda mais. É necessário oferecer proteção e segurança. Um abraço, uma palavra amiga, uma atitude de amor e afeto maternal que alcançarão o mais íntimo da pessoa que está sofrendo, uma vez sentindo-se segura e protegida, ela restabelecerá seu equilíbrio psíquico e poderá seguir em frente.

Para a pessoa que sofre o Transtorno do Pânico é necessário que o veja como um sintoma, uma tentativa de seu próprio organismo de responder positivamente aos problemas da vida. Não vale a pena lutar contra o pânico, mas sim, compreendê-lo de outra forma, de forma positiva, ele deve ser bem-vindo. À medida que a pessoa olha para o seu próprio ataque de pânico como uma tentativa de melhora do organismo, ela mesma toma consciência de que, ao final das contas, tudo está sob seu controle, é um caminho de auto-convencimento de que aquelas lembranças inconscientes não mais fazem sentido no momento presente e que hoje esta pessoa cujo organismo se prepara constantemente para lidar com as ameaças, é uma pessoa forte, corajosa, que luta constantemente para superar-se e superar os desafios da vida. A pessoa que enfrenta o pânico dos dias atuais é muito mais forte do que ela própria pode imaginar, uma vez superada esta fase de sua vida, ela poderá trilhar um caminho de muitas atitudes e decisões bem-sucedidas.

Os quadros depressivos e ansiosos podem ser um sinal de a pessoa deseja um lugar de superação, uma vida melhor e por isso este momento pode representar um prelúdio de grandes feitos e grandes superações. A psicoterapia é sempre indicada e em alguns casos o acompanhamento psiquiátrico será necessário. Busque fazer as pazes com seus sentimentos, com seu passado, faça as pazes consigo mesmo e tenha esperança, a vida pode sim ser melhor!

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elisonsantos

* Élison Santos, Psicólogo e Palestrante. Atende adultos e adolescentes e é Terapeuta de Casais em São José dos Campos. Realiza aconselhamento psicológico Online através do Skype. É especialista em Análise Existencial e Logoterapia pela Pontifícia Universidade Católica de Curitiba. Oferece Cursos Online sobre relacionamento e comportamento humano em sua página www.elisonsantos.com. É participante do Programa Trocando Ideias.

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