Os cristãos estavam indo a uma peregrinação ao Mosteiro de São Samuel. Entre as vítimas, há também crianças
Da redação, com Rádio Vaticano
Pelo menos 28 cristãos coptas, foram mortos, nesta sexta-feira, 26, por um grupo de homens armados que traziam trajes militares. O ataque ocorreu no povoado de Al Adua, na província de Minia, no Sul do Egito. De entre as vítimas há também crianças.
Segundo relatos de uma testemunha, os assaltantes bloquearam o veículo, subiram a bordo e começaram a disparar enquanto um deles filmava o massacre. Os cristãos estavam indo a uma peregrinação ao Mosteiro de São Samuel. O atentado aconteceu a menos de dois meses do ataque ocorrido no Domingo de Ramos, quando os terroristas massacraram 48 fiéis durante a Missa em Tanta e Alexandria.
O bispo copto-católico emérito de Guizeh, Dom Antonios Aziz Mina, fez um apelo ao G7 reunido em Taormina, sul da Itália, pedindo que travem o tráfico de armas e de drogas e isolem os Países que apoiam os terroristas.
O Núncio Apostólico no Cairo, Dom Bruno Musaró, classificou o massacre como “vil e desprezível”.
O padre Alberto Sanches, dos Missionários Combonianos, afirmou que a situação provocará ainda mais mal-estar não só na comunidade cristã, mas também na comunidade muçulmana, “porque os nossos irmãos muçulmanos sofrem também por estes acontecimentos”. “Isto tem repercussões de insegurança e mal-estar para todo o Egito”, disse.
Segundo o padre, a região onde ocorreu o atentado, tem forte presença cristã, e a Igreja trabalha muito no âmbito social. Lá, cristãos e muçulmanos, vivem em diálogo, disse ele, sendo, portanto, uma região de “forte integração”.
O Egito é mais um dos muitos locais que têm sofrido com a perseguição e matança de inocentes, promovidas por grupos terroristas. Para o padre Sanches, nenhum país está, portanto, fora deste perigo. “São pessoas com uma certa ignorância no que diz respeito à abertura, ao diálogo. Não se pode dialogar com um fundamentalista!”, afirmou.
Neste sentido, o padre conta que o medo aumenta na comunidade cristã do Egito, mas também na sociedade muçulmana. “Cresce o medo, a tensão e mesmo o desespero. No dia anterior ao início do Ramadan, este é um golpe para a sociedade islâmica, porque precisamente um dia antes das festividades, quando se procura a fraternidade, o amor, o diálogo, a paz, precisamente um dia antes, acontece este atentado…”
Na minha opinião do sacerdote, o al Azhar representante de um islamismo mais aberto, deve fazer uma declaração, esclarecer esta situação mesmo antes do inicio da festa, lembrando que “o fundamentalismo não é parte da religião, não é do alcorão”.
“Não é parte de uma região que impulsiona os valores de paz, de diálogo, de integração e de aceitação. Por isso, na minha opinião, al Azhar poderia também contribuir para criar esta ideia de abrir a mentalidade dos muçulmanos em todo o mundo a fim de que digam: “isto não faz parte do islã. A violência não é parte da religião”.