Rede internacional formada por religiosas se dedica a prevenir o crime e a oferecer apoio a vítimas; mais de 400 mil mulheres e crianças receberam ajuda em 2024
Da Redação, com Vatican News

Foto: Vika Glitter de Pexels
Nesta quarta-feira, 30, é comemorado o Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2013.
Entre diversas instituições que combatem o tráfico humano e auxiliam as pessoas que foram vítimas desta prática está a Rede Talitha Kum. O grupo que nasceu em 2009, no seio da União Internacional das Superioras Gerais, ajudou quase 940 mil pessoas no último ano.
De acordo com dados divulgados no Relatório Anual 2024, a rede alcançou, por meio de seus programas de apoio e sensibilização, mais de 400 mil mulheres e crianças. Deste grupo, mais de 46 mil mulheres e meninas receberam cuidados diretos como vítimas sobreviventes, registrando um aumento de 19% em relação ao ano anterior.
Serviços de apoio a vítimas
Foi registrado um crescimento também nos serviços de apoio, como alojamento seguro, apoio psicológico especializado em trauma, assistência jurídica e cursos de formação profissional, especialmente na Ásia e nas Américas. “Essas intervenções”, lê-se no relatório, “foram realizadas principalmente por freiras e apoiadores da nossa rede, cuja presença compassiva e contínua encarna a missão de Talitha Kum: caminhar ao lado dos sobreviventes com dignidade”.
Na Europa e na África, porém, registrou-se uma queda de 26% nos serviços necessários para garantir o acesso adequado à justiça. A Ásia segue a tendência contrária: alguns progressos foram alcançados graças a colaborações eficazes no âmbito jurídico e a atividades concretas de assistência jurídica. O relatório, no entanto, ressalta cada vez mais “a urgência de reforçar o acompanhamento jurídico e replicar as boas práticas nos contextos menos atendidos por esses serviços”.
Prevenção e conscientização
A prevenção continua a ser uma das armas mais eficazes para combater o tráfico de pessoas. Só em 2024, os projetos destinados a formar, educar e informar alcançaram quase 700 mil pessoas, representando um aumento de 11% em relação a 2023.
O documento também destaca os esforços de sensibilização, que alcançou mais de 78 mil pessoas em espaços públicos da Europa, Américas, Oceania e África. “Enraizada nas vozes dos sobreviventes e na experiência vivida pelas comunidades, a ação política da nossa rede continua a reforçar o seu papel nos processos de diálogo político e nos fóruns da sociedade civil”, indica o relatório.
Impacto das guerras
Segundo o relatório, os conflitos que assolam diversas regiões do mundo como Mianmar, Ucrânia e Oriente Médio impactam consideravelmente a gestão das atividades da rede internacional. “Essas crises”, aponta o documento, “causam o deslocamento de comunidades inteiras, aumentando os riscos para mulheres, crianças, migrantes e refugiados”.
Diante disso, o objetivo das religiosas contra o tráfico, apoiadas por um grupo consistente de organizações da sociedade civil, tem sido influenciar as políticas públicas, também graças à sabedoria dos sobreviventes e das comunidades locais, bem como envolvendo jovens líderes capazes de mobilizar outros para a ação concreta.
Por fim, o relatório aponta que o fenômeno do tráfico de pessoas parece estar crescendo a cada ano. “Trata-se, no entanto, de uma realidade em constante evolução, intimamente ligada a tendências globais emergentes, desigualdades e vulnerabilidades”, observa a rede, reconhecendo a complexidade para compreender este cenário.