Nessa última semana de trabalhos, deve começar a ser redigido o documento final; participantes reiteram que mudança de doutrina não está em jogo
Jéssica Marçal
Da Redação
O Sínodo dos Bispos inicia a terceira e última semana de trabalhos, caminhando para a reta final nas discussões sobre família. Na coletiva desta segunda-feira, 19, conversaram com a imprensa sobre o andamento da assembleia o patriarca de Jerusalém dos Latinos, Sua Beatitude Fouad Twal; o arcebispo de Brisbane (Austrália), Dom Mark Coleridge; e o bispo de Parma (Itália), Dom Enrico Solmi.
Dom Fouad destacou o sinal de colegialidade do Sínodo, mesmo em situações quando não há consenso. Segundo ele, é normal essa diversidade de opinião tento em vista os diferentes contextos em que os padres sinodais vivem. “É mais que normal que não estejamos de acordo sobre todos os pontos, mas o comum é que todos queiram o bem das famílias”.
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Segundo o arcebispo de Brisbane, essa enorme gama de assuntos é justamente uma das razões que demonstram que os trabalhos sinodais são um grande desafio. E na perspectiva da conclusão do Sínodo neste domingo, 25, ele disse que a única certeza é que os trabalhos não vão terminar, pelo contrário, a jornada continua.
Mas as “soluções” para as dificuldades familiares de hoje não cabem apenas à Igreja, como expôs o Patriarca Twal. “Serve uma ajuda da política. Somos conscientes dos nossos limites. Não podemos, sozinhos, remediar todos os problemas das famílias”.
Muitas das perguntas na coletiva de hoje foram sobre as conclusões, possíveis medidas que serão adotadas a partir das discussões dos padres sinodais. “Não tenho bola de cristal, mas com base nas discussões não há suporte para uma mudança no ensinamento da Igreja”, adiantou Dom Mark. “O Sínodo caminha, estamos de acordo sobre algumas coisas, misericórdia sem esquecer a doutrina. Todos estamos juntos pela família”, declarou o Patriarca Twal.
Comunhão aos divorciados recasados
Um assunto que voltou à pauta na coletiva foi sobre os divorciados recasados que, segundo a doutrina da Igreja, não podem comungar. Um dos jornalistas recordou o testemunho sobre o menino que, em sua primeira Comunhão, dividiu-a com seus pais, divorciados.
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Dom Twal disse que os padres sinodais ficaram tocados com o testemunho, mas lembrou que a comunhão aos divorciados é um tema muito delicado. “Não podemos generalizar, é melhor estudar caso por caso”.
“Não me lembro de intervenções que pediram a admissão à comunhão por parte dos divorciados que voltaram a se casar”, disse Dom Mark Coleridge.
Para Dom Solmi, um dos pontos-chave é o discernimento e a necessidade de acompanhamento e diálogo. Já Dom Mark destacou que uma abordagem pastoral desse assunto requer um diálogo genuíno com esses casais, com abertura para ouvir suas histórias. “Uma coisa que eu terei que fazer mais quando voltar para casa é sentar com pessoas em uniões irregulares e ouvir suas histórias”.