Padre Wagner Emídio de Souza respondeu a perguntas sobre a Semana Santa que será iniciada neste domingo, 14
Julia Beck
Da redação
A Igreja Católica celebra neste domingo, 14, o Domingo de Ramos. A data, que recorda a entrada de Jesus em Jerusalém e sua aclamação como “Aquele que vem em nome do Senhor”, marca o início da Semana Santa. Pela tradição, a semana retoma a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo, e culmina na festa que é considerada a mais importante do catolicismo, a Páscoa.
A partir destes fatos, muitos questionamentos surgem entre os fiéis que desejam viver bem este tempo, tornando-se comum dúvidas como: “Por que a Páscoa é a principal festa da Igreja e não o Natal? Por que é utilizado o termo ‘Páscoa’? Quando acaba a Quaresma? Como é calculada a data da Páscoa? Por que a Sexta-feira Santa é o único dia que não há celebração eucarística? Por que na Sexta-feira Santa, dia em que os fiéis não comem carne, o peixe é permitido? Por que na Vigília Pascal é aceso o Círio Pascal e os cristãos renovam o batismo? Por que é rezado o Regina Coeli? O que é a Oitava de Páscoa e qual a importância desse tempo?”.
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Padre Wagner Emídio de Souza, pertencente a Paróquia Nossa Senhora dos Remédios da Diocese de Itaguaí, localizada em Paraty (RJ), respondeu às principais perguntas, a começar pela importância da Páscoa e seu valor para a Igreja. “Nela [Páscoa] celebramos o cumprimento da promessa da Salvação. Jesus veio ao mundo, para resgatar a nossa humanidade, e por meio da sua vitória sobre a morte, nos fez nascer para uma vida nova. Assim, a celebração pascal, nos insere neste contexto e nos dá a possibilidade de uma vida em Deus. É dela que parte toda vida litúrgica e celebrativa da Igreja. Portanto, celebrar a Páscoa é nada mais, nada menos do que celebrar o mistério da Salvação em Jesus Cristo”, explicou.
Segundo o sacerdote, a palavra “Páscoa” indica passagem e Jesus, no mistério da redenção, provou o sofrimento na cruz, enfrentou a morte e passou à vitória da vida eterna. “Daí o sentido de celebrarmos com este título a ‘passagem’ da morte de Cristo para sua vida em plenitude (Ressurreição)”, completou. Sobre a contagem da quaresma, padre Wagner comenta: “Tradicionalmente a Quaresma era contada da Quarta-Feira de Cinzas até o Sábado de Aleluia, somando-se 46 dias. Entretanto, excluindo-se os 6 domingos, que não são dias com caráter penitencial, chegava-se o número de 40 dias”.
“A Carta Circular da Congregação para o Culto Divino, Paschalis Solemnitatis, de 1988, esclarece de forma teológica o tempo quaresmal e o tríduo pascal: Na Semana Santa, a Igreja celebra os mistérios da salvação, levados a cumprimento por Cristo nos últimos dias da sua vida, a começar pelo seu ingresso messiânico em Jerusalém. Eis o que diz a carta apostólica de Paulo VI, quando aprovou as normas universais do Ano Litúrgico e o novo calendário romano geral: ‘O tempo da Quaresma vai da Quarta-feira de Cinzas até a Missa da Ceia do Senhor’ (n. 28)”, completou o sacerdote.
A escolha da data para a celebração da festa da Páscoa é realizada, de acordo com padre Wagner, a partir do calendário lunar. “O Domingo de Páscoa ocorre no primeiro domingo após a primeira lua cheia que se verifica a partir do equinócio da primavera (no hemisfério norte) ou do equinócio do outono (no hemisfério sul), e a Sexta-Feira da Paixão é a que antecede o Domingo de Páscoa”, acrescentou.
Sobre a Sexta-feira Santa, o sacerdote reafirma ser o único dia que a Igreja Católica não realiza celebrações eucarísticas: “Porque a Igreja celebra a ausência de Nosso Senhor”, esclareceu o membro do clero, que prosseguiu: “O esposo lhe é tirado… Nas Catedrais os bispos presidem a cerimônia sem o anel, para dizer exatamente isso: ‘Jesus, o esposo da Igreja, neste dia foi tirado dela. Então por isso ela [Igreja] está de luto, faz jejum e busca a penitência’. É chegada a hora, dita por Nosso Senhor, na qual os seus discípulos, haveriam de padecer. A liturgia quer nos trazer por meio de tais normas e ritos, esse sentido espiritual tão profundo e belo”.
O Sábado Santo, dedicado à Vigília Pascoal, possui importantes elementos da fé cristã, como o Círio Pascoal que é, segundo o sacerdote, uma representação do Cristo vivo. “Ele não era reconhecido depois de Ressuscitado, nem os discípulos o reconheciam, a não ser por seus gestos e palavras, ou então a marca dos pregos… O Círio traz esses elementos: A marca da cruz, os cinco grãos de incenso e a luz. Ele nos remete a Cristo, que ilumina e dissipa as trevas do mundo com sua luz”, argumentou.
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A renovação das promessas batismais, compreendida dentro da liturgia da Vigília Pascal, é, para padre Wagner, uma forma do cristão reafirmar a adesão a Cristo Ressuscitado. “Nos reconciliamos com Deus e nos dispomos a viver em sua luz, entre os que passam por nós pelo mundo”, definiu.
O Regina Coeli, que em português significa “Rainha do Céu”, é um hino medieval dedicado a Nossa Senhora, composto em latim. A tradicional oração do Ângelus dá lugar ao hino durante o Tempo Pascal. Sobre o tema, o sacerdote explica: “É para assinalar a solenidade e a grandeza do Tempo Pascal, que leva a plenitude o que se iniciou no mistério da anunciação, que é exatamente o que fazemos memória, ao saudar Nossa Senhora, às seis da manhã, meio dia e seis da tarde!”.
Padre Wagner conclui explicando a importância da Oitava de Páscoa, que será iniciada no domingo, 21. “A Páscoa é uma solenidade tão rica e tão grande, que não cabe em um único dia e se prolonga por oito dias consecutivos… Nesses dias, a Igreja transborda de alegria e celebra a grandeza do mistério da Ressurreição”.