Francisco destacou a necessidade de resistir a práticas que favoreçam a “arrogância nos homens”, que desprezem as mulheres ou ameacem os nascituros
Kelen Galvan
Da redação
O Papa Francisco presidiu sua primeira Santa Missa em território africano nesta quinta-feira, 26. Apesar da chuva, cerca de um milhão de pessoas participaram da Celebração no Campus da Universidade de Nairóbi, no Quênia.
Francisco refletiu sobre a liturgia do dia, e destacou a profecia de Isaías (cf. Is 44, 2) na qual Deus diz que “Lhe pertencemos”: “Foi Ele quem nos fez, somos a sua família, e Ele estará sempre ao nosso dispor. Não temais – diz-nos Ele! Eu vos escolhi e prometo dar-vos a minha bênção”.
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Nesse contexto, o Pontífice convidou os fiéis a olhar para as famílias e tomar consciência de sua importância no plano de Deus. Ele destacou que a sociedade queniana tem sido “longamente abençoada” com uma vida familiar sólida, com o respeito pela sabedoria dos idosos e o amor pelas crianças. “A saúde de qualquer sociedade depende da saúde das famílias. Para nosso próprio bem e para bem da sociedade, a nossa fé na Palavra de Deus chama-nos a sustentar a missão das famílias na sociedade, a acolher as crianças como uma bênção para o nosso mundo, e a defender a dignidade de cada homem e mulher, pois somos todos irmãos e irmãs na única família humana”.
O Papa enfatizou a necessidade de resistir a práticas que favoreçam a “arrogância nos homens”, que causem feridas ou desprezem as mulheres ou ainda ameacem a vida dos inocentes nascituros. Francisco afirmou que os cristãos são chamados a respeitar e encorajar uns aos outros e a aproximarem-se de todos os necessitados.
“As famílias cristãs têm esta missão especial: irradiar o amor de Deus e difundir a água vivificante do seu Espírito. Isto é particularmente importante hoje, porque assistimos ao crescimento de novos desertos criados por uma cultura de materialismo e indiferença para com os outros”, destacou.
Apelo especial aos jovens
Dirigindo-se de modo especial à juventude queniana, o Pontífice pediu que os valores da tradição africana, a sabedoria e a verdade da Palavra de Deus e o idealismo generoso dos jovens os guiem no compromisso de formar uma sociedade cada vez mais justa, inclusiva e respeitadora da dignidade humana. “Tende sempre a peito as necessidades dos pobres e rejeitai tudo aquilo que leva ao preconceito e à discriminação, porque estas coisas – como sabemos – não são de Deus”, exortou.
Por fim, Francisco convidou os presentes a serem “discípulos missionários, homens e mulheres que irradiem a verdade, a beleza e a força do Evangelho que transforma a vida”.
O Papa concluiu a homilia com uma saudação em Swahili: Mungu awabariki! Mungu abariki Kenya! , que quer dizer: Deus vos abençoe! Deus abençoe o Quênia!
Uma curiosidade dessa Celebração Eucarística foi a Mitra utilizada pelo Pontífice. Um presente do bispo de Maralal, Dom Virgilio Pante, a Mitra foi confeccionada com lã de ovelha, inspirada na fala de Francisco na Missa da Quinta-feira Santa, quando o Papa disse que o Pastor precisa ter o cheiro das ovelhas.
O próximo compromisso do Papa acontece às 10h45 (horário de Brasília). Será um encontro com o clero, religiosos, religiosas e seminaristas do Quênia, no campo esportivo da Escola St. Mary’s.