Para celebrar a memória litúrgica de São João Paulo II, neste domingo, Santuário de Fátima expõe relíquia do santo e prepara celebrações
Da redação, com Agência Ecclesia
Neste domingo, 22, a Igreja Católica recorda a memória litúrgica de São João Paulo II, canonizado no dia 27 de abril de 2014 no Vaticano.
Para assinalar a data, o Santuário de Fátima, em Portugal, vai acolher neste final de semana uma relíquia do santo, que ficará exposta à veneração dos fiéis na Capela da Ressurreição de Jesus no sábado e domingo, 21 e 22.
O acolhimento da relíquia será no sábado na Capelinha das Aparições, onde haverá a oração do Terço. Em seguida, será conduzida à Capela da Ressurreição de Jesus, no piso inferior da Basílica da Santíssima Trindade.
Depois de permanecer no local também no domingo, às 18h30 (hora local) a relíquia será levada à Basílica de Nossa Senhora do Rosário, para a Missa votiva de São João Paulo II. A celebração será presidida pelo diretor do Serviço de Liturgia, padre Sérgio Henriques, e contará com a especial participação dos acólitos que participaram nas celebrações das três visitas que João Paulo II realizou ao Santuário de Fátima em 1982, 1991 e 2000.
A presença desta relíquia em Fátima deve-se essencialmente à profunda ligação existente entre São João Paulo II e Fátima, que o Santuário procura também sublinhar neste ano do Centenário.
João Paulo II e Fátima
A forte devoção de Karol Wojtyla à Nossa Senhora começou desde jovem. Após a morte de sua mãe, quando ele tinha 9 anos, Karol passou a visitar frequentemente a Igreja paroquial e habituou-se a confiar todas as suas preocupações e anseios à Virgem.
Mais tarde, quando foi nomeado bispo, escolheu para as suas armas episcopais, a letra M junto à cruz e o lema Totus Tuus (Todo Teu), como sinal de total entrega a Maria. E com frequência o então bispo e cardeal de Cracóvia era visto no Santuário da Virgem Negra de Czestochowa, ajoelhado aos pés da Rainha da Polônia. A devoção de João Paulo II a Nossa Senhora sempre foi evidente.
Depois do atentado, que por muito pouco não o matou, na praça de São Pedro, a 13 de maio de 1981, o Papa agradeceu à Virgem de Fátima por lhe ter salvo a vida.
No ano seguinte ao atentado, foi a Fátima agradecer a especial proteção: “Vi em tudo o que foi sucedendo − não me canso de o repetir − uma especial proteção materna de Nossa Senhora. E por coincidência − e não há meras coincidências nos desígnios da Providência divina − vi também um apelo e, quiçá uma chamada de atenção para a mensagem que daqui partiu”.
Com efeito, todo o Pontificado de João Paulo II foi intimamente ligado à mensagem de Fátima. Os esforços do Papa em cumprir todas as indicações que a Virgem deixou aos pastorinhos tiveram o seu ponto alto no ato de consagração celebrado em Roma, a 25 de março de 1984, em união com todos os bispos do mundo.
Para presidir a esta celebração, o Santo Padre pediu que a imagem original da Virgem de Fátima fosse levada a Roma. No dia seguinte, João Paulo II entregou ao Bispo de Leiria, Dom Alberto Cosme do Amaral, uma pequena caixa com “um presente para Nossa Senhora”. Comovido, o bispo abriu a caixa e constatou que se tratava da bala que tinha atravessado o corpo do Papa. Esta está encastoada no interior da coroa preciosa que se coloca na Imagem de Nossa Senhora nos dias 13, de maio a outubro, e noutras solenidades especiais, como a Imaculada Conceição e a Assunção de Nossa Senhora.
Dez anos após o atentado, João Paulo II voltou a Fátima. Desta vez, além do aspecto pessoal, o Papa teve outros motivos para agradecer à Virgem. O muro de Berlim já não existia e os países de Leste abriam nessa época as portas à estabilização da democracia. Neste contexto, o Santo Padre foi ao Santuário “a fim de agradecer a Nossa Senhora a proteção dada à Igreja nestes anos, que registraram rápidas e profundas transformações sociais, permitindo abrirem-se novas esperanças para vários povos oprimidos por ideologias ateias que impediram a prática da sua fé”.
Em 13 de maio 2000, ano em que é revelada publicamente a terceira parte do segredo de Fátima, João Paulo II voltou ao santuário da Cova da Iria e beatificou os pastorinhos Francisco e Jacinta Marto.
Nas palavras proferidas pelo cardeal Sodano, a proteção dada ao Papa “parece ter a ver também com a chamada terceira parte do segredo de Fátima”, referindo claramente o atentado sofrido por João Paulo II em 13 de maio de 1981 e “a mão materna” que permitiu que o Papa agonizante se detivesse no limiar da morte.