A Academia Pontifícia das Ciências, da Santa Sé, entregou nesta segunda-feira, 4, um relatório ao Papa Francisco sobre o tráfico de pessoas no mundo. O documento foi elaborado a pedido do Santo Padre e contou com a colaboração da Federação Mundial das Associações de Médicos Católicos.
“Penso que o Papa fará algo importante com este material, uma mudança radical”, afirmou o chanceler das Academias Pontifícias das Ciências e das Ciências Sociais, Dom Marcelo Sánchez Sorondo.
O chanceler declarou que os trabalhos deixaram muitas propostas para enfrentar uma “situação dramática”, em particular no que diz respeito à prostituição. “Alguns observadores acreditam que o tráfico humano irá ultrapassar o tráfico de drogas e armas em dez anos, tornando-se a atividade criminosa mais lucrativa no mundo”, indicou.
A Organização Internacional do Trabalho estima que existem mais de 20 milhões de pessoas sujeitas a trabalho forçado e cerca de dois milhões são forçadas a prostituição. Outra preocupação apresentada pelo Vaticano foi o tráfico de órgãos, que envolve cerca de 20 mil pessoas anualmente.
O presidente da Federação Mundial das Associações de Médicos Católicos, José Maria Simon Castelvì, declarou ser necessário uma “mudança de época” em relação a prostituição. “Há séculos que se tolera, mas a prostituição deve desaparecer”, acrescentou.
O presidente da Pontifícia Academia das Ciências, professor Werner Arber, afirmou que as várias formas de “manipular os seres humanos por interesse econômico são consideradas formas modernas de escravidão”. E o desejo do Papa é unir esforços para combater todas essas formas de escravidão.
Em maio deste ano, durante audiência aos responsáveis do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, o Papa condenou o tráfico de seres humanos, afirmando ser para a sociedade uma “vergonha”.
“O tráfico de pessoas é uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas: exploradores e clientes, a todos os níveis, deveriam fazer um sério exame de consciência diante de si e diante de Deus”, declarou o Papa.
De acordo com os responsáveis da Academia Pontifícia das Ciências, as questões do trabalho forçado, prostituição, tráfico de órgãos e outros tráficos criminosos serão debatidos em uma conferência global, em 2015.