Debate nas Nações Unidas, na última sexta-feira, discutiu importância do diálogo inter-religioso na agenda de desenvolvimento pós-2015
Rádio Vaticano
A importância do diálogo inter-religioso na agenda de desenvolvimento pós-2015 foi tema de debate na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, na última sexta-feira, 27. O Observador Permanente da Santa Sé na ONU, Dom Bernardito Auza, falou, antes de tudo, do papel das religiões na conquista do primeiro e fundamental objetivo: a erradicação da pobreza.
“Por que uma enorme instituição financeira como o Banco Mundial ou uma grande organização internacional como as Nações Unidas se devem voltar para as religiões e suas organizações para melhor assegurar a realização dos objetivos de desenvolvimento sustentável?” – questionou Dom Auza. Certamente, respondeu ele, pelo reconhecimento das contribuições das religiões e suas organizações para a vida dos indivíduos e das sociedades, em particular, do apoio que prestam àqueles que tentam emancipar-se das várias formas de pobreza extrema.
Luta contra a pobreza
De fato, observou Dom Auza, segundo o Presidente do Banco Mundial, Jim Kim, mesmo com as previsões mais otimistas de crescimento para os próximos 15 anos, o mundo ainda não conseguiu erradicar a pobreza extrema. Dos 14,5% atuais da população mundial extremamente pobre, o número só poderia ser reduzido para 7% até 2030. “Contudo, com a colaboração de organizações baseadas na religião e outras organizações civis, podemos reduzir esse número para 3% em 2030. Em números reais, isso é uma contribuição significativa”, afirmou o Arcebispo.
Bússola moral
Dom Auza disse ainda que as religiões e organizações confessionais, apesar das suas contribuições, não pretendem ser o que não são. Do ponto de vista cristão, não são entidades econômicas ou políticas; não são um Banco Mundial paralelo nem uma Organização das Nações Unidas, nem são idênticas a simples ONGs. A sua força, disse, não está nos recursos materiais ou conhecimentos científicos, mas no fato de que são uma força espiritual e uma bússola moral, de capacitar indivíduos e sociedades a reconhecer e respeitar a dignidade inerente a cada pessoa humana.
Ao trabalharem para libertar os povos da pobreza, as religiões e organizações baseadas na fé lutam para resolver as causas estruturais da pobreza, a injustiça e a exclusão, disse o diplomata vaticano, citando o Papa Francisco, que exorta a dizer ‘não’ a um sistema financeiro que governa em vez de servir, um sistema que produz desigualdades ao invés de prosperidade partilhada.